terça-feira, 31 de julho de 2012

O Declínio das Instituições

Afundamos como árvores mudas a pedir socorro.




Quando ouço os grandes sindicatos nas ruas e suas falas em microfone, chamando os trabalhadores para uma greve, ou quando passo no meio da Esplanada dos Ministérios e vejo aqueles prédios enfileirados em nome da burocracia, além do próprio Congresso Nacional, que fica no meio deles, ornamentado com duas bacias, cada uma com um sentido diferente – emborcada para baixo e outra para cima – dá-me a perceber que estou transitando em meio a um mundo que não funciona, e que nasceu apenas para enfeitar os olhos da gente.

Já faz tempo que as instituições não funcionam. Todas elas, sem exceção, parecem trabalhar em conjunto com a finalidade de não satisfazer qualquer cidadão. Na Esplanada, os ministérios da Saúde, do Trabalho, da Ciência e Tecnologia, além dos outros não citados progridem para que o servidor ganhe menos, se vista mal, e entre em quadrilhas nas quais se ganha até o triplo do normal.

Da parte dos cidadãos que precisam daquele serviço, ou seja, do atendimento cortes, da amabilidade, muito mais que a prestação concreta do serviço, fica-se a desejar, pois não se tem respeito ou disciplina para receber ou tratar qualquer pessoa, seja em ministérios, seja em câmaras, senados, tribunais, enfim, além da grande burocracia real que assola os meios institucionais, temos o grande problema da humanidade – tratamento, comportamento, respeito, além da ética profissional e humana que não vigoram, graças à falta de educação para tanto.

No ramo da Saúde, temos os hospitais... Meu Deus! Quando me refiro a este, vêm-me à tona cenas horrendas de morte em corredores, de mulheres e crianças a pedir ajuda em meio ao caos da falta de médicos; das dores de mulheres grávidas em serviço de parto, com profissionais cuja paciência é tão inexistente quanto agulhas em deserto. Nesse ramo, até mesmo em serviços particulares, a precariedade assume o papel de médico. Resultado, a morte ronda sorridente como se estivéssemos em meio a uma batalha na qual somos apenas inocentes em busca de um general oculto...

Na Antiguidade...

Roma

Após tempos passados, Roma transformou-se num caos ideológico e partidário, na qual homens e mulheres foram tão culpados quanto qualquer general, qualquer senador. Digo porque a natureza de Roma era virtuosa, na qual a religiosidade imperava em qualquer das instituições, por isso, antes de entrar em decadência e ser levada no bico pelos cristãos, Roma foi uma das maiores cidades nas quais o homem pôde dizer com orgulho que um dia houve no mundo algo que realmente funcionou.

Não havia partidos como hoje, mas havia senadores os quais sabiam o que se passava com o povo, assim, em suas grandes experiências de pater-familia, tinham a possibilidades de dar a eles o que realmente necessitava. Para se ter uma ideia, houve uma época em que todos os cidadãos sabiam de seus direitos, e não eram poucos os cidadãos. Na realidade, havia a grande necessidade de todos se defenderem do próprio homem e ao mesmo tempo respeitar as grandes leis romanas.



Era uma falha enorme, e as sanções eram maiores ainda, quando um cidadão romano desfizesse de suas obrigações para com a mãe-Roma. Ir de encontro às leis era ir contra os deuses, e assim, a depender de quem as violasse teria todos os seus bens tomados pelo Estado. Até aí tudo bem, mas o pior viria depois. E esse castigo era muito pior que a morte. O cidadão que não cumprisse seu papel ou mesmo um grande general-guerreiro cujos atos fossem sem qualquer ideologia nos moldes romanos... Seria expulso da Cidade.

O amor a Roma era tão grande, que a consideravam como um paraíso terrestre, pois, ali, uma cultura que abrangia todas as culturas, respeitava-as, amava-as, e ao mesmo tempo retirava delas sua essência, poderia ser considerada por todos os cidadãos – até os atuais – como única. E realmente o era.

Não foi por acaso que Roma reinou durante séculos, e até mesmo seu jeito de combater, viver, ajudar, colonizar, nunca foram esquecidos. Prova maior eram seus soldados, que, com poucas ferramentas – digo, em relação aos soldados de hoje –, levavam mochilas, nas quais havia além de armas, também havia ferramentas para fabricar pontes, se necessário. Há países europeus que, por amor àqueles grandes homens, possuem, até hoje, estradas e pontes construídas há séculos.


Egito

Por falar em edificações, não poderíamos deixar de falar dos maiores e melhores profissionais e humanos que já tivemos no mundo, os egípcios, que um dia mostraram com seu trabalho a possibilidade de o homem unir-se ao sagrado de maneira tão viva e bela, através da construção das pirâmides – mais de duzentas em todo território egípcio – as quais, segundo contam “todos se preocupam com o tempo, e o tempo se preocupa com as pirâmides”, pois, pelo que nos passam, são eternas, sejam em simbologia, seja na edificação... Deixando rastros eternos de mistérios.

Não eram apenas as pirâmides que deram certo; na época dourada egípcia, o grande homem-deus, a instituição em pessoa, não falhava para com seu povo. Sempre havia comida, bebida, água, moradia, festas, educação, filosofia, teatros, tudo nos moldes daquele país.

Hoje, no entanto, buscamos apenas entender os mistérios de suas construções, o que sintetiza nossa ignorância, pois não aceitamos quando cientistas dizem que não havia escravidão à época, e que o cidadão egípcio trabalhava com Amor ao sagrado, sorridente, cheio de uma fé real que abarcava toda a nossa, que sempre pensou em retribuições financeiras após um dia de trabalho.

O cidadão era tratado como um ser sagrado, pois não era mal tratado, e sim como filho do faraó, que sempre o via como parte de seu corpo, e por isso o respeito e o amor a ele.


Democracia

Hoje, as instituições se baseiam em leis e artigos que se sintetizam a falha humana em respeitar as suas próprias leis. Pois quem as interpreta não é o povo, o mais digno a entender e ser respeitado, mas o senador, o deputado, o presidente, o governador, até mesmo o vereador corrupto, mas o povo, aquele para qual se deve governar, nunca, pois escolas são sinônimos de circo.

Quando nos deparamos com ONGs que roubam, ou sindicatos mentirosos, com homens que se infiltram na presidência apenas para ganhar o poder e nele traduzir sua espúria educação... Quando senadores idosos são pegos em armações milionárias e não são presos, ou deputados que se candidatam para fugir da polícia; quando tudo isso é posto em paralelo à educação nacional, à saúde decadente, à falta de cultura, de leitura, de amor, de respeito... A palavra Democracia se torna obsoleta, pois se torna sinônimo de continuidade de um mal voluntário.

Fica aqui o desejo de que voltemos nossas reflexões ao que tanto queremos e pedimos, respeito a nós mesmos, por meio da palavra, de nossos atos coerentes, de nossas andanças em meio a um sol quente, mas também fica aqui a dor de um dia morrermos e nunca ver um filho feliz pela falta de exemplos advinda daqueles que governam.

Isso, só nos livros.



Um comentário:

A Parte que nos Falta

"É ótimo ter dúvidas, mas é muito melhor respondê-las"  A sensação é de que todos te deixaram. Não há mais ninguém ao seu lado....