terça-feira, 29 de julho de 2014

Evangelho de São Tomé: a mostarda.

"Reino dos Céus está aqui"



A mostarda, a Alma; o campo, o homem.







Disseram os discípulos a Jesus: Dize-nos, a que se assemelha o Reino dos céus? 

Respondeu-lhes ele: Ele é semelhante a um grão de mostarda, que é menor que todas as sementes; mas, quando cai em terra, que o homem trabalha, produz um broto e se transforma num abrigo para as aves do céu. 



Há de perceber que os discípulos de Cristo, ainda em formação a respeito dos mistérios ocultos, tinham informação um tanto quando desconfigurada a respeito do Reino dos Céus. Não que estejamos na frente deles, ou que saibamos tanto quanto àqueles que um dia caminharam com um dos maiores sábios da humanidade. Não. Apenas queríamos reiterar que, antes que soubessem a respeito do “Céu” e da “Terra”, simbolicamente falando, tinham uma visão estreita a respeito do que o mestre lhes falara há mais de dois mil anos.

Alguns discípulos, como João e Paulo, teriam se infiltrado em algumas escolas iniciáticas a ponto de entender, mais tarde, o que Cristo lhes dissera, contudo, não fora o bastante porque transformaram o cristianismo em uma escola em que seus fiéis acreditam somente nos termos literais das escrituras, nas quais sobrevoa parte do estoicismo, epicurismo, enfim, como todos sabem, são escolas de cunho iniciático, nas quais discípulos houve com intuito de aprender com seus mestres de sabedoria “mais coisas entre o céu e a terra”...

E com tais ferramentas, os cristãos iniciados persuadiram governos, criaram estratégias, e avançaram com suas ideologias dentro do que hoje é, graças a eles, uma das maiores crenças do mundo civilizado.  Mas, como diria um grande professor, nada melhor do que ser um ignorante convicto, que sabe que não sabe nada, ainda que saibamos um pouco mais que alguns.

Voltando...

E quando perguntam a Cristo, “a que se assemelha o Reino dos Céus?”... Com certeza tentam buscar uma resposta que se assemelhe ao que vemos, ouvimos, sentimos, ou seja, que esteja dentro de nossos sentidos, sonhos, imaginação... Porém, uma pergunta ao salvador merece uma resposta metafórica, enraigada de elementos que conhecemos, e, ao mesmo tempo, cheia de simbolismos, nos quais se revela a verdade – ou pelo menos uma brecha para a chave do conhecimento.

 “Ele é semelhante a um grão de mostarda, que é menos que todas as sementes” – disse Cristo, ao tentar passar o que, de alguma forma, se assemelha aos reinos dos céus  -- o qual, como já sabemos, nada mais é que a Tríade no homem, ou como poderíamos dizer na linguagem filosófica, o Nows no homem, a parte imortal humana – mas, enfim, palavras que possam chegar perto do conceito tradicional de Espirito, mas como esotérico que é, Cristo usou a natureza como porta de entrada para a compreensão dos discípulos...

O “grão de mostarda” seria a alma do homem que, ainda que pequena, mas enraigada das palavras, de atos, de pensamentos voltados ao céu, encheria a terra, ou melhor, todo o homem, deixando de ser apenas um ser voltado à matéria.

Devemos, no entanto, entender que quando falamos em matéria, em terra,  parece que estamos a falar apenas  das coisas palpáveis; mas não  é. Matéria é uma dimensão, e nela não podemos deixar de viver, pensar, desejar, errar, e da terra (literalmente) retiramos a comida para o nosso alimento diário; nela nos ajoelhamos para plantar, nela oramos e agradecemos aos deuses, ou a Deus, como preferir, o que nos faz repensar nosso modo de viver Cristão, que quer banir a matéria de sua própria vida, e na maioria das vezes, se vestindo mal, se alimentando mal, e o pior... Não tentando buscar a tradição por meio de outras fontes, a não ser a própria escritura.

Voltando...

O grão de mostarda, nossa alma, engrandecido apenas por sua qualidade natural, sobrepuja-se a outras sementes se voltado ao que realmente veio, ser um grão. Assim, nossa alma, em devaneio com o mal que circula no mundo, nas sociedades, e até mesmo se detendo em valores corpóreos, se desvia de sua função, deixando de ser alma para ser apenas um elemento sem cor, sem consciência, como uma criança sem pai.

“Quando cai em terra, que o homem trabalha”... Na dimensão maior que trouxe o próprio homem a reconhecer seus valores, seu papel no mundo, suas leis, ou a lei que o rege, aqui, quando esse broto cai, ou seja, quando a própria alma reconhece papel na terra (quaternário e dimensões) há a evolução natural, o crescimento dela, em direção ao Reino dos Céus, onde as aves – símbolo maior, em todas as culturas, de quem alcançou o Céu em si – sobrevoam.

Fechando..


Enfim, em nossa humilde tentativa de compreender a frase acima, descobrimos que temos que plantar em nós valores melhores do que estes no quais acreditamos. Temos que ir em busca de um ideal espiritual, o qual nos faz ser um pouco melhor todos os dias, um pouco; mas para isso temos que nos assegurar de que teremos formas mentais, materiais entre outras com o intuito de nos deter. Então devemos plantar em nós essa ideia, e cultivar sempre o que há de mais humanos em nós, assim estaremos indo em direção ao Reino dos Céus.

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