sexta-feira, 5 de outubro de 2018

A Flauta Mágica (fim)

A postura humana não só nessa época de promessas, mas em outras eras também, é de tentar ouvir a esperança em forma de palavras, de música, de amor. E tal comportamento sempre será quando uma era se mostra em pedaços, sem saída, à beira do precipício, com a figura do homem caindo em pedaços e na maioria das vezes em desespero...

Daí, nos aparece a flauta de alguns a prometer levar os problemas, as dores, o ódio, a melancolia para bem longe, como que por encanto. Muitos disputam, por meio de palavras belíssimas, quem dá mais esperanças, quem é o super homem, a mulher maravilha, quem vai realmente salvar a humanidade ou mesmo aquela sociedade, aquele país.

Não se sabe. Promessas sobem, humanos descem. Tanto aquele que nunca se mostrou ao povo quanto aquele se mostrou sempre um grande homem, se igualam, se emparelham. Não há ideias, não há estrutura, não há nada, apenas palavras em disputa, semelhantes a repentes nordestinos que se avermelham em sua moda, com versos novos, fazendo sorrir o transeunte que passa, que olha, que pensa e diz "que lindo".

É a era da flauta mágica, época de retirar os ratos, de chamá-los de homens e homens de ratos; é a era da esperteza, na qual somente aqueles que se inclinam a fazer o trabalho sobrevivem. Este trabalho, no entanto, poderia ser feito por todos, mas estão sempre cansados, politizados, presos a uma ideologia que diz, "vamos esperar para ver o que vai dar, de repente ele pode tirar os ratos mesmo",  segundo a ideologia do sistema que não admite que façamos, mas esperemos que alguém sempre o faça para nós.

Um sistema que nos faz preso a ratos, a chamar outros ratos para retirar aqueles; um sistema que não faz questão ver a verdade por trás das cortinas, onde se trama a má política, a má religião, a qual, também presa à política, se faz notória criadora de ratos até maiores que os antecessores, e assim, nos engando ciclicamente durante tempos.

O rei, a consciência de cada um, deve preservar seus sentidos em prol da verdade, do amor e da temperança, a qual rima com esperança, mas não a dos homens que gostam de inventá-la somente para preservar seus interesses, mas sim aquela do verbo esperar, e ao mesmo tempo agir de forma grandiosa, sempre baseado em princípios universais, não aleatórios.

O povo, como nossa personalidade dual, diversificada, deve buscar um ponto em seu centro, dentro do reino - seu caráter -, levá-lo à luz do conhecimento interno com vista a trabalhar externamente junto ao próximo, sem o qual não produziríamos nada. Assim como diria o mestre Platão, temos que buscar o ser humano, pois, ainda que parecemos, não o somos! temos braços e pernas, cabeça, tudo que nos leva a crer que somos humanos, mas isso não nos faz o que aparentamos ser, pois o que somos é algo absoluto, não relativo.

Vamos desatar o nó de nossas cordas em nossos pescoços, retirar as algemas de nossas mãos, vamos levantar de nossas cadeiras, vamos trabalhar contra os ratos, não contratar mentirosos, ou pelo menos votar em ratos, pois não merecemos tal filosofia. Precisamos sim de humanidade, então procuremos homens que falem em valores reais e universais, que pratiquem a humanidade entre os homens e o resto vem com o tempo.




Nenhum comentário:

Postar um comentário

A Parte que nos Falta

"É ótimo ter dúvidas, mas é muito melhor respondê-las"  A sensação é de que todos te deixaram. Não há mais ninguém ao seu lado....