terça-feira, 26 de julho de 2016

Ave, César! (fim)

Cont.





César foi o pingo que se mostrara uma cachoeira. Dentro do que era, um homem comum, que dizia ser um semideus, em nome de uma genealogia misteriosa, na qual teria, segundo a lenda, vindo de deuses, revelando-se um pingo que brilhou mais que outros, por saber que, em meio a falsidades, à corrupção, a caráter duvidosos, poderia ser mais, um oceano, ou mesmo uma cachoeira da qual poder-se-ia, em nome do conhecimento eterno, a água da qual beberíamos sempre que tivéssemos na dúvida sobre o que somos e podemos.

E tal cachoeira que deságua em mares, oceanos e toma conta dos mais difíceis poros dos continentes, é revitalizada pelos mais sábios, todos os dias, com fins de nos trazer a sabedoria eterna do que podemos fazer quando nos confrontamos com situações naturais de um César (calma, ele é ele!), junto aos estudos, junto à família, ou em relação ao que devemos respeitar ou não no mundo.

César, para isso, tinha uma visão dantesca de seu mundo -- o que não temos. Enfrentava males, como a própria doença, epilepsia, tal qual um menino que cai e levanta e vai jogar seu futebol. Enquanto nós, choramos o tempo inteiro em nome de um sentimento que pedimos ao próximo para que tenha para conosco: a dó, a pena, etc.

A César, general, que possuía o dom da palavra, oratória, além de saber lidar com os desapercebidos de inteligência, comungava com os seus generais, soldados, a ideia de Roma, que, ao entender dele, e de muitos, prevalecia acima de qualquer um, até mesmo de sua pessoa. Por isso, ao entrar em uma batalha, a certeza de que Roma estava sendo defendida, os ancestrais estavam sendo defendidos, que suas famílias estavam em suas mãos, não havia outra consequência senão a vitória. Claro, que antes disso, temos as estratégias formais, nas quais abrangeria toda sabedoria do general.

A nós, quando nos deparamos com situações gêmeas, em confrontar o inimigo, não temos estratégias. Corremos logo para o chão e rezamos, implorando a Deus que o elimine de nossos caminhos. E se ocorrer o contrário, da batalha vencida -- na maioria das vezes pelo medo, ou por falta de planejamento -- colocamos a culpa no inimigo maior: o chifrudo!


Pequenas Histórias de César.

Há histórias contadas por Plutarco nas quais César fora o maior protagonista, pois se revelava sempre dono de si, como a um deus que tinha a certeza de seu presente e futuro...


Dizem, nessa pequena história, que o general Júlio César foi tomar um determinado país, em um navio cujos homens o admiravam, e nele, nesse navio, dormia como um anjo em seu "camarote". As nuvens se formaram, o tempo se fechou e começou a chover, e a chuva transformou-se em uma tempestade, e por consequência o barco começou a pender de um lado, de outro, e seus homens começaram a ficar preocupados, até que o comandante, afoito, foi avisar o general em seu descanso.

"General!", grita o marinheiro mestre, ao descer no quarto, acordando César, e o irritando. "O navio, senhor, está alagado e estamos quase afundando, e acho que vamos todos morrer!". Foi quando César, com o rosto amassado do sono, sentou-se e disse "Não, não vamos morrer, comandante,,,", e aquele, irritadiço, perguntou, "Por quê não!?"... E o general, meio dormindo, disse, "Porque eu sou César". E voltou a dormir como um anjo...

Dizem que César e seus subordinados não só chegaram ao local destinado, mas venceram e voltaram no mesmo navio... 

Aprendizes Eternos

A confiança nos bastaria em nós mesmos se soubéssemos nossos limites e nossa competência junto à natureza que nos cerca. César, por acreditar que era um semideus, e para muitos o era, não possuía estratégia física para o medo, para o desespero, ou para mal dos homens que é a loucura em forma de ignorância, Ele se bastava para todas as formas de medo, e as enfrentava, colidia com elas e prevalecia em nome de seus ancestrais, além dos deuses, os quais lhe davam forças.

Se não há essa força, essa forma de lidar com externo, temos que buscar outros meios, como referenciais um tanto quanto maiores que nós, ou imediatos. Nosso azar é que nosso lado passional sempre fala e resmunga, e acaba por vencer a batalha, nos incitando a nos recolher, voltar para baixo da cama, e chorarmos.


Outra história.

Dizem que César foi capturado por piratas, quando fora a uma residência de um senhor que seria, mais tarde, o seu mestre em oratória. No meio do caminho, foi sequestrado, levado a passar meses com homens ignorantes, brutos, e de pouca valia -- como são na maioria das vezes os piratas.

Assim, pediram ao comando geral de Roma mais de 20 talentos (não sei bem quanto seria hoje), o que fez César ficar irritado, dizendo ... "Vocês não sabem quem sou eu?", levando a todos a dar gargalhadas, quando dissera-lhes o nome, pois não acreditavam nele. Depois, enfim, pediram mais 30!

Passando meses, a caminho, César com sua forma de expressar com os inimigos de Roma, era claro em ofender-lhes, sem medo algum, o que para os piratas tanto fazia, pois não compreendiam muito o que falara. Passados os meses no mar, César já estava até a gostar da companhia, e dissera-lhes, "Gosto muito de vocês, por isso vou enforcar-lhes sem sofrimento!" -- o que significava que, antes de dar-lhes a punição, corta-lhes-ia a garganta...

E aconteceu. Após ter pago o resgaste, a comando de César, todos foram atrás dos raptores e os alcançaram. César cumpriu a promessa. Todos foram degolados. Mas, antes, tiveram suas gargantas cortadas para não sofrer...


Mais aprendizados

A cultura romana não acreditava em pena, dó, paixão pelos seus inimigos. Mas acreditavam em leis paralelas que colidiam com as de Roma, indo de encontro à ascensão mundial da cultura da cidade. Por menor que fosse a fagulha, ou o grão de areia nos olhos dela, tinha que ser retirado, pois estava indo de encontro aos seus ideais.

Nossa cultura, da qual tiramos o temor a Deus, isso literalmente, que nos retira de forma prematura nosso papel ante as divindades, nos faz presos a valores que, como dizia Nietzsche, "Mataram Deus", e nos reprime a leis naturais da vida -- ainda que tais leis sejam duras aos nossos olhos. E Roma, ao ver dos romanos, era divina, e tudo que ia de encontro a ela, ia contra as leis naturais e divinas.



Há mais histórias desse grande general, que se tornou o maior deles, mesmo depois de séculos.  Histórias nas quais nos deparamos e nos encontramos como pequenos generais que somos, ou acreditamos ser. Se não, olhemos para ele como um herói, que chegou ao ápice de seu heroísmo quando se defrontou com uma Roma decadente, cheia de vícios, mas que, graças ao que fora em batalha, a nos deixar uma educação de combate, cravou a estaca da confiança, da bravura, da coragem e nos fez respeitar a tradição, o mais importante de tudo, pois, dizem, César era de tal forma tão elegante, tão feliz e digno, que fascinava a todos pelo respeito não só às damas, mas também aos cavalheiros da época.

Ave, César!




Na Roma antiga, quando o senado era corrupto, quando muitos passavam por um sistema falho tal qual o nosso, porém, sob outras vertentes, havia uma atenção especial a um homem: Júlio César. Desde sua infância, quando nascera sob os cobertores de uma elite, sob lendas e mitos romanos, dos quais nasceu a sua maior fama, a de ser filho do deus Marte, também havia os que eram contra sua existência, graças a um sentimento inerente aos seres humanos, chamado inveja.

