... Ontem fui à igreja. Momentos bons eu e minha família passamos. Em meio a homens de bem, a crianças puras que corriam nos corredores do templo, em meio a hinos de letras simples e ritmos fortes, lá estava eu a pensar, no cantinho, de cabeça baixa, de joelhos, e ao poucos observando cada um daqueles que clamavam e até mesmo gritavam um só nome e uma só expressão: “em nome do Senhor Jesus...”
E assim, pude, como filósofo, enriquecer minha alma, mesmo que não estando em “minha praia”. Na realidade, a praia do homem que busca a Deus são todas e nenhuma. Todas, pelo fato de sempre observar a essência em tudo, e em nenhuma, por não ser eclético ou preso a algo volúvel. “O ser eclético é como aquele que suporta até mesmo baratas e ratos em sua própria casa”, dizia um grande mestre e amigo.
Queria dizer o mestre que temos que ter referenciais em nossas vidas pelos quais viver, caso contrário, em nossas vidas, coisas que não nos interessa em nosso Caminho surgirão e nos atrapalharão na “subida”, ou mesmo, nos farão presos graças a uma persona volúvel ao que é mal.
Na Igreja
Voltando à igreja. Pude ouvir histórias de pessoas que testemunharam “milagres” em suas vidas – o que para um filósofo não há, pois o milagre é tão natural quanto o próprio ar que respiramos. O milagre a que se referiam era o Desconhecido. E nele residia a força e o dedo de Deus. Ao filósofo, em tudo, em exatamente tudo, há Deus, assim, portanto, não há que se vislumbrar facilmente pelo que escutamos, vemos, apenas questionar a razão de seus acontecimentos, se são ou não humanos (forçosos) ou realmente divinos (ou seja, naturais).
E o que eu ouvi eram divinos, mais que isso, havia a força idealística presente em pessoas que possuíam a fortaleza interna, tal qual os grandes homens do passado – como os generais, os capitães e heróis que se saciavam com a liberdade de seu povo e que, mesmo sob algemas e torturas, jamais deixavam seu ideal... No entanto, naquele templo, do mais simples ao mais rico, todos eram crentes, não filósofos, cada um possuía ideais gêmeos – o de encontrar Cristo no Céu.
Mesmo assim, o que eu ouvi foi a história de mulheres que usaram de sua feminilidade para ser mulheres, não seres que competem, que ganham, que perdem, mas principalmente seres que conseguem ser o que são em um mundo tão machista e perverso. Ouvi histórias de grandes homens, embora não tão grandes em estatura, revelavam-se forte em caráter, e fiéis aos seus princípios os quais foram moldados ali, em conjunto com outros homens que acreditaram nele e em sua força de vontade para prosseguir na vida com seu Mestre no coração.
O bom de encontrar uma linha que nos faça seguir um norte é saber que essa linha nos faz homens e mulheres de bem, acreditando ou não em paraísos celestes.
Filosofia...
Pensei na semântica da vida. Por mais engraçado que fosse, pensei em coisas paralelas ao que se clamava naquele templo. Em coisas simples: como a planta que nasce e precisa da água para crescer; precisa da música para se alegrar, do sol para ser forte... Engraçado, não...? Semelhante a nós em alguns aspectos..
Todavia, a nossa água se chama espiritualidade, amor, vida... A nossa música, infelizmente, essa vem de pessoa para pessoa; mas Platão, na República, Livro Sete, nos diz que a música deve ser necessária à Educação, que, por sua vez, deve ser dada ainda quando no ventre da mãe. Por isso, qualquer música, nesse sentido, é perigoso. Que tal Bach rs ?
Pensei nos grandes homens que se ajoelhavam antes da batalha, e eu, lá estava, a repetir o mesmo ato do grande Julio César, do grande Henrique V, do grande Rei Artur! Foi muita emoção.
A minha batalha, no entanto, seria a do outro dia, não tão cheia de guerrilhas e homens caindo ao chão, ou cheia de palavras que davam forças aos soldados, mas, sim, de uma batalha cheia de guerras naturais, daquelas que se olha no olho do inimigo, sorri, volta a batalhar. A minha batalha seria contra o instinto que se infiltra nas redes sociais cheias de resquícios de um mundo que se acaba em pornografias, em mortes de jovens em tenra idade, de filhos que se vão antes dos pais, de pais que são obrigados a matar o filho por este ser um viciado, e outras batalhas... A minha batalha é a do homem em pagar suas contas, em preocupar-se com o filho, com a esposa, com a família que está longe, com todos... Enfim, é uma guerra.
Sei eu que tais batalhas talvez sejam mais árduas e difíceis pelo fato de não estarmos preparados para o dia a dia, ao contrário dos grandes que eram preparados desde criança para a guerra, mas posso me referenciar nos grandes de maneira a me preparar para as minhas, e quem sabe ser vitorioso em algumas.
Simbolismo Revelado
Simbolismo Revelado
E cantaram músicas de louvor, e agradeceram, e se exaltaram em orações e mais hinos. Do lado direito, da igreja, homens com seus ternos e gravatas clássicos; do esquerdo, mulheres e crianças, clamando o nome do Leão de Judá, do Nazareno, do Galileu, do Filho de Deus, de Cristo...
Véus cobriam a cabeça daquelas senhoras em um ato simbólico de respeito à Entidade maior, ato esse tão simbólico e profundo que nem eles mesmos sabem dizer o porquê. E no fim, atos de ósculos na face entre os homens, algo que poderia dar meia dúzia de páginas em explicações. Mas, para eles, entre eles, como um igreja que se une à tradição literalmente, deve-se apenas imitar os apóstolos cristãos, sempre seguido da senha que os caracteriza: "em nome do Senhor".
O aprendizado
Precisamos entender que água é essa que corre em nossas veias, dessa semântica perfeita que nos faz buscar o precioso dom de estar bem ou mesmo simplesmente viver em função de algo. Precisamos entender o porquê dessa busca infindável pela perfeição, que nos faz mais perto dos grandes que vieram com apenas uma função, dizer que precisamos ser mais humanos e melhores, como passo fundamental em nossa grande jornada frente à vida.
Por essas e mais outras é que foram criados os mitos, os simbolos, pontes necessárias à compreensão e à aproximação dos mestres, dos quais tiramos lições práticas de como se portar ante o universo que nos comporta como seus pequenos grãos de areia. Contudo, até mesmo o grão possui a beleza da justiça, do amor, e da singularidade de ser o que é.
Aquela planta que precisa de água somos nós. A semântica a que me referi era a alma, que singra os mares da vida em busca do espírito, que, por mais simples que vivenciamos, ainda é uma incógnita, mas, na realidade, permeia em nossos seres tais quais a energia que flui no universo, sim, pois somos um miniuniverso em busca de explicações acerca de nossa existência, de nossos sofrimentos, somos budas que se calam, que manifestam, que se encontram em igrejas, na tentativa de responder nossas perguntas mais intimas... Somos, também, pontes nas quais correm rios de vida.
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