Zumbis
Muitos dizem que os zumbis existem, outros dizem que são apenas ficção, mais alguns, formas simbólicas para retratar um aspecto psicológico no qual nos encontramos frente à vida, às pessoas, às situações que se nos apresentam diariamente, e delas corremos, fugimos, nos fingindo de morto, preguiçosos, ou mesmo como seres que não se preocupam com seus objetivos humanos; zumbis, segundo os livros, seriam seres que não conseguiram nem mesmo o inferno, e por isso transitam entre os seres humanos, com aparência frias, secas, com olhos famintos por almas, com vistas a ter uma.
Não é preciso, no entanto, ser zumbi para deixar de ter alma, ou qualquer sentido frente à vida. Há uma doença (não sei bem o nome) que retrata isso. O indivíduo não falece, mas se julga morto. Por não ter a visão de seu próprio eu, de sua persona, a qual se vincula às atividades psicológicas, não pensa, não fala, não caminha e passa o dia visitando os cemitérios.
Especialistas dizem que, quando a criatura não tem a visão do seu eu (um dos), não tem a vontade de abastecer sua vida com realizações sem sentido (ou com sentido), mesmo porque acredita que está morto. É realmente uma doença filosófica!
Vida
Longe desse início "zumbidesco" percebemos que vida, de acordo com nossos prismas, é nascer, respirar, sorrir, se emocionar, curtir do bom e do melhor, se bom, em sentidos extremos, relativos; é ganhar a vida, e deixá-la correr em veias e em pulmões, como óleo em terras desconhecidas... Vida, assim vejo, fica um pouco aquém do seu próprio significado, mesmo porque a rotulamos e a impregnamos de sentidos (ou não), dando margem ao que pode ser vida, dentro de nossas opiniões.
Contudo, se a observarmos, a partir de prismas maiores e elevados, sem preconceitos, partiremos de princípio que ela nos toma, como um grão de areia em um universo de rochas, no qual somente nós a queremos definir. É perigoso. Mesmo porque possuímos debilidades, opiniões, caminhos diferentes, religiões, e dentro delas surgem meios de rotulagem a partir de nossas visões distorcidas, ou enlouquecidas. Então, dentro desse aspecto, quando começamos a pensar, surge uma consciência de que Vida é tudo, até mesmo em seres que não respiram, não andam, mas que estão aqui (ou ali) por força de uma Inteligência Natural que os fez estar presentes, combinando interação com integração com Ela.
Nós, seres humanos, no entanto, não partimos dessa premissa, mas podemos iniciar um progresso ideológico dentro de nossas opiniões, em nossa vida prática. Podemos buscar, realizar, transformar, nos inclinar aos mistérios sagrados, tentando fazer parte deles no desvendar dos mitos, a fazer parte dessa força mítica que nos foi proposta pelos deuses.
A Razão
Machado Assis um dia disse algo parecido com,,, "chore, sorria, realize, faça seu papel, antes que as cortinas baixem e não tenhamos ninguém para aplaudir".e em consonância com ele, estariam outros que nos diriam "tenha um caminho e o sol aparecerá". Mais cedo, na antiguidade Clássica, filósofos que respiravam indignação repetiam... "Uma vida sem Filosofia é uma Vida com olhos vendados"!
Por enquanto, assim, esse desenrolar da vida, esse desejo natural de burlar a natureza por meio de nossos questionamentos, adentrando em respostas, elucidando os pequenos mistérios, a fazer parte da divindade, sendo uma, a observar o céu, descobrindo o eu. Fora isso, a morte não precisa ser somente uma queda dos ossos ao chão; um bater de botas, um cerrar os olhos, o sono eterno. Não.
Sem objetivos, ou melhor, ideais, nos confidenciou uma esoterista, seria a real morte, pois estaríamos longe da real Vida, que seria subir, elevar-nos ao céu mítico que tantos os mestres de sabedoria nos citam desde que a indagações se iniciaram. Morte seria, assim, o contrário da vida aqui mesmo, dentro de nossos meios possíveis e impossíveis; seria a falta não só de realizações, mas o não realizar dentro do ponto sagrado a que temos obrigação de seguir.
Eu fico com a máxima do general-filósofo, que um dia nos disse "Se a vida lhe oferecer algo melhor que a paz que do agir conforme a razão ou em acordo com o destino quando os eventos estão fora de controle -- se, como eu dizia, a vida lhe oferecer qualquer coisa melhor que isso, acolha-a com o todo o seu coração e goze-a plenamente..."
Então, podemos dizer que a escolha em ser ou não zumbi está em nossas mãos.
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