Era certo que o pretenso comandante, que mais tarde passearia na Gália, massacrando seus inimigos, sofrera com isso, por isso seu assassinato. Não poderia ele, o grande César, viver como um grande homem, cujas estratégias sempre tiveram êxito em campo, ser uma âncora eterna de um tempo? Sim, e foi.

Com um caráter duvidoso, no sentido biográfico da questão, pois muitos o revelam pudico, e outros, corajoso, outras vezes, mulherengo; mais na frente, homossexual (!), em nome de comentários detidos em vinganças, outros, graças ao que ele fora -- o maior dos generais.

Entretanto, não se pode negar que César foi referência após sua morte, tanto que, a partir dali, a nomenclatura (Caesar) serviu para os sucessores, inclusive pós-mundo clássico, na Alemanha e na Rússia, aos Czares e Kaisers (Césares), como maior patente.

A hombridade, a disciplina e a ordem que detinha em suas vitórias fez com César, após oito anos fora de Roma, voltasse ao seu lugar de origem como um (quase) Deus, obrigando, teoricamente, os senadores daquela república a nomearem o general o ditador de Roma. Contudo, César jamais seguiu ordem de senadores ou de qualquer comandante quando soubesse que tal ordem não estivesse de acordo com o seu prisma. 

E quando nos referimos a ordens expressas, a comandos obedecidos, vem-nos em mente a palavra ditador, que, graças a exemplos atuais, nos dão arrepios. Porém, em tempos de César, quando este o foi, até mesmo os grandes senadores como Cícero, ficaram abismados, porque o general, em vista de outros, transformou bibliotecas, revitalizou tradições, perdoou dívidas públicas, o que fez com que tais atos se assemelhassem aos de um rei -- abolidos pelo sistema romano há séculos.

Isso mais de que tudo, em nome de um caráter que se revitaliza à medida que suas pernas se movimentavam junto do povo, criava inveja, comentários, vícios de pensamentos, os quais levaram a César ser vítima de um ego que não tinha tamanho. Foi assassinado. 

Mesmo assim, após sua morte, assim muitos que se vão, percebe-se que o general foi tão importante a Roma quanto qualquer outro, pois, em reverência, em ordem, em estratégia, em educação, em inteligência, em uma época que pedia um herói que resguardasse os valores de uma grande civilização, a qual, ainda que fosse um pouco confusa politicamente, amava a tradição da qual nascera e por isso sabia que necessitava de um espelho, com vistas a se ver, e organizar-se em essência, em estrutura -- em tudo ele fora o espirito de Roma. Mas para isso teve que morrer.






















 


sexta-feira, 22 de julho de 2016

Portas que se abrem e se fecham





...Não adianta buscar santidades, majestades, divindades, deidades...enfim, quando as portas se fecham, o negócio é tentar encontrar as chaves para abri-las. Isso em todos os sentidos. Desanimar, nunca. Perseverar, sempre. Ainda que sejamos notórios a quedas, e em labirintos nos perdermos, em dores, nos desanimar, levantar os olhos, encarar os desafios, com ou sem rezas, orações a fio, temos que levantar.

Em cada joelho doloroso, que se machucou nas pedras; em cada corpo caído ao chão, empoeirado ou não, cheio do sangue frio e avermelhado pelo deus Marte, cuja cor forte que se esvai em cada veia, e pinga no asfalto quente após o tropeço nosso de cada dia... Temos que seguir.

Não olhar para trás a resmungar como feirante que movera fundos e mundos pelas frutas em sua banca e não vendera nada naquele dia, ou mesmo sequer saíra de casa em razão de problemas pessoais ou familiares, e vê o sol nascer mesmo com toda existência da injustiça... Há sempre meios de voltar a algo maior que a dor.

Mesmo com seres da mesma espécie a negar seus interesses próprios, diante de rombos dantescos em instituições cuja arrecadação daria para alimentar milhões de pessoas. E na conjuntura atual, em meio a crises, difícil sobreviver em meio a injustiças, à falta de moral, da ética, da verdade, da amor, e da paz, e sentir o desespero, todos os dias, em casebres nos quais somente há pobres reais, sem cultura, sem educação, sem informação, presos em conflitos cíclicos, por governos que fazem questão de mantê-los assim...

Ainda sim, temos que levantar, abrir as portas, com nossas experiências, das quais moldamos as chaves para o questionamento a respeito de um sistema frio e assassino, que nos faz sorrir com piadas reais, Porém se fecham à medida de nosso desânimo, de nossas dúvidas quanto ao que somos e podemos. Se fecham para os pobres que não sabem que a riqueza mora dentro de si, e dela pode-se tirar o conhecimento, a sabedoria, enfim, o tudo e o todo...

Levante-se, vá até a janela mais próxima, observe o sol. Eu tenho a certeza de que, se ele pudesse se questionar, questionaria seu papel no uno, mas isso jamais o faria sair de seu papel de justo, verdadeiro e simples, como uma estrela que é,

Levante-se, eleve-se, sorria, tenha fé -- assim como o maior dos homens o teve -- sinta-se forte com o que é, com o que tem. Dê chances à sua consciência, e a siga.



Tenhamos uma ótima sexta-feira!

quinta-feira, 21 de julho de 2016

Inexorável






Uma gota que cai, vai ao chão e se seca, indo para a atmosfera como vapor, a transformar-se em partículas finas, até o céu, ou mesmo, antes, parte de nossas respirações... Uma planta que nasce pela água que a rega, cresce, se desenvolve, com folhas tão verdes e belas, e no mais tardar -- se há -- uma bela flor em seu cimo... Uma terra, que servida de mãe, na qual sementes há, das quais vêm as plantações que retiramos nossos alimentos, que mais tarde nos farão andar, viver e amar o solo ou o céu que no cobre...

O início de um universo, por meio de uma perturbação quântica, em um falso vácuo. em um silêncio ensurdecedor, instável, no entanto, criando um estado energético, porém baixo, em partículas já energizadas; e nesse pequeno espaço, no qual a quântica se faz, em meio a essas partículas, podemos dizer que nesse vácuo, em estado menores de energia, junto a essa estabilidade, a ordem se faz. E como uma bolha que se transforma, esférica e invisível, podemos dizer que temos o início do universo primordial.

A expansão se faz, e outros mundos, também; mais tarde, em bilhões de anos, nascem as criaturas terrestres, em uma terra que sofreu a natureza de um planeta que, como os outros, recebera elementos naturais para a formação da vida física.e nela, as emoções, as intuições, a descoberta dos elementais -- dadas como divindades, deuses, os quais iniciam a prospecção humana, em pensar acerca do que somos e por que estamos envoltos nesse mistério inexorável.

Nada mais simples; assim como passos a dar em direção a objetivos, a causas relativas pelas quais lutamos e damos o nome de vontade, inteligência, força, em nome do bem estar humano. E quando ultrapassamos essa consciência, refletimos fora de nossos objetivos, e descobrimos ideais na própria vida que segue. 

Nesses ideais, a refletir, percebemos o papel das plantas, dos animais, dos minerais, e humanos, e quando a consciência escolhe seu caminho, entende que não se pode voltar mais aos interesses externos, mas internos e sagrados, totais; todavia, tão naturais quanto o café que deixamos por último dentro de uma xícara, ou de um pequeno pedaço de carne que guardamos para o final.

