..e o que vejo. |
Vi alegrias aletrônicas e rostos
pálidos de dor atrás de monitores.
Vi suas fugas de uma realidade indigente, imoral e
corrupta, em televisões cheias de mais
irrealidades, ou realidades frias nas
quais se enclausuram apenas os fracos.
Vi os fracos se fazerem de fortes, como galinhas vestidas de
falcões.
Vi homens-abutres em lixos se fazendo de ricos pelos podres
limpos que encontram.
Vi famílias inteiras sorrindo com o pouco, com a dor do
vento na noite, ou na madrugada sonora.
Vi ricos-pobres calejados de sorrisos sem o porquê do
sorriso. Neles eu vi a farsa e a façanha de construir impérios como homens de
bem no passado.
Vi heróis em filmes a satisfazer o jovem impregnado de
juventude, mas idoso em atitudes heróicas.
Vi o conto eterno das crianças a se transformar em histórias
de aventuras ou de cunho sexual para alimentar a febre humana, reeducando os
filhos meus e seus.
Vi opiniões se transformarem em verdades, e estas a se
transformarem em artigo de luxo. E o luxo aos pobres de espírito sendo
negociado como armas a crianças...
Vi a paz arbitrária ser descoberta. Vi a guerra certa nas
mãos dos errados. Vi a morte em vida.
Vi cores sendo alvo de diferenças humanas. Vi a distância, a
separatividade em meios religiosos, quando falavam de Deus.
Vi da boca que beija palavras de desamor e guerra, e da
mesma boca o desafio ao pai e à mãe, que um dia dela cuidou.
Vi fortalezas fracas, e vi homens e mulheres como grandes
fortalezas; homens e mulheres que nunca caíram, apesar da batalha.
Vi o poder se transformar em política, e nesta vi crimes, quadrilhas,
máfias, pedófilos, e vi homens de bem a se transformar em vilões na história...
Vi a História ser apenas uma lembrança, não nossas origens, como forma
de recompor o nosso presente.
Vi o homem se esquecer do passado, do presente e do futuro.
Vi o homem levantar, do nada, edifícios sem base, sem
estruturas, sem humanidade, sem sacralidade, como no passado.
Vi pessoas sem amor, tão robóticas quanto suas criações a
palestrar acerca dos sentimentos humanos.
Vi os olhos humanos
mentirem, antes de acordarem.
Vi a tristeza tão forte em meu peito, que morrera em mim
mais de duas gerações, e toda forma de amor.
Vi a coragem ser chamada de medo, e vi o medo a se
transformar em armas, em casas cheias de grades, com cães, com cercas
elétricas, com o vazio nas ruas.
Vi a dúvida ao que
somos. Vi mitos serem chamados de mentiras, e mentiras levadas como verdades
naturais ao homem.
Ao homem
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