César foi o pingo que se mostrara uma cachoeira. Dentro do que era, um
homem comum, que dizia ser um semideus, em nome de uma genealogia misteriosa,
na qual teria, segundo a lenda, vindo de deuses, revelando-se um pingo que
brilhou mais que outros, por saber que, em meio a falsidades, à corrupção, a
caráter duvidosos, poderia ser mais, um oceano, ou mesmo uma cachoeira da qual
poder-se-ia, em nome do conhecimento eterno, a água da qual beberíamos sempre
que tivéssemos na dúvida sobre o que somos e podemos.
E tal cachoeira que deságua em mares, oceanos e toma conta dos mais
difíceis poros dos continentes, é revitalizada pelos mais sábios, todos os
dias, com fins de nos trazer a sabedoria eterna do que podemos fazer quando nos
confrontamos com situações naturais de um César (calma, ele é ele!), junto aos
estudos, junto à família, ou em relação ao que devemos respeitar ou não no
mundo.
César, para isso, tinha uma visão dantesca de seu mundo -- o que não
temos. Enfrentava males, como a própria doença, epilepsia, tal qual um menino
que cai e levanta e vai jogar seu futebol. Enquanto nós, choramos o tempo
inteiro em nome de um sentimento que pedimos ao próximo para que tenha para
conosco: a dó, a pena, etc.
A César, general, que possuía o dom da palavra, oratória, além de saber
lidar com os desapercebidos de inteligência, comungava com os seus generais,
soldados, a ideia de Roma, que, ao entender dele, e de muitos, prevalecia acima
de qualquer um, até mesmo de sua pessoa. Por isso, ao entrar em uma batalha, a
certeza de que Roma estava sendo defendida, os ancestrais estavam sendo
defendidos, que suas famílias estavam em suas mãos, não havia outra
consequência senão a vitória. Claro, que antes disso, temos as estratégias
formais, nas quais abrangeria toda sabedoria do general.
A nós, quando nos deparamos com situações gêmeas, em confrontar o
inimigo, não temos estratégias. Corremos logo para o chão e rezamos, implorando
a Deus que o elimine de nossos caminhos. E se ocorrer o contrário, da batalha
vencida -- na maioria das vezes pelo medo, ou por falta de planejamento --
colocamos a culpa no inimigo maior: o chifrudo!
Pequenas Histórias de César.
Há histórias contadas por Plutarco nas quais César fora o
maior protagonista, pois se revelava sempre dono de si, como a um deus que
tinha a certeza de seu presente e futuro...
Dizem, nessa pequena história, que o general Júlio César foi tomar um
determinado país, em um navio cujos homens o admiravam, e nele, nesse navio,
dormia como um anjo em seu "camarote". As nuvens se formaram, o tempo
se fechou e começou a chover, e a chuva transformou-se em uma tempestade, e por
consequência o barco começou a pender de um lado, de outro, e seus homens
começaram a ficar preocupados, até que o comandante, afoito, foi avisar o general
em seu descanso.
"General!", grita o marinheiro mestre, ao descer no quarto,
acordando César, e o irritando. "O navio, senhor, está alagado e estamos
quase afundando, e acho que vamos todos morrer!". Foi quando César, com o
rosto amassado do sono, sentou-se e disse "Não, não vamos morrer,
comandante,,,", e aquele, irritadiço, perguntou, "Por quê
não!?"... E o general, meio dormindo, disse, "Porque eu sou
César". E voltou a dormir como um anjo...
Dizem que César e seus subordinados não só chegaram ao local destinado,
mas venceram e voltaram no mesmo navio...
Aprendizes Eternos
A confiança nos bastaria em nós mesmos se soubéssemos nossos limites e
nossa competência junto à natureza que nos cerca. César, por acreditar que era
um semideus, e para muitos o era, não possuía estratégia física para o medo,
para o desespero, ou para mal dos homens que é a loucura em forma de
ignorância, Ele se bastava para todas as formas de medo, e as enfrentava,
colidia com elas e prevalecia em nome de seus ancestrais, além dos deuses, os
quais lhe davam forças.
Se não há essa força, essa forma de lidar com externo, temos que buscar
outros meios, como referenciais um tanto quanto maiores que nós, ou imediatos.
Nosso azar é que nosso lado passional sempre fala e resmunga, e acaba por
vencer a batalha, nos incitando a nos recolher, voltar para baixo da cama, e
chorarmos.
Outra história.
Dizem que César foi capturado por piratas, quando fora a uma residência
de um senhor que seria, mais tarde, o seu mestre em oratória. No meio do
caminho, foi sequestrado, levado a passar meses com homens ignorantes, brutos,
e de pouca valia -- como são na maioria das vezes os piratas.
Assim, pediram ao comando geral de Roma mais de 20 talentos (não sei bem
quanto seria hoje), o que fez César ficar irritado, dizendo ... "Vocês não
sabem quem sou eu?", levando a todos a dar gargalhadas, quando
dissera-lhes o nome, pois não acreditavam nele. Depois, enfim, pediram mais 30!
Passando meses, a caminho, César com sua forma de expressar com os
inimigos de Roma, era claro em ofender-lhes, sem medo algum, o que para os
piratas tanto fazia, pois não compreendiam muito o que falara. Passados os
meses no mar, César já estava até a gostar da companhia, e dissera-lhes,
"Gosto muito de vocês, por isso vou enforcar-lhes sem sofrimento!" --
o que significava que, antes de dar-lhes a punição, corta-lhes-ia a garganta...
E aconteceu. Após ter pago o resgaste, a comando de César, todos foram
atrás dos raptores e os alcançaram. César cumpriu a promessa. Todos foram
degolados. Mas, antes, tiveram suas gargantas cortadas para não sofrer...
Mais aprendizados
A cultura romana não acreditava em pena, dó, paixão pelos seus inimigos.
Mas acreditavam em leis paralelas que colidiam com as de Roma, indo de encontro
à ascensão mundial da cultura da cidade. Por menor que fosse a fagulha, ou o
grão de areia nos olhos dela, tinha que ser retirado, pois estava indo de
encontro aos seus ideais.
Nossa cultura, da qual tiramos o temor a Deus, isso literalmente, que
nos retira de forma prematura nosso papel ante as divindades, nos faz presos a
valores que, como dizia Nietzsche, "Mataram Deus", e nos reprime a
leis naturais da vida -- ainda que tais leis sejam duras aos nossos olhos. E
Roma, ao ver dos romanos, era divina, e tudo que ia de encontro a ela, ia
contra as leis naturais e divinas.
Há mais histórias desse grande general, que se tornou o maior deles,
mesmo depois de séculos. Histórias nas
quais nos deparamos e nos encontramos como pequenos generais que somos, ou
acreditamos ser. Se não, olhemos para ele como um herói, que chegou ao ápice de
seu heroísmo quando se defrontou com uma Roma decadente, cheia de vícios, mas
que, graças ao que fora em batalha, a nos deixar uma educação de combate,
cravou a estaca da confiança, da bravura, da coragem e nos fez respeitar a
tradição, o mais importante de tudo, pois, dizem, César era de tal forma tão
elegante, tão feliz e digno, que fascinava a todos pelo respeito não só às
damas, mas também aos cavalheiros da época.