O que sou? |
Hoje não se fala em outra coisa senão celular, Ipods,
Tablets, Televisões de LCD, computadores de bolso, livros de bolso, como se
nada mais houvesse além disso, de modo que mergulhamos como crianças nessas
invenções como em piscinas em verões ensolarados, ou muito pior. Hoje, milhões
de pessoas desfrutam dessas grandezas tecnológicas e perdem, com o tempo, o que
realmente importa... a Identidade.
Um dia, um professor me disse que temos vários “eus” – ou identidades
internas, em nossa grande personalidade. Para ilustrar, seria como vários
círculos dentro de um maior, fazendo seu papel para a grande mãe que se compõe de
vícios, ou não.
A grande personalidade acima referida, segundo os gregos,
seria a máscara de nossas vidas, a qual, com sua cortina, em forma de corpo, de
pele, de ossos, e sentimentos, tapa o que realmente somos: o grande EU, a identidade
real, aquele que se esconde dentro dos porões naturais de nossa alma, ou mais
ainda. Como se fosse um elo entre o homem e o universo, o Eu, hoje em dia,
torna-se apenas uma mera divulgação religiosa entre aqueles que supõe saber o
que realmente são.
As especulações sempre vão continuar, pois somos
especuladores naturais de algo, principalmente quando não conhecemos... Falamos
do céu e do inferno, de fantasmas, de seres de outro mundo, e saímos de nossas
esferas para falar de ETs.
Tais seres, no entanto, para muitos, seria uma ilusão criada
pela grande persona como forma de se
enganar em seu real caminho. O caminho do Eu. Atualmente, vê-se que os
fantasmas são outros...
Fantasmas do Dia a Dia
... E hoje, como grandes fantasmas incompreensíveis, filhos
da tecnologia tomam campo e nos fazem amá-los, não detestá-los, ou mesmo deles
correr. Assim como os grandes mistérios que se vão, elementos criados pelos
homens substituem aqueles que precisam ser identificados – como a própria vida,
a própria morte, etc – e nos tiram a identidade. Ou mais. Direcionam-nos a uma
espécie de caminho virtual sem fim, desconfigurando o que tanto tínhamos
buscado e realizado desde que somos homens...
Talvez eu esteja exagerando. Há alguns que demonstram a
complacência em saber harmonizar suas idéias, seus mundos. No entanto, sabemos
que esses alguns são parte de uma realidade que pode se transformar naquilo que
tanto o virtual quer. Isto é, uma outra pessoa.
E consegue... Milhões de celulares, iphones, tablets e seus
derivados são pontes de um mundo irreal do qual não saimos, do qual somos
apenas seres que neles adentram com um “eu” enraigado de dores do mundo real.
Um “eu” cansado das lhanuras de um mundo infiel aos seus princípios, os quais
nos desnorteiam e nos descaminham do nosso real objetivo... Ser humano.
Prova disso são pais e mães que não mais dialogam com os
filhos como antes; homens e mulheres que, em parques de diversões, preferem
ficar antenados ao facebook, ao twiter, ao Orkut, ao sms, deixando seus filhos
de lado, como se não existissem.
Infelizmente, a prova maior dessa grande ignorância acerca da
nossa identidade é usufruir em conjunto com nossos pares uma realidade que não
existe. Dela saímos “felizes” graças aos valores que nos trazem: a liberdade em
excesso, o comungar de valores criados do nada, a filosofia do nada, a sociabilidade
do nada, a amizade...
Uma amizade feita sem o estreito conhecimento das partes,
mesmo porque não nos interessa, pois o que importa é satisfazer uma
personalidade vazia de ideologia, que fica a cargo de elogios às vezes pelo que
se coloca em rede, pelo que se diz, pelo que se mostra... ou seja, lá vem
apologia sexual envernizada de pernas e olhares sensuais, como se fosse o cume de
um processo civilizatório... E é.
Porém, um processo civilizatório recheado de homens e
mulheres que buscam, incansavelmente, vender e dar seus corpos abertos em
propagandas mais incansáveis ainda... Assim, criam-se sociedades virtuais de
modo tão natural quanto o nascimento de um peixe nágua. Assim, revelam-se todos
o que pensam e fazem dentro de um mundo no qual não somos nós mesmos... É só
refletir em cima disso.
Fantasia e realidade: falsos amigos, falsa identidade...
Tive a oportunidade de conversar com uma pessoa que se mostra
em rede como se fosse uma estrela de novela ou mesmo uma coelhinha da Playboy em sem seu site pessoal, o
Facebook. Essa, dona de casa e mãe de uma filha linda, escolhe fotos sensuais,
das mais incríveis, com o intuito de revelar-se como, além de mãe, além de
mulher, uma dessas que podem demonstrar, em meio a tudo e a todos, seus dotes
de uma mulher de trinta anos.
Se perguntar o que faz em sua vida real, diz-me que sua vida
é uma das mais apaziguadoras possíveis, pois ama a família, sua filha, seus
afazeres de dona de casa, sua casa, e, com o pouco tempo que tem, faz o que um
grupo de amigos em rede mais gosta: posta suas imagens para serem observadas e
elogiadas, em um meio que, segundo pude constatar, palavras de baixo calão de indivíduos
sem rostos, ou de rostos monstruosos, parecem bichos saboreando a presa ao
longe.
Em sua opinião? Nada. Sua opinião é de uma pessoa cuja
natureza revela-se tão sem caminho ao real, que não há palavras em sua boca que
sejam aproveitadas, pois se acostumara à falsa identidade, aos falsos amigos,
ao falso mundo...
Hoje, sem ferramentas para lidar com este mundo, usa apenas duas
palavras: “ridículo” e “hipócritas”, como se fossem as únicas palavras do
mundo, advindas de uma faculdade chamada televisão, de uma disciplina chamada
novela...
Enfim, este talvez seja um dos milhões de exemplos que
circulam nas redes sociais. Delas nascem e crescem seres que precisam dela sair,
e morrem antes mesmo de serem sepultadas.
A felicidade
A contínua alegria em rede é, como dito, alegria não
encontrada fora dela. Mas como podemos encontrar alegria ou mesmo a grande
felicidade de nossas vidas, se as telas nos devoram todos os dias ditando o que
podemos ser e que alegria podemos ter? é covardia.
Hoje, com meu filho e esposa lindos à minha espera nos
portões de minha casa, sinto que nenhuma internet pode me dar o que realmente
quero. Quando olho, em minhas caminhadas, o sol que se levanta, ao passo seus
raios em minha pele, em meu coração, em minha alma; quando vejo a vitória nos olhos
dos jovens que vão à luta, e conseguem “dominar” o mundo... Quando vejo o mundo
mudar com ações dignas, acredito que estão nascendo senhores de si mesmo, com
reais princípios, não com opiniões nascidas em um mundo virtual, do qual não se
encontram vitórias, mas derrotas revestidas de alegria.
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