O universo é como uma imensa e incomparável esfera na qual se
nascem estrelas todos os dias, e cujos mistérios estão longe de serem
desvendados por nós. Mas um dos mistérios a ser desvendado pode ser aludido sem intenção pelas experiências aqui passadas: a do mal em nossas vidas.
Nele, nesse universo, cheio de planetas de esfericidades
limitadas – ao contrário do universo que não tem – temos o nosso. O planeta
terra. Este, um microuniverso que sofre avarias do desrespeito às leis
naturais, pode-se dizer que também sofre pela má preservação nossa de cada dia.
Quando se limpa, quando se varre, quando se defende, quando
se dedica, tudo em relação a algo que acreditamos, sentimos, na prática, uma
realidade mais natural ainda: a de que há chances de se ver limpo e forte nosso
objeto de defesa.
Porém, ao nos dedicarmos sempre aos nossos objetivos,
sentimos que é preciso algo mais. Algo que nos faça entender que é preciso
defender, amar, limpar... Ao ponto de entrar em comunhão com algo maior, ou
melhor, com o próprio universo.
Depois que se compreende o fator maior, entende-se o porquê
de nossos objetivos frentes às coisas, ou melhor, frente a nós mesmos. De repente
nos falta chão, pois exemplos há no mundo de que não somos bons preservadores
de naturezas, muito menos a da nossa. Percebe-se que estamos dentro de um
inconsciente coletivo forte, no qual somos únicos errados em relação aos
animais, plantas, pedras... Errados em relação a tudo.
Olhamos para nós mesmos, e tentamos nos consertar, como
religiosos, e consertar nossos atos, sendo bons moços, sorridentes, limpando
até louças que ficaram na noite anterior, e que foram frutos de uma consciência
egoísta, a qual, generalizada, nos retirou o pensamento maior de preservação de
nosso sistema, de nossas vidas e pensamentos, atos, etc...
Percebemos que a grande organização universal está ameaçada,
graças a atos pequenos e débeis que se transformaram até mesmo em atos
hediondos e conscientes, os quais sintetizaram e sintetizam, como frestas do
mal, ou em raízes que foram geradas por nossa incapacidade de raciocinar
coletivamente, universalmente, de modo a gerar o maior medo de todos... O fim
de nossa espécie.
Na Antiguidade...
Em civilizações antigas, acreditava-se que o próprio homem e
seu poder de corromper e de ser corrompido, de sua vaidade extrema, egoísmo,
violência, antirreligiosidade para
como seus semelhantes e com o universo, seriam os responsáveis pela decadência
não só da humanidade, mas de si próprio, pois estaria indo de encontro aos
valores divinos, aos quais deviam ser obedecidos, como em um ritual
sagrado, todo o santo dia... Assim como o sol o faz.
O faraó, o homem-deus, sol do Egito, com as forças misteriosas
e divinas, iniciado nos mistérios sagrados, realizava seus rituais em prol de seu povo, com a finalidade de
manter, na terra, a Disciplina, Ordem, sob o manto de Maat, a deusa que
significava o Equilíbrio universal, no qual estaria o próprio homem.
Contudo, essa espécie rara (homem), também teria ferramentas
para desfazer a ordem, sob outro manto, o de Seth, a contraparte do Equilibrio,
ou seja, a violência, a corrupção, a imoralidade, a desumanidade, e ele de
algum modo, podemos dizer, venceu...
O faraó, com as forças que obtinha dos deuses, revela-se, às
vezes, mais forte que ele próprio, pois sua imagem era dotada de respeito e
divindade, ao ponto de muitos sucumbirem de medo antes de tentar corrompê-lo.
Mas o Egito se foi. A terra dos faraós foi devorada pela maledicência humana,
na qual terroristas, corruptos e turismos vãos tomaram conta de um cenário no
qual pirâmides e outros templos sagrados fazem pano de fundo, como se ainda
houvesse uma esperança ínfima da volta ao respeito ao deuses.
Hoje...
Não temos mais seres que ritualizam (no bom sentido da
palavra) o sagrado; não temos ninguém que se preocupe com o equilíbrio humano,
universal, e se o fazem, são salpicados de interesses claros, às vezes
políticos e religiosos!
E graças a essa falta de critério, de tomada de força, de
consciência em relação ao universo, do nosso papel nele (não diante dele), dessa
centralização em tudo, é possível que estejamos em um planeta já morto, a
espera apenas de seu enterro.
Por isso, como um faraó a defender sua terra e o seu povo,
tentemos ritualizar, dentro de nossos corações, o sagrado, não dando margem
para que o mal se enraíze ou penetre nas primeiras frestas de nosso corpo, de
nossa alma, de nossos ideais.
Vamos defender o universo que somos.
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