Não compreendemos, entretanto, de inicio, porque somos fortemente presos aos nossos projetos, objetivos, sistemas, sem os quais não vivemos; no entanto, podemos harmonizá-los ante ao ideal, a trabalhar nossos mundos relativos dentro do maior deles, que se expande, e nos leva como energias frias.

É o inexorável da vida...

A fazer com participamos, ainda que tenhamos desconhecimento dele, mas que nos ergue pelas suas leis, e nos harmoniza, desde os primeiros cadarços amarrados pela manhã, até a ultima gota do banho na noite...

Tudo está em tudo!





terça-feira, 19 de julho de 2016

Em Uma República Civilizada...

Queria pedir desculpas pelo texto abaixo. Pela minha inocência em descrever o que em meus sonhos burla como criança pura. Mas, acredito, todos podem fazer o mesmo... É só sonhar um pouco, escrever um tanto, sorrir, e depois ver o estrago.






O Estado, enfim, seria palco de forcas, no qual governadores, vereadores, presidentes, prefeitos, todos seriam vítimas de suas próprias leis. Nela, após a benesse, nessa república, não haveria presidentes com falas mansas, poder de oratória somente com vistas a confundir o povo; ainda, com um sistema educacional voltados ao país, à pátria, mas para isso teríamos uma nação voltada a moral, não apenas como teoria que se esvai pelos esgotos de faculdades que formam e deformam alunos, sem que lhes dê a real educação, 

Nessa república, os lixos políticos seriam convertidos em alimentos ao povo, em reestruturação de cidades, escolas, em hospitais, nos quais o respeito antes de tudo, antes mesmo do sorriso amarelo, teria que ser obrigatório -- por lei. Nesse mesmo ambiente, teríamos que auxiliar os fracos, os mais pobres, os mais desvalidos fisicamente, pois fazem parte de uma base na qual somente os mais fortes podem perdurar. Ao contrário dos ricos, que, especialistas em tudo, estudados em tudo, não conseguem lidar com o cheiro, com a presença ou com ideia de uma base solitária, ao mesmo tempo forte.

Que o maior crime seja a desumanidade entre os seres. Todos deveriam se ajudar; todos se espelharem em nações passadas que, aparentemente escravagistas, nada mais eram que civilizações que fizeram do povo seu núcleo mais feliz, e por isso faziam tudo por amor aos céus, ao maior dos homens -- aquele que governava, com sua vocação, com seu coração, e por isso, dentro de sua natureza, um quase doutor de sua espécie, pois, se o povo o via como força maior representativa de seu mundo, com a alegria magistral, é com certeza que este mesmo povo seria curado em parte de um mal psicológico -- o da tristeza coletiva.

Hoje, em plena miséria política (se é que pode chamar assim), seus representantes, em nome de uma ideia fixa em realizar seus objetivos políticos ante a um povo, esquecem-se do quesito moral, não teórico, partidário, relativo, histórico, mas elevado, humano, divino, e se transformam em dançarinas de boteco, cuja música só engana seus integrantes e simpatizantes. 

Hoje, a educação está como se fosse uma prostituta em meio a um bordel, pedindo que a auxiliem na alimentação de suas filhas, que morrem na cama como a própria mãe. Nela, nessa sombra "educativa" somos partes de um todo que se esvai, que desfalece frio, e que custamos a morrer. porque não deixam -- pois somos parte de uma coluna erguida com areia da incompetência humana.

A Educação, na grande república, seria uma deusa. Respeitada. Amada. Divinizada. Crianças, jovens e velhos acordariam e dormiriam em seus braços, gerando, por gerações, médicos, advogados, porteiros, professores, motoristas, e toda classe de profissionais, mais humanos e melhores, pois, cada um, dentro de suas vocações, nada fora disso, faria seu papel nesse conjunto social a da dar exemplos ao mundo...

Aqui, o respeito ao sapateiro, ao varredor de rua, ao motorista, entre outras profissões, deveria ser didático, caso contrário quem o fizesse diferente teria pena natural de um criminoso. As diferenças, assim, respeitadas ao extremo, fossem elas raciais, éticas, profissionais, colidiriam com a paz e por consequência a harmonia entre todos.

O dinheiro haveria, mas a educação para com ele não o valorizaria tanto, pois a forma de lidar com ele, a educação para com as instituições, além dos donos destas, seria a moeda principal. O problema, já sabemos, não está no dinheiro, mas nas pessoas. 

Na Família

A família não seria apenas o núcleo quase que individual a que estamos acostumados. Todos, por assim dizer, em sociedade, teríamos que ser uma grande família, e por isso teríamos a natureza educativa em auxiliá-la, defendê-la, amá-la, exaltá-la em todos os sentidos. Nela, irmãos, irmãs, tios e tias, enfim, coadjuvantes presos a determinado casal, não perderíamos nossas qualidades, nem amor, mas o teríamos em larga escala, de forma que o sentimento fosse maior, ou seja abrangendo todos os filhos e filhas daqueles que estão aqui ou acolá.

A Religião...

Morrerias os rótulos; e a Educação aos deuses, direcionada a Deus, seria necessária, pois, sentimentos opostos em direções opostas tornam o mundo dividido... Havendo divisões, separações de sentimentos em relação ao que se acredita, a nação se desfaz, a família se desfaz, e o próprio indivíduo se corrompe não somente relação a si mesmo, mas também ao mundo.

A Ciência, enfim, trabalharia em prol não somente da sociedade, mas em comunhão com a religião, mas cada uma em sua luva, a descobrir, como mãos unidas, o significado de Deus, Assim, em todos os meios sociais, de modo que o respeito às instituições, ao ser humano, fosse ele de nacionalidades semelhantes ou não à nossa, imbuído de um racionalismo científico ao religioso, "veria" a face de Deus nas mínimas coisas.

Assim, nada de informalismos exacerbados, ou de piadas antinacionalistas, racistas, etc; isso, por assim dizer, gera o mal aos outros -- psicologia e socialmente. 


Armas

As armas devem existir. Mas é preciso que tenhamos patente para ter uma. É preciso educação, ética profunda e amor ao ser humano, com fins de protegê-lo, fora isso, nada de armas. Baseando nisso, sodados, com amor à pátria, aos povos, defenderiam o país, e seus sistemas. Teriam o prazer em fazê-lo, pois estariam morrendo por algo que o educou e o fez feliz até o dia em que fora para as trincheiras.








segunda-feira, 18 de julho de 2016

Estamos Mortos os Vivos?



Zumbis

Muitos dizem que os zumbis existem, outros dizem que são apenas ficção, mais alguns, formas simbólicas para retratar um aspecto psicológico no qual nos encontramos frente à vida, às pessoas, às situações que se nos apresentam diariamente, e delas corremos, fugimos, nos fingindo de morto, preguiçosos, ou mesmo como seres que não se preocupam com seus objetivos humanos; zumbis, segundo os livros, seriam seres que não conseguiram nem mesmo o inferno, e por isso transitam entre os seres humanos, com aparência frias, secas, com olhos famintos por almas, com vistas a ter uma.

Não é preciso, no entanto, ser zumbi para deixar de ter alma, ou qualquer sentido frente à vida. Há uma doença (não sei bem o nome) que retrata isso. O indivíduo não falece, mas se julga morto. Por não ter a visão de seu próprio eu, de sua persona, a qual se vincula às atividades psicológicas, não pensa, não fala, não caminha e passa o dia visitando os cemitérios. 

