terça-feira, 3 de julho de 2012

Identidade, Personas e Falsos Mundos... (i)

O que sou?

Hoje não se fala em outra coisa senão celular, Ipods, Tablets, Televisões de LCD, computadores de bolso, livros de bolso, como se nada mais houvesse além disso, de modo que mergulhamos como crianças nessas invenções como em piscinas em verões ensolarados, ou muito pior. Hoje, milhões de pessoas desfrutam dessas grandezas tecnológicas e perdem, com o tempo, o que realmente importa... a Identidade.

Um dia, um professor me disse que temos vários “eus” – ou identidades internas, em nossa grande personalidade. Para ilustrar, seria como vários círculos dentro de um maior, fazendo seu papel para a grande mãe que se compõe de vícios, ou não.

A grande personalidade acima referida, segundo os gregos, seria a máscara de nossas vidas, a qual, com sua cortina, em forma de corpo, de pele, de ossos, e sentimentos, tapa o que realmente somos: o grande EU, a identidade real, aquele que se esconde dentro dos porões naturais de nossa alma, ou mais ainda. Como se fosse um elo entre o homem e o universo, o Eu, hoje em dia, torna-se apenas uma mera divulgação religiosa entre aqueles que supõe saber o que realmente são.

As especulações sempre vão continuar, pois somos especuladores naturais de algo, principalmente quando não conhecemos... Falamos do céu e do inferno, de fantasmas, de seres de outro mundo, e saímos de nossas esferas para falar de ETs.

Tais seres, no entanto, para muitos, seria uma ilusão criada pela grande persona como forma de se enganar em seu real caminho. O caminho do Eu. Atualmente, vê-se que os fantasmas são outros...

Fantasmas do Dia a Dia

... E hoje, como grandes fantasmas incompreensíveis, filhos da tecnologia tomam campo e nos fazem amá-los, não detestá-los, ou mesmo deles correr. Assim como os grandes mistérios que se vão, elementos criados pelos homens substituem aqueles que precisam ser identificados – como a própria vida, a própria morte, etc – e nos tiram a identidade. Ou mais. Direcionam-nos a uma espécie de caminho virtual sem fim, desconfigurando o que tanto tínhamos buscado e realizado desde que somos homens...

Talvez eu esteja exagerando. Há alguns que demonstram a complacência em saber harmonizar suas idéias, seus mundos. No entanto, sabemos que esses alguns são parte de uma realidade que pode se transformar naquilo que tanto o virtual quer. Isto é, uma outra pessoa.

E consegue... Milhões de celulares, iphones, tablets e seus derivados são pontes de um mundo irreal do qual não saimos, do qual somos apenas seres que neles adentram com um “eu” enraigado de dores do mundo real. Um “eu” cansado das lhanuras de um mundo infiel aos seus princípios, os quais nos desnorteiam e nos descaminham do nosso real objetivo... Ser humano.

Prova disso são pais e mães que não mais dialogam com os filhos como antes; homens e mulheres que, em parques de diversões, preferem ficar antenados ao facebook, ao twiter, ao Orkut, ao sms, deixando seus filhos de lado, como se não existissem.

Infelizmente, a prova maior dessa grande ignorância acerca da nossa identidade é usufruir em conjunto com nossos pares uma realidade que não existe. Dela saímos “felizes” graças aos valores que nos trazem: a liberdade em excesso, o comungar de valores criados do nada, a filosofia do nada, a sociabilidade do nada, a amizade...

Uma amizade feita sem o estreito conhecimento das partes, mesmo porque não nos interessa, pois o que importa é satisfazer uma personalidade vazia de ideologia, que fica a cargo de elogios às vezes pelo que se coloca em rede, pelo que se diz, pelo que se mostra... ou seja, lá vem apologia sexual envernizada de pernas e olhares sensuais, como se fosse o cume de um processo civilizatório... E é.

Porém, um processo civilizatório recheado de homens e mulheres que buscam, incansavelmente, vender e dar seus corpos abertos em propagandas mais incansáveis ainda... Assim, criam-se sociedades virtuais de modo tão natural quanto o nascimento de um peixe nágua. Assim, revelam-se todos o que pensam e fazem dentro de um mundo no qual não somos nós mesmos... É só refletir em cima disso.

Fantasia e realidade: falsos amigos, falsa identidade...

Tive a oportunidade de conversar com uma pessoa que se mostra em rede como se fosse uma estrela de novela ou mesmo uma coelhinha da Playboy em sem seu site pessoal, o Facebook. Essa, dona de casa e mãe de uma filha linda, escolhe fotos sensuais, das mais incríveis, com o intuito de revelar-se como, além de mãe, além de mulher, uma dessas que podem demonstrar, em meio a tudo e a todos, seus dotes de uma mulher de trinta anos.

Se perguntar o que faz em sua vida real, diz-me que sua vida é uma das mais apaziguadoras possíveis, pois ama a família, sua filha, seus afazeres de dona de casa, sua casa, e, com o pouco tempo que tem, faz o que um grupo de amigos em rede mais gosta: posta suas imagens para serem observadas e elogiadas, em um meio que, segundo pude constatar, palavras de baixo calão de indivíduos sem rostos, ou de rostos monstruosos, parecem bichos saboreando a presa ao longe.

Em sua opinião? Nada. Sua opinião é de uma pessoa cuja natureza revela-se tão sem caminho ao real, que não há palavras em sua boca que sejam aproveitadas, pois se acostumara à falsa identidade, aos falsos amigos, ao falso mundo...

Hoje, sem ferramentas para lidar com este mundo, usa apenas duas palavras: “ridículo” e “hipócritas”, como se fossem as únicas palavras do mundo, advindas de uma faculdade chamada televisão, de uma disciplina chamada novela...

Enfim, este talvez seja um dos milhões de exemplos que circulam nas redes sociais. Delas nascem e crescem seres que precisam dela sair, e morrem antes mesmo de serem sepultadas.

A felicidade

A contínua alegria em rede é, como dito, alegria não encontrada fora dela. Mas como podemos encontrar alegria ou mesmo a grande felicidade de nossas vidas, se as telas nos devoram todos os dias ditando o que podemos ser e que alegria podemos ter? é covardia.

Hoje, com meu filho e esposa lindos à minha espera nos portões de minha casa, sinto que nenhuma internet pode me dar o que realmente quero. Quando olho, em minhas caminhadas, o sol que se levanta, ao passo seus raios em minha pele, em meu coração, em minha alma; quando vejo a vitória nos olhos dos jovens que vão à luta, e conseguem “dominar” o mundo... Quando vejo o mundo mudar com ações dignas, acredito que estão nascendo senhores de si mesmo, com reais princípios, não com opiniões nascidas em um mundo virtual, do qual não se encontram vitórias, mas derrotas revestidas de alegria.






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"É ótimo ter dúvidas, mas é muito melhor respondê-las"  A sensação é de que todos te deixaram. Não há mais ninguém ao seu lado....