terça-feira, 12 de julho de 2016

Cegos e Guias




...Locupletando nosso texto anterior,

podemos dizer que não entendemos bem essa natureza ideológica que nos foi concebida desde que nascemos. Sempre nos questionamos em relação a ela. Por que nascemos, o que fazemos, por que fazemos, para onde vamos... Enfim, as mesmas questões que nos afetam a consciência e depois ao racional, mas depois nos abastecemos com simples respostas, de modo a não "cansar nossa beleza": - nascemos porque nossos pais queriam, ou mesmo, porque Deus quer "algo" de você, e quanto ao fazer, é o seguinte: trabalhar sempre com vistas as responsabilidades familiares, profissionais, religiosas e morrer com vistas a um paraíso, com lagoas brilhantes, virgens sedentas, cascatas de mel, ou como diria o bom cristão, para ficar ao lado do bom Jesus...

Seja qual for o motivo que nos faz vir ao mundo, temos que repensá-lo, refletir acerca de nosso papel, observar as leis, praticá-las, e em nossa medida, sermos justos, verdadeiros e bons. Mas, com o tempo, mesmo com toda essa filosofia básica da qual tiramos nossos leites e cafés eternos, às vezes, um bolinho, saímos do foco, e como os transformers (carros que se transformam em robôs com cara de taxo) da parte do mal, ou mesmo como um ex-fiel discípulo de nossas virtudes, caímos no desvão, nos arrebentamos e caímos na matéria, literalmente.

Pontos que nos fizeram o que somos, nos deram questionamentos e respostas ao todo, agora se revelam frágeis pelo simples fato de o colocarmos de cabeça para baixo, como um espelho que há muito refletia o sol, agora reflete nossas debilidades. Amamos. Adoramos a terra, seus vermes, as sementes do mal, os desejos, suas elucubrações a respeito dos seus habitantes, e nos esquecemos de nossos ideais celestes, aqueles que nos trouxeram.

Lembrar deles, voltar a tê-los, encarnar suas práticas, ensinar ao próximo, sentir não apenas no corpo, mas obter as sensações a que os estoicos chamavam de virtude da alma, mas se não podemos, se não conseguirmos, não quer dizer que devemos descer as escadas, voltar a sermos matéria, animais, vermes; e sim, tentar entender o que deu errado... Provavelmente um vaidosismo, uma pequena ganância que virou uma cratera lunar em nosso caráter.

Dessa forma, em meio a esse "mapeamento" natural, que damos o nome de reflexão, podemos voltar e tentar entender nosso papel nesse cosmo, que nos trata como formigas preguiçosas, sem rainhas para as quais trabalhar, sem referenciais, sem reis... Mas, se olharmos para o real cosmos de nossos corpos, até mesmo aquele que trabalha dentro de nós, antevemos que somos muito mais que pensamos.

Célula

Um dia um grande professor nos disse, "Se uma célula do coração parar, é provável que ele tenha problemas", "É provável até que outros órgão tenham problema"...  -- Ou seja, se nos colocarmos como essa célula dentro do grande Cosmos, teremos quase a certeza de que não iremos mudar nada, ainda que doentes, desempregados, parados, frios, desumanos, mas dentro de nossa sociedade, grupo, seja ele qual for, ou mesmo família, teremos a realidade de uma consequência bem visível ante ao nossos olhos. 

Entretanto, estamos nos esquecendo de que esse grupo familiar se encontra dentro de outro maior, e assim por diante. Uma grande Teia (não alimentar), lotada de Cadeias, alcançando esferas além-terra, além-espaço, além sistemas, se interliga, se conecta, e em algum ponto -- lá no alto -- fazemos a diferença.

Tudo assim se inicia com referenciais, com boas leituras (clássicas, por gentileza), músicas, idem, pois nelas se escondem os mistérios da alma, da vida, da harmonia natural do homem com o homem. Tudo se inicia com a força motriz em relação ao seu ideal de humanidade, não de homem-macho, mulher-fêmea, mas de humano para humano, sem medo de buscar o que somos.




Por enquanto é isso.

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"É ótimo ter dúvidas, mas é muito melhor respondê-las"  A sensação é de que todos te deixaram. Não há mais ninguém ao seu lado....