Especialistas dizem que, quando a criatura não tem a visão do seu eu (um dos), não tem a vontade de abastecer sua vida com realizações sem sentido (ou com sentido), mesmo porque acredita que está morto. É realmente uma doença filosófica!

Vida

Longe desse início "zumbidesco" percebemos que vida, de acordo com nossos prismas, é nascer, respirar, sorrir, se emocionar, curtir do bom e do melhor, se bom, em sentidos extremos, relativos; é ganhar a vida, e deixá-la correr em veias e em pulmões, como óleo em terras desconhecidas... Vida, assim vejo, fica um pouco aquém do seu próprio significado, mesmo porque a rotulamos e a impregnamos de sentidos (ou não), dando margem ao que pode ser vida, dentro de nossas opiniões.

Contudo, se a observarmos, a partir de prismas maiores e elevados, sem preconceitos, partiremos de princípio que ela nos toma, como um grão de areia em um universo de rochas, no qual somente nós a queremos definir. É perigoso. Mesmo porque possuímos debilidades, opiniões, caminhos diferentes, religiões, e dentro delas surgem meios de rotulagem a partir de nossas visões distorcidas, ou enlouquecidas. Então, dentro desse aspecto, quando começamos a pensar, surge uma consciência de que Vida é tudo, até mesmo em seres que não respiram, não andam, mas que estão aqui (ou ali) por força de uma Inteligência Natural que os fez estar presentes, combinando interação com integração com Ela. 

Nós, seres humanos, no entanto, não partimos dessa premissa, mas podemos iniciar um progresso ideológico dentro de nossas opiniões, em nossa vida prática. Podemos buscar, realizar, transformar, nos inclinar aos mistérios sagrados, tentando fazer parte deles no desvendar dos mitos, a fazer parte dessa força mítica que nos foi proposta pelos deuses.

A Razão

Machado Assis um dia disse algo parecido com,,, "chore, sorria, realize, faça seu papel, antes que as cortinas baixem e não tenhamos ninguém para aplaudir".e em consonância com ele, estariam outros que nos diriam "tenha um caminho e o sol aparecerá". Mais cedo, na antiguidade Clássica, filósofos que respiravam indignação repetiam... "Uma vida sem Filosofia é uma Vida com olhos vendados"!

Por enquanto, assim, esse desenrolar da vida, esse desejo natural de burlar a natureza por meio de nossos questionamentos, adentrando em respostas, elucidando os pequenos mistérios, a fazer parte da divindade, sendo uma, a observar o céu, descobrindo o eu. Fora isso, a morte não precisa ser somente uma queda dos ossos ao chão; um bater de botas, um cerrar os olhos, o sono eterno. Não.

Sem objetivos, ou melhor, ideais, nos confidenciou uma esoterista, seria a real morte, pois estaríamos longe da real Vida, que seria subir, elevar-nos ao céu mítico que tantos os mestres de sabedoria nos citam desde que a indagações se iniciaram. Morte seria, assim, o contrário da vida aqui mesmo, dentro de nossos meios possíveis e impossíveis; seria a falta não só de realizações, mas o não realizar dentro do ponto sagrado a que temos obrigação de seguir.

Eu fico com a máxima do general-filósofo, que um dia nos disse "Se a vida lhe oferecer algo melhor que a paz que do agir conforme a razão ou em acordo com o destino quando os eventos estão fora de controle -- se, como eu dizia, a vida lhe oferecer qualquer coisa melhor que isso, acolha-a com o todo o seu coração e goze-a plenamente..."

Então, podemos dizer que a escolha em ser ou não zumbi está em nossas mãos.

sexta-feira, 15 de julho de 2016

Parabéns, guerreiro!


Á esquerda, em cima: meu filho e eu; mais embaixo, o cachorro Falcão.
Á direita, o pai, coruja de sempre.


... Não tinha nada para escrever hoje, nem mesmo uma linha. Porém, certas coisas me batem a porta da consciência e pedem para eu vos colocar em forma de texto, e compartilhar com vocês, leitores, de modo a me julgarem ou não se estou certo ou errado. Antes de tudo, no entanto, ao lançar mão de ficar calado e escrever a respeito, já sei que estou correto.

É uma pequena história que me ocorreu, ontem, aniversário de meu filho, a fazer oito anos de paz, pureza, vida, energia, e, maturidade. Esta última, enraizada em experiências pelas quais ele mesmo passa dentro de casa, coisa que pude perceber há pouco tempo, brilhou muito, a nos deixar tão crianças ao seu lado, quando ele ao nosso.

Pedro, o aniversariante, esperava pouco desse dia tão belo, o qual já singrava como um barco em marés baixas, em águas límpidas, quando o sol já nos batia, e se deleitava com seu humor gigante, a nos fazer sorrir apenas em olhá-lo. Esperava apenas um abraço de cada amigo seu do colégio, um parabéns para você, e quem sabe uma palavra diferente de alguém além de seus pais.

Não.. Ele é muito simples. Nós, complicados como gigantes que dormem em fins de pé de feijão, ainda que recebamos as visitas preciosas da vida, as espantamos, as excluímos de nossas. Mas as crianças, seres floridos, belos por excelência, partidários apenas do amor ao mundo, resistem a tudo que de mal espalhamos pela terra -- e conseguem sempre ser o que são: crianças.

Enquanto o grande filho nada esperava, fazíamos de tudo para que ele não percebesse que estaríamos planejando uma festa simples, na qual apenas cinco ou seis familiares participariam. E nesse ínterim, ele brincava, assistia a seus desenhos, provocava o cachorro, sorria pelo dia maravilhoso que passava, pois, percebo, que para ele essa data é a uma das passagens mais incríveis de sua pequena vida (para nós, idem).

Mas há sempre algo que nos testa, nos confronta de forma invisível e nos faz repensar a realidade da questão, nesse caso, falo dos gastos com a festinha, que, a querer ou não, devia ter um bolo, copos, guardanapos, copos de plástico, além dos salgados e doces! A verba era pouca; mas, para quem me conhece, sabe que eu iria a qualquer lugar comprar o que necessário seria, e fui a um mercado por perto, comprei um bolo para dez pessoas, salgados, idem, refrigerantes, e assim por diante...

Sei o quanto soa como bobagem, mas o que vem depois é que me fez bem, não por mim, mas pela família, pela educação que estamos dando ao aniversariante, e como eu dizia, pelo quesito maturidade nem se fala.

Ao chegar em casa, minha esposa viu o "estrago" nas compras. Esbravejou, gritou, falou palavras de baixo calão, e eu, que me encontrava certo de minhas decisões acerca do que fiz, comecei a pensar a natureza da palavra aniversário, do pouco que tínhamos, da breve vida que temos, da paz que sempre está longe, e dos conflitos audíveis a seres que amam a paz. 

Enfim, esbravejei também. E começamos, em meio a uma casa grande, com uma criança que brincava de skate na sala, a falar as meras bobagens de sempre, e acabamos por ouvir uma voz pequena, singular, pura e bela, a deixar suas brincadeiras para interromper a digladiação de duas pessoas que se acham melhor que ele. Era Pedro. 

"Pai. Mãe. Não tem importância isso agora (as compras, o tamanho delas, quem era o culpado, o dinheiro, tudo). O importante é que podemos chamar mais pessoas. E elas podem vir aqui, bater palmas para mim.Só isso." E isso ele o fez de forma como nunca o fizera (meu filho é muitíssimo tímido), pondo todas as palavras bem distribuídas, uma atrás da outra, as enfatizando, a dar força em seu ato, e ainda abrindo os braços, como se estivesse a palestrar!

