segunda-feira, 23 de julho de 2012

Por dentro da Caixa de Pandora



Esperança: um mal ou um bem?


Todos sabem que o mito sempre está à frente de tudo. Ainda há quem pense que o mito nada mais é que uma mentira inventada pelos gregos, com a finalidade de nos desviar das realidades a que vivemos. Digo que está mais pelo contrário da questão, que, se percebemos, nos revela que as ‘realidades’ a que nos submetemos são tão fantasiosas quanto qualquer história de criança.

Verdades políticas, religiosas, empresariais; verdades científicas, verdades bíblicas, enfim, meias verdades que se tornam verdades inteiras, em nome de poucos que obstruem a verdadeira realidade de muitos.

E quando tocamos em tais verdades, é possível nos embriagarmos com falácias e paródias que nos enfeitiçam e se tornam cotidianas, a ponto de ingerirmos como se o faz com o sal na comida, ou seja, sempre nos colocam para sentir o gosto das mentiras, misturadas com verdades reais em segundo plano. Então, a primeira premissa sempre vence...

MAS o mito de Pandora vem-nos alertar desse grande mal, e ao passo nos colocar em dúvida o questionamento acerca da Esperança, como se fosse algo que pode ou não ser benéfico aos homens. Além disso, ultrapassa o sentimento nosso diário de repensar o que somos e o que podemos fazer para melhorar esse mundo, a partir do momento em que sabemos que somos reais culpados pelas mazelas, advindas de nós mesmos, a própria Caixa.

O Mito

Zeus, antes de enviar Prometeu à cruz do sacrifício por seu roubo da chispa divina, inventou de dar ao deus um presente, uma deusa, confeccionada especialmente para ele, como se fosse algo maravilhoso; contudo, feita pelo barro de Vulcano, pela beleza de Vênus e esperteza de Hermes, Pandora (“a de todos os dons”) é enviada com uma Caixa a Prometeu, porém Epitemeu, seu irmão, cujo nome significa “aquele que pensa depois”, recebe-a pelos encantos da deusa, que, sem querer, deixa a bendita “Caixa” abrir-se. De dentro da grande Caixa de Pandora, saem todos os males aos homens, e em seu fundo, fica presa a Esperança.

Significa Base

Os males humanos, após a chispa divina, vieram e transformaram o mundo, as pessoas, suas direções, caminhos, ideais, de forma que a linha humana e dévica se distanciaram com o tempo. A Esperança, no entanto, como um grande benefício, digamos, ao homem, em meio às discrepâncias criadas, serviu e serve, até hoje, como alivio das tormentas que um dia podem terminar, ou quem sabe o próprio ser humano, baseado em premissas tradicionais, no grande legado deixado para ele, volte a entender que ainda é um ser que pode se direcionar, alcançar e viver do Ser.

Esperanças à parte, podemos dizer ainda que tal verbete nos dá uma noção de maldição divina – talvez por isso tenha vindo no mesmo baú das maldições ao homem – porque, em si, dá-nos a entender que “esperar” que aconteça algo, ou mesmo que caia do céu alguma coisa, ou mesmo sentir-se especial em meio a um caos, distorce um pouco a compreensão do que o próprio mito nos traz.

Mas a Esperança veio dentro da Caixa. Isso nos dá uma terceira resposta do mito que roça nossa alma. Pode ser que, no meio de tudo que nos destrói, ou propicia a destruição humana, pode haver, dentro de si, uma chispa de esperança, na qual se pode sentir até mesmo nos seres humanos, os quais, ainda que sejam brutos em personalidade, em carne e osso, guardam em si, ainda que não saibam, Amor, Paz, Fé, Caridade, Felicidade, todos eles regados a muita divindade.

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