quinta-feira, 18 de agosto de 2011

Um Mundo Melhor para Meu Filho



Ao chegar ao trabalho, ligo meu computador. Nele, depois da bendita senha, aparece-me o papel de parede: a terra pendurada no grande espaço pelos fios invisíveis da gravidade, e, em torno dela, seu satélite natural, a lua. Como fico vislumbrado com a cena! Uma bola azul, com terras em relevo, habitada por bilhões de pessoas de todos os níveis, de todas as esferas, e tipos! Como somos muitos, meu Deus! E, de presente, um ser mais belo ainda rondando, porém, menor, brincando em torno do grande planeta, como se fosse uma filha eterna, brincando com a mamãe... Na realidade, a lua é mais velha do que a terra.

Mas não venho com o propósito de levar a todos informações poéticas ou científicas acerca do que a terra é ou não. Gostaria muito, no entanto, vem-me mais a vontade de trazer à tona meus pensamentos acerca dos homens, os quais estão sendo responsáveis pela deterioração das sociedades e do próprio mundo, e da humanidade...

Tudo se inicia quando saio de casa, e vejo pessoas comuns jogando lixo fora do ônibus, ou antes disso, vejo paradas de ônibus lotadas de entulhos da noite anterior, na qual pedintes aproveitam para fazer no público o que se faz no privativo, e nós, seres que almejam uma sociedade limpa e consciente, nos deparamos com o odor do lixo, das fezes, às vezes, do próprio homem jogado em meio ao que ele mesmo chama de morada.

E passando pelos lugares mais simples, percebo que somos complacentes com o que passamos e choramos. Em rodoviárias, crianças correm de um lado para outro, com vidros de cola (de sapateiro!) ao ar livre como se estivéssemos no apocalipse, a observar a destruição, sem fazermos absolutamente nada! Essa criança, talvez, seja fruto de uma educação esmerada no interesse de poucos, os quais se alojam em suas casas e, com certeza, estão dizendo “ O ser humano é complicado!...”.

Não menos longe do que isso, pessoas de todos os níveis agarram-se em suas bolsas como se fossem suas vidas ou filhas, presas embaixo dos braços. Os homens, sem o medo aparente, observam e sorriem pelo ato ou se preparam para uma luta corporal caso necessário for, com uma criança, com um jovem ou mesmo uma menina com intenções terceiras.

Mais acima, no shopping, o policial, fardado até o nariz, torce para que nada ocorra fora do costume: sem correria atrás de jovens que levam mercadorias sem pagar, de senhoras que “esquecem” o cartão em casa e levam blusas, vestidos escondidos em suas grandes bolsas de passeio, enfim, o policial, mais inseguro e despreparado que crianças em sua primeira visita à creche, percebe que seu potencial não vai além de sorrir ao público e dar informações.


Não sei até que ponto, mas a insegurança tomou conta dos olhos, do corpo, e, antes de tudo, de nossa mente, graças ao quesito educação, pela qual a maioria dos homens de bem luta fervorosamente a fim de que se concretize e realize ante nossos olhos e mentes. Porém, o que se vê são disputas, são jogos, são formas de manipulação de ideias; são racionalidades voltadas a desculpas pelo grande ministro que roubou milhões, pelos juros que devem ser altos, pelas algemas que foram colocadas no graúdo que foi preso... A educação não existe.

O que se vê é uma educação genocida de gerações que amam seus pais, contudo, são obrigadas a ter ódio destes por não possuírem, em casa, seu computador, seu carro, sua internet, e, quando o tem, não sabem se direcionar em uma pesquisa, em diálogos, em amizades, mas destruírem-se em sites de relacionamentos, que são ferramentas duais, mas que, até hoje, ninguém as educou para tanto.

E assim, prossegue o pai, na tentativa de aprender o que significa internet, donlowad, Java, etc, apenas para se infiltrar no novo mundo... Aonde vamos? E pra quê? A incredulidade nasce graças a uma educação suicida, a qual abastece os lares de dor, quando o jovem se vê longe de encontrar alguém para um diálogo maduro e sensato, o que não acontece.

E continuo em minha caminhada, e leio os jornais... Não sei se os jornais são frios o bastante, mas o que percebo é que notícias descalabrosas estão sendo veiculadas como em concursos nos quais quem as divulga se sente honrado em levar o pior, o triste, o horrendo ao expectador, mas, sendo o primeiro a fazê-lo, leva a melhor: a audiência, a melhor critica, o melhor texto... Enfim, as mortes, as dores, o sofrimento humano estão se tornando manchetes não pelo fato de serem o que são – aberradores e tristes por natureza e que deveriam ser reflexos para uma sociedade decadente, e não pontes para a hipocrisia de muitos que querem se erguer com tudo que é triste.

Não apenas por isso. Percebo, no olhar das pessoas por que passo, que não sabemos mais refletir. Quando acontece algo em um país corrupto, muitos se deliciam, se elevam, deixando o fel nas palavras propiciando mais dores involuntárias àqueles que não têm nada a ver com o problema naquele país. E em países grandes cuja economia desacelera, ou mesmo há o principio de queda em suas finanças, há grupos que acreditam que tal problema deveria ter ocorrido de forma merecida, desconhecendo a história do país em questão.

E quando há noticias que se referem à prisão de homens que por milênios foram responsáveis por genocídios coletivos, e que sua história era construída pelo mal que fizera, tenho mais medo ainda: há seres que participam da história, apoiando o ditador, revelando uma humanidade em crise de identidade... Pois não se apoia democrata, anarquista, comunista que se firmaram nas costas de seres inocentes; não se apoia o grande vereador, governador ou presidente que ergueu, por meio ilícitos, pontes, edifícios, estradas, e que, em sua trajetória, um dia, fez “algo” pelo seu povo, muito menos um ditador!

O povo, em si, não merece falsos governos, penso. No entanto, enquanto houver sistemas que os fazem reeleger-se, haverá sempre a falácia de que “quem um dia fez algo pelo povo, pode assaltá-lo, roubá-lo, assassiná-lo da mesma forma”, ou mesmo outra falácia que virou cultura em países de terceiro mundo: “Eu roubei, mas eu peço perdão em público; eu roubei, mas eu reconheço que sou culpado”. O mesmo sistema vai criando uma cultura de isolamento e humilhação, na mesma proporção dos sistemas eleitorais democráticos, que se subjugam os melhores.


Folheio os jornais e percebo que o estrago é maior. Uma foto de um urso polar solitário, em cima de um pequeno iceberg, em meio a uma antiga geleira que fora no passado, não muito remoto, um grande tapete de gelo... E a exposição continua: fotos de lixos nas ruas, “enfeitando” cidades grandes, além do trânsito caótico, dos cartazes de candidatos que não os retiram nem com rezas fortes, poluindo, desde as eleições, a modernidade cruel dos edifícios – ninguém sabe o que é pior!

E minha caminhada pelo mundo de meu Deus continua.

Volto no próximo texto...

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