Olhamos um para o outro. Depois, um silêncio. Após, um grande abraço nele, a parabenizar pela ação, que deu início a um aniversário com poucos convidados, mas com o brilho de um menino que estava crescendo aos nossos olhos.

quinta-feira, 14 de julho de 2016

Um Planeta Desconhecido (em nós).





... Após algumas experiências ligadas ao que nos perturba no bom sentido, sentimos que estamos enraizados em propósitos profundos, nos quais nos encontramos e nos sentimos mais humanos. É tudo que queremos, é tudo que pedimos aos céus, uma chance de nos definirmos como pessoa, não apenas em vontades relativas, mas também em vontades que nos fazem bem -- no mais profundo da palavra.

Não somente um dia, mas todos os dias, com aquele sentimento de abraçar o mais próximo, rendê-lo homenagens não somente por vencer, mas por ser um de nós, guerreiro, forte, objetivo, com sonhos latentes nos olhos, com fraquezas físicas, mas teimoso em sobreviver nas larvas de um mundo que, visivelmente, se acabará por falta de humanidade antes que um cometa o faça.

Nossas práticas humanas devem render sonhos, render exemplos, dos quais crianças e jovens possam se espelhar e por eles resolver o pouco (mas complexo) que a vida lhes oferecem; dar-lhes algum tipo de vontade de viver, apesar do sistema falho, cruel e covarde que se nos apresenta hoje, em forma de máscaras risonhas em aeroportos, em balcões de lojas ou em portarias de câmaras, ou seja, dizer-lhes que podemos sê-lo sim, mas sinceros, amistosos, felizes, com o pouco que se tem, mas jamais se perdendo em hipocrisias suplantadas em nosso caráter somente com o prazer falso de dizer... "bom dia", sem querer desejar.

A Felicidade existe, para inicio de conversa; mas em um planeta perto de nós, assim como na história do rei que implorou aos seus subordinados cavalheiros que fossem atrás da peça de ouro, um cálice, no qual resguardava-se a água benta, que lhe dava a juventude, a vontade interior de lidar com o mundo... Temos, sim, esse planeta, que nos revela o que somos, como sol, que nos ilumina particularmente, a nos trazer aquele sorriso pequeno, mas fértil de pureza e paz, e vida.

A felicidade existe, sim; e não é uma sombra que se apaga com o sol da horda dos outros que buscam o mal, como estrela. E como uma semente, que nasce, crescer e dá frutos, e tornar-se uma árvore belíssima, nos burla a alma, nos faz ter a certeza de que não somos apenas meros ambulantes (ambulare), ou morcegos que se alojam em árvores, para, de noite, fazer seu trabalho... 

Não sabem, pois, que até mesmo os morcegos são tão felizes em seu papel, que semeiam a terra na madrugada, a jogar restos do que colhem de suas casas ao chão, como meros ambientalistas solitários, a realizar o que o homem -- com toda a sua consciência total -- propagandeia e ainda faz errado.

Preciso falar do Entusiasmo...

Não há falar em felicidade sem falar em entusiasmo (en>theo> em Deus), pois é preciso tê-lo na medida que façamos algo voluntário (vontade interna), baseado em premissas quase ocultas, sem racional, apenas de forma semântica, mas precisa, determinada, sem questionamentos, com forças para modificar não somente o mundo, mas a você também. A felicidade reside no entusiasmo.

E quando me deparei com aquelas circunstâncias sobre as quais falei em textos anteriores, pude ser feliz um pouco, mas com uma intensidade que não posso descrever, mas posso fechar o caxão de meu físico -- espero que daqui a cem anos! -- a sorrir, indo para o planeta desconhecido.



Don Quixote e os Homens de Pedra





... Continuando com minha saga-suga, posso dizer que essa que vou expor--lhes é uma das mais incríveis partes da minha vida em que pude perceber o quanto sou -- ou pelo menos no instante em que ocorreu o fato, fui -- louco, precipitado, mas ao mesmo tempo, de acordo com um prisma melhor, fui justo. Esse atributo, no entanto, como posso adiantar-lhes, não foi fruto de uma consecução racional baseada em preceitos familiares ou mesmo social -- foi mais que isso --, foi Kanteniano.

Eu morava em uma rua de minha cidade, nela havia vários condomínios alugados e eu, por mais crível que não pareça, fazia parte de um desses aluguéis. Tinha ele dois andares, sendo que o primeiro era residido por um casal de mais um menos vinte a trinta anos de idade, e uma criança linda, com seus oito anos.

Nesse condomínio de tudo acontecia; pauladas, visitas loucas, pancadas, violência, família desencontradas, show de prostitutas na madrugada, enfim, graças as deuses, tudo passou. O que ficou, no entanto, foi apenas um ato. Um desses que jamais em minha pobre vida pensei que iria acontecer, em razão de minha alienação pessoal em relação aos problemas alheios -- até aquele dia. Ou melhor, até o texto anterior!

Na parte de cima, meu filho, minha esposa, uma babá que cuidava de nosso filho durante a semana, e eu, este que lhes fala. No mesmo andar, repartindo conosco a metragem do terreno, um outro casal de cidadãos piauenses, os quais  não davam as horas antes de se perguntarem um ao outro. Mas eram pessoas boas, e isso é o que importava... 

Todavia, naquele dia (calma, vou começar), eles estavam tão assutados quanto gatos dentro uma carrocinha cheia de cachorros, pois não conheciam minha cidade -- e eu, sim. Seus modos, pensamentos, atos, restritos apenas ao que faziam, me fazia pensar e muito antes de soltar qualquer piada, ou mesmo iniciar qualquer conversa. E foi assim que os conquistei. E eles a nós,

Entretanto... ninguém se conheceu no dia em que o andar debaixo quase foi abaixo. Era Copa do Mundo, em 2010, e eu tinha comprado uma TV 42', e meu filho, Pedro, espantado com os fogos, dizia.. "Pai, fogo! Pai, fogo", se referindo aos estrondos do lado de fora, os quais se pareciam com bombas na França! Mas naquele dia...

No dia em que o famigerado dono do apê debaixo iniciou sua sessão de Muai Tai, tendo como sparring sua própria esposa... O barulho foi tão grande, que meu filho, ouvindo, cochichou aos meus ouvidos, "Pai, fogo, fogo!". Para quem não sabe, sparring é aquele que leva surra de graça nos treinamentos de lutas profissionais, como boxe, judô, caratê, MMA... etc. E, ao meu ver, a esposa do covarde estava sendo alvo de uma injustiça, que, mais uma vez, eu presenciava.

Vidros se quebrando, mulher gritando, criança chorando, e um marido dizendo "Eu não te traí, não, sua vadia!!". Meu peito se encheu de dor, minha cabeça se mergulhou num mundo confuso, meu coração disparou, e logo liguei para a polícia, a narrar o que acontecia naquele contexto. Minha esposa, ao ouvir também, não queria que eu me metesse no conflito, mesmo porque, segundo razões populares, ninguém se mete em briga de casal...

Entretanto, não pude pensar assim. O que passava pela minha cabeça era a figura de uma mulher indefesa sendo espancada por um ser, cuja barriga me parecia mais um tanque de lavar roupa, e uma cabeça de paraibano, louco para pegar em um facão. Imaginei uma criança em meio àquela loucura, correndo para cima e para baixo... E então...

