quinta-feira, 17 de julho de 2014

O Evangelho de Didymos Tauma (II). Em busca de si mesmo.

Nós. O inicio de uma busca infindável.




É difícil. Na realidade, é querer desfazer os frutos de uma árvore, não os cortando, mas fazendo-os voltar ao que eram. Raiz. Mas, como diria o sábio, na própria raiz temos a própria árvore, então, em nosso caso, se tivermos a tendência em plantar o que nos vem como ideia, fazer com que pessoas acreditem em algo razoável, e que se estenda a gerações a sabedoria investida nessa raiz, nessa ideia, é preciso que sábios a plantem, não homens cujas tendências genocidas e interesseiras resolvam soluções em prol de um mundo que necessita de tudo, menos deles, ou melhor, de elucubrações insensatas em torno de si mesmas, fazendo com que sejamos cães atrás do próprio rabo...

Sei que fui um tanto quanto tangível em relação ao nosso assunto com esse inicio, mas é preciso ressaltar que, quando me refiro a sábio, falo de homens cujo legado nada mais é do que nos fazer um pouco melhores, todos os dias, mas sempre nos baseando em castelos fortes, referenciados desde épocas passadas nas quais guerreiros, heróis, generais, e até mesmo o mais simples do humano um dia se baseou e não precisou ser sectário, muito menos ser dono da verdade, apenas orando de joelhos, frente ao seu deus de pedra, e respeitando toda essência por trás do grande mistério que ela escondia... Isso é Deus.

A certeza de que os grandes avathares trouxeram essa filosofia ao que nos deixaram em forma de palavras, discípulos, escritas, é  muito pequena, mesmo porque sabiam que a própria humanidade tem seus reveses, suas desconfigurações, com o passar dos séculos, e por isso, quando o fizeram, o simbolismo do que deixaram foi tão profundo, tão mistérico, que chegamos a ter dúvidas do que diziam, quando nosso senso humano nos desperta para a verdade....

E com essa premissa, vamos tentar encontrar um meio, em nossa ignorância, mas tão consciente quanto um cientista que descobre uma estrela, de abrir pequenas portas tão fechadas pelo tempo, ou melhor, pelos homens de bem que um dia pisaram nesse chão, para a nossa própria ânsia ser desfeita, um dia.

Vamos lá...

São Tomé e Cristo.

6. Perguntaram os discípulos a Jesus: Queres que jejuemos? Como devemos orar? Como dar esmolas? Que alimentos devemos comer? 
Respondeu Jesus: Não mintais a vós mesmos, e não façais o que é odioso! Porquanto todas essas coisas são manifestas diante do céu. Não há nada oculto que não seja manifestado, e não há nada velado que, por fim, não seja revelado. 


Seus discípulos questionam o mestre com perguntas com pontos de vista terrenos (étero físico ao kama  manas ), e Cristo, mas uma vez, responde-lhes sob o ponto de vista do céu (átmam, buddi e manas), o que torna a questão mais difícil de ser interpretada...

Mas, quando o mestre diz, “Não mintais a vós mesmos”, nos faz nos sentir, mesmo com nossos sentidos primários, uma culpa do que somos e idealizamos ser e ter. Não mentir a nós mesmos, do meu ponto de vista terreno, é encontrar a própria essência sem rodeios, é saber que há a verdade em nós, e o resto nada mais é que elementos naturais, que se assemelham a outros no próprio universo externo, que nos auxiliam a esse encontro, porém, como disse antes, usamos a “faca para outros fins...”

E quanto ao “Não façais o que é odioso”, vem ao encontro da primeira premissa que nos faz questionar a respeito do que somos e o que pretendemos obter. Isso só norteia mais o humano, desfaz suas algemas internas com relação a si mesmo, e o faz galgar mais degraus em sua pequena, gradativa, porém, para o homem, natural evolução.

“Porquanto todas essas coisas são manifestas diante do céu”, disse Cristo, o que afirma o que fora dito, dentro de minhas possibilidades, claro, o que fora dito até agora acerca do Céu... Enfim, o mestre salienta que o Ser, ao qual referenciamos, sob diversas formas de cultura, há tão concreto como qualquer ideia, como qualquer muro, e dele devemos viver com as ferramentas com as quais nascemos...


E em nossos caminhos, por meio dessa empreitada, há de se descobrir os mistérios que há em nós, em tudo; o conhecer a Si mesmo se faz de uma forma lenta, ao passo necessário, se descobre; e o ônus da vida, desse universo que tanto almejamos, vem em forma de revelações internas.

Cristo, assim, quis dizer, a meu ver, que se o que fazemos vai ao encontro do Céu -- não o céu pós-mortem, ou o céu físico, muito menos qualquer forma literal de céu, mas o Céu interno, em comunhão com o que diziam os tradicionais esoteristas, os quais sempre mostram que céu é metáfora do não alcançável facilmente, seja no limite superior, ou em qualquer sentido  e por isso Céu é sempre posto como o  mais puro elemento do homem, ou a figura mais simbólica de uma tríade, ou o deus mais complexo das culturas.

E Cristo não difere dos demais quando fala em Céu... (Reinos dos Céus, Pai, etc)... mas ao mesmo tempo diz que se manifesta em qualquer ponto, de modo a dar um nó a mente do homem, que não consegue entender essa Realidade, pois, com o tempo, até mesmo naquela época, a dividir o Todo, individualizando ou mesmo antropomorfizando-o...





Amanhã tem mais.

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