quarta-feira, 16 de julho de 2014

O Evangelho de Didymos Tauma (I). O Reino.

Vamos renascer a cada linha.






Vamos lá.

Com nossas parcas ferramentas, repetindo, mas com vistas a seguir a tradição no quesito tradução, tentarei aos poucos trazer à tona – não aos humildes reais no saber, muito menos aos sábios, mas apenas aos meros buscadores – uma realidade latente que há muito pede passagem, mas, graças ao homem moderno, a cada dia, se vai nas ruelas de culturas que se dizem as melhores do mundo, contudo, desfazem qualquer iniciativa educacional de transformação ideológica.

Bem, baseando-me no que fora dito em vários textos passados, e nos que me basearei daqui para frente, sempre nos clássicos, trago as linhas de diálogos entre o mestre cristão, Jesus, e Tomé, ainda discípulo, nas quais a depender do leitor irá discordar (ou não), porém terá toda a possibilidade de ir atrás das fontes que cito durante toda a minha interpretação... Ou pelo menos em minha tentativa...

Ei-los.

1-“Quem descobrir os sentidos dessas palavras, não provará a morte”

Nos textos clássicos, aqueles que jamais serão tocados, há ensinamentos sagrados dos quais o próprio homem duvida. Por que duvida?... É a parte “Tomé” de cada um, ou seja, é natural que sejamos assim, por mais que tenhamos a matéria em nossa mão, com todas as respostas, e mesmo assim vamos duvidar.

Tomé reflete um pouco dessa personalidade, de nossa alma que coça, que sente aquela pontada pela ervilha que dormira debaixo de sete colchões (símbolo dos sete elementos), que se indigna, que, a depender de nosso universo, de nosso entendimento, começaremos a criar meios para alcançar o céu interno (ou objetivos imediatos) e compreender a imortalidade da essência da vida, sempre por meio de nossas dúvidas, questionamentos, busca.

Cristo, em sua filosofia, deixou claro que nossas atitudes são válidas a partir do momento em que temos uma direção, um caminho. Suas palavras, mecanismo natural responsável pela imortalidade do todo, trazem a brandura codificada, ou como fora dito, de um elemento – Manas – universal, do qual faria com que nós seres humanos iniciássemos a compreensão do Todo, mas não de forma gratuita, mesmo porque temos uma personalidade que, por si só, reencarnada, sintetiza que trouxe em si a reminiscência de um passado material, não espiritual.

Ou seja, de acordo com sabedoria antiga, se estamos aqui, agora, é porque somos o somatório do que fizemos, pensamos, passamos ao tempo, e que, ao ver do grande universo, como diria os indianos, dos “Lipitacas” --- os quais são responsáveis pela memória da alma humana – tínhamos que voltar à matéria...

Não por isso, no entanto, as palavras perderam sua imortalidade, no sentido simbólico da questão, pois elas trazem escritos verdadeiros, porém simbólicos dos quais somente aqueles iniciados no esoterismo (interno), retiram dele a verdade. Contudo não é preciso tanto para entender que todos eles, do cimo da montanha interna, do Manas, pois se chamavam seres manvataricos por isso, nos traduzem a realidade nas palavras, nos revelam a imortalidade, mas não conseguimos a chave para abrir.
  


2. Quem procura, não cesse de procurar até achar; e, quando achar, será estupefato; e, quando estupefato, ficará maravilhado - e então terá domínio sobre o Universo. 


Uma procura não muito conveniente aos materialistas de hoje, os quais, em subterfúgio primário, o etero físico, em seu sentido mais amplo, procuram, encontram e morrem satisfeitos com o que encontram; porém, a saga humana, desde os primórdios de nossa civilização, de algum modo, vem com essa premissa, a de conseguir a todo custo, seus objetivos externos, sem que modifique o sentido de toda sua essência...

Por isso, séculos se fizeram, e neles os grandes avathares- entre eles Cristo e os demais filósofos, desde Zoroastro a Platão, iniciados em seus mistérios, mais do que ocultos aos nossos olhos, e com razão, unificaram-se em outro tipo de busca, talvez a mais rara e difícil de todas, a humana.

Uma busca que, realizada a passos curtos, em direção a Deus, no sentido mais amplo da palavra, verá não só o sentido da existência humana, mas de tudo, de todo universo, da grande Inteligência que assombra o mais moderno cientista, o qual, em sua cientifica busca, não  consegue traduzir, nas entrelinhas, o porquê de Tudo.

Os filósofos, no entanto – entenda-se filósofo por todo aquele que se questiona a respeito da essência da vida, e não se contenta com o racional voltado para baixo e tenta elevá-la ao pico em forma de pensamentos, atos, e acompanha em natureza -- erra e sabe disso, mas sabe que a busca é inexata ao passo de nossas dúvidas, mas exata no momento em que a certeza se faz em forma de simples atos.

É a maior busca de todas, e quando a fazemos... “ficamos maravilhados”,  e quando a conseguimos – quem sabe um dia – teremos o “domínio sobre (nosso) Universo”...



3. Jesus disse: Se vossos guias vos disserem: ‘o reino está no céu', então as aves vos precederam; se vos disserem que está no mar, então os peixes vos precederam. Mas o reino está dentro de vós, e também fora de vós. Se vos conhecerdes, sereis conhecidos e sabereis que sois filhos do Pai Vivo. Mas, se não vos conhecerdes, vivereis em pobreza, e vós mesmos sereis essa pobreza.


Aqui, a prova maior que estamos no todo, e que o somos. O reino a que tanto Cristo se referia na Bíblia nada mais é que a própria tríade comentada pelo passado do homem, no qual ameríndios, persas, hindus, gregos e até mesmo parte dos cristãos tinham em sua cultura, e que, em textos passados, sob  forma de Nous, o deus no homem, Platão falara.

As aves do céu precedem sim o Reino dos céus, mas antes devemos crer que tais nada mais são que seres que possuem uma consciência diferente da dos humanos, assim também uma lei que corre em paralelo à nossa, o que não as deixa de “fora” do contexto, ou qualquer animal que visualizemos seja no céu ou a rastejar nas terras.

O homem, por obter em si um elemento importante, o kama manas – o desejo em forma de ponte para a consecução de seus fins, sejam eles materiais ou imateriais, psicológicos, pode-se dizer que já possui uma alma voltada à lei que a rege, isso em sua natureza divina. E isso deveria facilitar a ele, mas não...

O Reino dos Céus, interpretado de várias formas, em culturas diversas, pode ser, em razão dessa dificuldade de interpretação, qualquer lugar, menos aquele Cantinho Idílico, como diria Marcos Aurélio, dentro do próprio homem, ou fora dele, pois aprendemos a bipartir o mundo como duas forças, a do Bem e a do Mal, em lutas acirradas em uma disputa cruel pelos seres humanos.


E por isso devemos, com o que temos, dentro de nossas possibilidades naturais, não materiais ou sob o comando de muitos, nos conhecermos (lembra-se do “Conheça-te a ti mesmo?”) com fins de Conhecer a Vida e o que ela nos guarda, mas sempre lembrando que somos um pouco de Deus, e isso fica mais fácil.




Por enquanto é só.

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"É ótimo ter dúvidas, mas é muito melhor respondê-las"  A sensação é de que todos te deixaram. Não há mais ninguém ao seu lado....