Fui ao vizinho e pedi a ele que descêssemos e dessemos um jeito naquilo. Sob argumentos falhos de minha esposa, a dizer que não valia à pena, de que  a mulher merecia tudo aquilo (pasmem!), conversei com o casal do lado, por fim. E com um gesto estranho, para não dizer engraçado, o vizinho foi sozinho, a correr os quatorze degraus que nos separava dos debaixo, e não ficou mais que dez segundos de tempo, como se o tempo da descida fosse o mesmo da subida!

"chame a polícia mesmo!", disse ele. "Está tudo quebrado lá embaixo!"... Mas eu já tinha feito o chamado, e a infeliz não tinha sequer pensado em chegar. Enquanto isso, pauladas, gritos continuavam, e o tempo passava...  passava... e todos afoitos, "Você não poderia ter chamado ninguém", disse minha esposa. "Agora, vamos ficar com cara de tacho, de bobos, e eles, nem tão aí pra gente!"... Foi quando eu me revelei, "Você só pensa nas opiniões, no quem podem pensar de nós, mas se ele mata a esposa?"

Duas horas depois...

A polícia chegou. Todos calmos. Ouvimos o policial pedir explicações ao casal, que, com as mãos dadas -- deu pra ver --, pareciam duas ovelhas no frio, se enroscando uma na outra. "Por aqui está tudo bem, policial"... "Pode ficar em paz", disse o barrida de tanque, covarde, que, com certeza, adestrou a família em seu favor. Os policiais, assim, como pedras a fazer seu trabalho -- de rolar o chão sem questionar nada, se foram, sem mesmo nos procurar. O mais importante é que ela, a mulher, estava bem.

Assim como no primeiro caso, este segundo me fez ser alvo de críticas em razão do meu comportamento; mas não tive medo de ligar para os policiais, e mais, iria sozinho se pudesse, se  os policiais demorassem mais. E isso, de pronto; sem pensar. 

A Justiça, a Ética, a Moral devem ser nossos espelhos, referenciais, nossas sementes... E se eu quero um mundo melhor, não posso deixar de mão tais valores.






quarta-feira, 13 de julho de 2016

O Cachorro, o Menino e Don Quixote




... Muitos me conhecem pela minha fragilidade física, mas também pela minha vontade anormal. Não tão anormal, claro. Mas, de vez em quando, ela se tangencia de seus limites, indo além. Quando no texto anterior me referi a atos sagrados, nos quais poderiam refletir a Justiça, a Ética e a Moral, não fazia alusão apenas a algo teórico, mas prático. 

Em minha pobre e insignificante vida, digo isso porque poderia sê-lo maior e melhor em razão de certos carmas físicos que carrego -- pude demonstrar que, mesmo com o pouco que tenho, mover uma pedra em favor da humanidade, ou mesmo de algo que brilha no alto de nossas cabeças -- estou me referindo às cadeias universais que englobam a totalidade do cosmos.

Falo dos dias em que temos aquele sobressalto natural e humano, que nos faz um pouco melhor em nosso chão, a fazer um pouco melhor do que as formigas, ou melhor do que o animal cujo instinto nada mais é que uma esfera que a eles comanda. Explico: temos o instinto, mas podemos superá-lo, elevá-lo e torná-lo nosso subserviente quando podemos.

E quando esse instinto se faz escravo, e nós, o seu senhor; quando as emoções se elevam, em questão de segundos, quando seu corpo para de reclamar em nome do conforto, quanto sua mente, em nome de vários inconscientes, não pede, nem mesmo raciocina; quando tudo que está ao seu redor possui a comunhão com o seu eu -- de forma que não saibamos lidar com isso racionalmente --, ou quando sentimento de equilíbrio em nome da Justiça lhe toma... Não se pensa. Se faz. E pronto.

O cachorro e o menino

Eu tinha um pastor alemão, lindo, de porte grande, obediente, dócil -- para os familiares, mas para os demais, não. Chego a dizer que envelheceu sem precisar ser domado, como a maioria dos cães pastores devem ser. Hórus, seu nome, tinha ciúmes do dono, da família, e amava ficar ouvindo histórias de namorados no portão de casa.

A vida para ele foi injusta, ou como poderia dizer filosoficamente, justa, pois fez seu trabalho, e cumpriu seu ideal de cão. Hórus foi obrigado a ser levado para zoonoses, pois tinha problemas no pêlo, que passou para o resto corpo, e teve que ser levado às pressas para morrer na agulha. Segurei meu choro.

Antes desse cachorro, desse grande ser, nasceu Lucas, meu sobrinho, que, à época, tinha seus dez anos. Os dois (cachorro e menino) se davam muito bem. Dias de glória. Dias em que colhíamos histórias engraçadas, ao passo didáticas à criança, que sorria, chorava e fazia peraltices em nome de seu crescimento...

O Justo

Um dia (calma!) eu,  o cachorro e o menino saímos do portão, ganhamos o mundo a fora, e isso em uma noite bela, em que luzes e holofotes nos iluminavam em nome de algo que nos iria acontecer. Uma noite, somente uma para ficar em nossas mentes, até mesmo na do cachorro, que, naquele dia, estava saltitante e nervoso...

Talvez estivesse ele a farejar o que eu e o menino jamais o faríamos. Injustiça. E lá longe, com um brilho fosco, ela irradiava falha, mas ficara mais forte quando dela nos aproximávamos: uma senhora de mais ou menos quarenta anos era espancada por dois homens, em frente a um bar, situado ao lado de uma oficina, mas que na hora não havia tanta gente, apenas homens bêbados, vulgares, miseráveis, pobres em sentidos completos, a não fazer nada quanto ao que ocorria...

Nesse mesmo dia, eu me desconheci. Com um celular na mão, com o cachorro na outra, e com o menino Lucas do outro lado, à direita de meu braço, gritei : "O que é isso?? O que vocês estão fazendo??", como um demônio louco, gritei e a assustar o ato covarde dos desafetos, cheguei com o cachorro, que latia mais do que devia, com força suficiente para sair de minhas mãos e pular em cima dos dois biltres!

Lucas, o menino, disse "ligue para polícia, tio!", e assim, nervos à pele, coração saindo pela boca, dei o celular a ele, que discou, discou, e nada conseguia; enquanto isso, em meio ao clima tenso, tentava dizer algo que os fizesse parar com a violência -- e pararam. Sem saber o que dizer, disse, "Olha, eu tenho influência por aqui, e posso colocá-los na cadeia, posso sim!", e, como dois desinformados, deixaram a coitada de lado... deixando-a falar: "Eles são meus irmão, mas são covarde, eles não me deixa em paz, e estão me batendo!"...

Nem sei se a ouvi, mas pedi que ficasse perto de mim, num ato de proteção. Ela agradeceu. Os dois, na tentativa de justificar o injustificável, disseram "Ela é uma vadia, ela é nossa irmã, ela tem que ir pra casa!"... Diante do que ouvi, fiquei frio, pedindo ao cachorro para se acalmar (em vão), e insistindo ao Lucas que falasse com a polícia -- era mais fácil baixar uma nave espacial por ali e nos levar, trazer, etc, do que a polícia chegar...

A violência passou. Peguei o celular e teatralizei uma conversa com um policial. Depois disso, os três, com medo, se foram. A noite passou. Cheguei em casa, contei aos meus familiares, o quais não tiveram palavras, e fui dormir. 

Mais tarde, me perguntei do porquê fiz aquilo. Não soube me responder. Só sei que minha alma se mostrou ou mostrou algo que jamais poderia repetir, se por um momento eu pensasse, calculasse, ou agisse de alguma outra forma.

Hoje posso dizer... Dever cumprido.




terça-feira, 12 de julho de 2016

Até Mesmo as Pedras Se Movem




... Continuando...

Olhar ao espelho, observar bem o que somos. Refletir acerca do que semeamos, colhemos, enfim, é um grande exercício para quem quer mudar sua persona e transmutá-la em favor de algo. O que nos cabe aqui é teorizar o máximo a respeito dela, de nossa persona, no sentido de elevá-la, não diminuí-la. Não adianta, no entanto, ficarmos a "ver espelhos" pelo resto de nossas vidas. É preciso encarar a si mesmo, dar passos, realizar, a enfrentar crises, dores, guerras pessoais -- ou não, a poder, quem sabe, até as externas, mesmo porque quanto queremos mudar há sempre alguém ou algo que nos impede.

Um dia (de novo??) um grande professor nos disse, "já percebeu: quando dissemos a todos 'ah, amanhã vou começar um regime sério de emagrecimento, vocês podem ver'". A partir dali, "vocês nunca emagrecem, jamais iniciam qualquer coisa!" -- e prosseguiu. "Outro dia um amigo me disse 'cara, nunca mais vou beber na vida, não aguento mais minha mulher reclamando! Noutro dia, adeus promessa, pois amigos de vários lugares o convidaram para uma despedida de solteiro!"... 

A partir dai então queria nos dizer que temos que ser "Kantinianos", ou seja, se temos um propósito, seja ele qual for para nosso bem, ou visando outros bens, não podemos escutar premissas relativas, nem mesmo nossa persona. Não há tempo para isso, disse. Temos que fazer, e pronto. 

Para afincar mais, darei outro exemplo: se em sua casa há um almoço em que nele serve-se feijoada, e depois desse almoço sua cozinha torna-se um inferno pós-festa, não se pode deixar questionamentos pessoais ou familiares tomem conta de sua consciência. pois, assim, sempre haverá espaços para dúvida, e a cozinha... enfim, vai dormir suja. Vamos lavar a louça, o chão, passar panos nas paredes, varrer a casa inteira, e sorrindo, beber um bom vinho após tudo.

O cansaço?? Não há tempo para o cansaço. O bem, elevado à máxima potência, incriado, fomentado em fogos puros, não admite pensar em dores, ou qualquer coisa, a não ser no próprio bem.

Assim o somos, ou pelo menos devíamos ser em relação aos nossos objetivos, projetos e ideais. Todos eles regados de certezas ao bem, ao correto, ao sagrado, ao Eu. Sei que nem mesmo os heróis do passado seriam assim, mas sei que poucos o foram em razão dessa certeza que um dia o fizeram o que foram: heróis. Modificaram sociedades, mundos, e educaram civilizações sem a mínima intenção de fazê-lo (ou, sim, talvez) e atravessam épocas desde que olharam para si mesmos e se moveram para um grande ideal.

A olhar para trás e a seguir tal premissas podemos nos encaixar como heróis, não em vencer batalhas, guerras, mas em nome de algo que possa fazer diferenças em nossas vidas. Um ato. Somente um ato pode dizer o que somos. E quanto me refiro a ato, penso naquele que um dia nos faz seguir a lei maior, regada de sacralidade: ética, moral, amor, justiça, verdade, paz, temperança, vida, união, integração..



Pergunte as pedras!




Cegos e Guias




...Locupletando nosso texto anterior,

podemos dizer que não entendemos bem essa natureza ideológica que nos foi concebida desde que nascemos. Sempre nos questionamos em relação a ela. Por que nascemos, o que fazemos, por que fazemos, para onde vamos... Enfim, as mesmas questões que nos afetam a consciência e depois ao racional, mas depois nos abastecemos com simples respostas, de modo a não "cansar nossa beleza": - nascemos porque nossos pais queriam, ou mesmo, porque Deus quer "algo" de você, e quanto ao fazer, é o seguinte: trabalhar sempre com vistas as responsabilidades familiares, profissionais, religiosas e morrer com vistas a um paraíso, com lagoas brilhantes, virgens sedentas, cascatas de mel, ou como diria o bom cristão, para ficar ao lado do bom Jesus...

Seja qual for o motivo que nos faz vir ao mundo, temos que repensá-lo, refletir acerca de nosso papel, observar as leis, praticá-las, e em nossa medida, sermos justos, verdadeiros e bons. Mas, com o tempo, mesmo com toda essa filosofia básica da qual tiramos nossos leites e cafés eternos, às vezes, um bolinho, saímos do foco, e como os transformers (carros que se transformam em robôs com cara de taxo) da parte do mal, ou mesmo como um ex-fiel discípulo de nossas virtudes, caímos no desvão, nos arrebentamos e caímos na matéria, literalmente.

Pontos que nos fizeram o que somos, nos deram questionamentos e respostas ao todo, agora se revelam frágeis pelo simples fato de o colocarmos de cabeça para baixo, como um espelho que há muito refletia o sol, agora reflete nossas debilidades. Amamos. Adoramos a terra, seus vermes, as sementes do mal, os desejos, suas elucubrações a respeito dos seus habitantes, e nos esquecemos de nossos ideais celestes, aqueles que nos trouxeram.

Lembrar deles, voltar a tê-los, encarnar suas práticas, ensinar ao próximo, sentir não apenas no corpo, mas obter as sensações a que os estoicos chamavam de virtude da alma, mas se não podemos, se não conseguirmos, não quer dizer que devemos descer as escadas, voltar a sermos matéria, animais, vermes; e sim, tentar entender o que deu errado... Provavelmente um vaidosismo, uma pequena ganância que virou uma cratera lunar em nosso caráter.

Dessa forma, em meio a esse "mapeamento" natural, que damos o nome de reflexão, podemos voltar e tentar entender nosso papel nesse cosmo, que nos trata como formigas preguiçosas, sem rainhas para as quais trabalhar, sem referenciais, sem reis... Mas, se olharmos para o real cosmos de nossos corpos, até mesmo aquele que trabalha dentro de nós, antevemos que somos muito mais que pensamos.

Célula

Um dia um grande professor nos disse, "Se uma célula do coração parar, é provável que ele tenha problemas", "É provável até que outros órgão tenham problema"...  -- Ou seja, se nos colocarmos como essa célula dentro do grande Cosmos, teremos quase a certeza de que não iremos mudar nada, ainda que doentes, desempregados, parados, frios, desumanos, mas dentro de nossa sociedade, grupo, seja ele qual for, ou mesmo família, teremos a realidade de uma consequência bem visível ante ao nossos olhos. 

Entretanto, estamos nos esquecendo de que esse grupo familiar se encontra dentro de outro maior, e assim por diante. Uma grande Teia (não alimentar), lotada de Cadeias, alcançando esferas além-terra, além-espaço, além sistemas, se interliga, se conecta, e em algum ponto -- lá no alto -- fazemos a diferença.

Tudo assim se inicia com referenciais, com boas leituras (clássicas, por gentileza), músicas, idem, pois nelas se escondem os mistérios da alma, da vida, da harmonia natural do homem com o homem. Tudo se inicia com a força motriz em relação ao seu ideal de humanidade, não de homem-macho, mulher-fêmea, mas de humano para humano, sem medo de buscar o que somos.




Por enquanto é isso.

segunda-feira, 11 de julho de 2016

Dory e o Tubarão (fim)




...Não quero que meu filho pense como certos políticos que se acham heróis somente porque se reúnem para apreciar uma emenda, uma medida em benefício de uma sociedade. Não quero  nem mesmo me aproximar de indivíduos tais, mesmo porque somos feitos de carne e osso, e possuímos ideais humanos, dos quais tentamos passar o máximo de obrigações naturais a nós mesmos, quando nos deparamos com ele -- com esse ideal.

Não podemos ser aquela orelha, como diria o grande Marcus Aurelius, que pede aplauso simplesmente porque fez o seu papel de ouvir. Se fosse assim, os pés, por andar, as mãos, por acenar, os olhos, por enxergar, etc... E nós, como um universo, em meio a outros, a pedir e a implorar que nos deem medalhas, troféus -- como aquele cachorrinho que fez sucesso na década de oitenta, o Mutle, ao lado de seu dono, a dizer... "medalha! medalha" para tudo que fizer.

Na realidade, somos Mutles, e muito mais. Somos filhos do aplauso, do carinho após a realização mínima; do "muito bem", após um passo atrás do outro. E isso, em doses garrafais, nos faz ser viciosos, presos a alguém, a alguma coisa, de modo a nos fazer dependentes eternos do afago.

Antes de mais nada, acredito, ao saber de nossas ferramentas e possibilidades, dentro de um universo e seus mistérios nos quais nos encaixamos como luvas, seja como cobradores, varredores... cientistas, ou meros presidentes, não necessitamos de empurrões, a não ser o nosso. Sei que muitos são contra o que digo, mas... não podemos empurrar sempre ou mesmo ser empurrados pela eternidade inteira!

Temos nossas fases, nossos momentos, sejam físicos ou emocionais. Mas, por mais que acreditemos nisso, há adolescentes, adultos e até senhores de idade que precisam de auxílio por não terem a força ideológica para seguir sozinhos. Normal. Até o dia em que olhamos para o espelho e não conseguimos ver nada mais que uma pessoa vestida de sentimentos (além das roupas) alheios, os quais nos fizeram o que somos ou o que parecemos ser. 

É preciso olhar para o espelho e dizer... "Esse sou eu, e tudo que eu sou nada mais é do que aquilo que semeei e colhi com minhas próprias mãos"...  Assim, em um pequeno universo -- mas seu, somente seu -- no qual saberás levar a vida sem interrupções, sem ideologias emprestadas, ainda que válidas, mas são suas! O mais importante é ter o seu caminho, encontrado por si mesmo, dentro daquele parâmetro que você é, sem a consciência hipócrita acerca da política, das religiões, da família e do mundo...

Aí você me pergunta: "E os professores, mestres, sei lá... onde ficam nisso? seriam os terceiros?" -- Não. Não seriam. Quando Sócrates trabalhava a maiêutica nos jovens, a fazê-los entender a verdade e a justiça divinas, não estava a se colocar como o dono de nossas opiniões, mas nos direcionando em relação ao que deveríamos entender e ser, de modo que melhorássemos o que éramos (ou que eram os jovens em relação às suas sociedades...).

Ou seja, há seres que possuem a chave mestra para que cheguemos à nossa individualidade, ao nosso caráter real. A questão fica difícil, entretanto, quanto possuímos uma já formada personalidade em relação aos conceitos (dados), o que nos dificulta a encontrar nossos mestres, que vão nos abrir a porta para o que o que somos. É aquela questão do copo: se cheio demais, podemos esvaziar e pôr uma nova água. 

Nossos preconceitos, que ditam regras, nos viciam; nossos medos nos escondem; nossas cavernas nos confortam... então fica  ainda mais fácil ficar preso a valores modernos, sem os quais não caminhamos (abismo abaixo), como cegos, com guias mais cegos ainda.


Ah... A Dory e o Tubarão?? Eles não precisam disso. Já sabem o que são.





segunda-feira, 4 de julho de 2016

Dory e o Tubarão

Dory

Temos ideais, projetos, ideias, objetivos -- e todos eles, de alguma forma, parecidos. E quando bate essa semelhança, tentamos elevar todos eles à condição de espirituais. E podemos. Se observarmos bem, tudo que há no universo tem um objetivo, um ideal, um projeto... Enfim, não se pode fugir desse detalhe, que nos assombra todos os dias.

Esses dias, comentava a respeito de uma notícia que saiu em um dos sites mais vistos do planeta (não vou dizer o nome), e que fortificou minha reflexão sobre a manutenção dos seres vivos para com seu habitat, seu grupo, sociedade, mundo, e por que não dizer universo?

Nos cinemas, "Procurando Dory", continuação de "Procurando Nemo", tem levados milhões às salas dos Estados Unidos, fazendo com que os Estúdios Disney alertem a todos com relação ao quadro preocupante que se encontra o peixe "Dory" nos mares. Quer dizer, o medo de que possam todos ir atrás do peixinho, desfazendo, de certo modo, a cadeira alimentar na qual vive.

O medo é natural, é passível. Nesse caso, principalmente. Segundo notícias, após a animação 'Procurando Nemo', se eu não me engano, em 2009, várias crianças queriam o peixe palhaço, protagonista do "Nemo", para vê-lo em seus aquários particulares, o que fez com que houvesse falta em vários de seus habitats naturais, nos quais ele desova, nasce e cresce, e querendo ou não, é presa natural de outros peixes.

Bonito ou não, temos que respeitar a natureza das cadeias alimentares, mesmo porque fazemos parte delas e, mais na frente, de outra maior, na qual Todos estamos; bonita ou não, temos que apreciar a beleza, apreciá-la, e com ela aprender, refletir, nos envolver, nos comunicar, nos integrar, e saber nossos limites.

Tubarão







O homem, no entanto, surge como dono do mundo, se espelhando em deuses antropomórficos (como pessoas), além de obter vantagens, como ditador de uma natureza, a acreditar em sua inteligência natural, acima da dos animais, dos seres em geral, e por isso espalha suas nuances dignas de um rei atrapalhado.

Prova disso são os tubarões, os quais, graças a um filme da década de oitenta, ganhador da simpatia de muitos que já não gostavam de peixes grandes, mostra a proeza de um tubarão enorme -- nos parece mais um boneco empalhado, o qual se movimentava por controle remoto, a dar medo nas praias americanas, nas quais, no verão, são mais lotadas que vagões em época de show...

Destemidos, três homens vão ao seu encalço. E no final, o menos especializado em tubarões o mata, com um tiro, na boca, depois que o "grande animal" ter destruído todo o barco, que parecia muito mais uma banheira em meio a um mar sem ondas!

Tudo muito bem feito, para que Tubarão, o filme desse bilheteria. E deu. E muito mais que dinheiro, o filme rendeu um inconsciente a maioria dos seres que já tinham medo do animal. Agora, mais do que nunca, ele seria caçado, morto, e visto como a maior ameaça dos oceanos!

O tubarão, assim como o urso americano, que perdeu seu habitat para os homens que adentraram na floresta americana, construíram casas, e hoje são "vítimas" daqueles, teve seu meio atravessado e tomado pelo progresso das praias, nas quais crianças, mulheres, e até surfistas, que nem sequer sabem pronunciar a palavra tubarão, e hoje nem questionam o fato de serem invasores de habitat, são pegos em armadilhas do inconsciente, deixando claro a irrelevância de uma reflexão mais aprofundada sobre a questão....



Voltamos mais tarde.










A Parte que nos Falta

"É ótimo ter dúvidas, mas é muito melhor respondê-las"  A sensação é de que todos te deixaram. Não há mais ninguém ao seu lado....