Com tudo que está nos acontecendo, com todos os véus do terror nos cobrindo a alma, o que podemos fazer?... As flores ainda são belas, o sol ainda nasce tranquilo, as cascatas são livres a cair, como véus de noiva ao chão, mas nossos olhos, tão fatigados de terror, se desvencilham da beleza como que por fuga de uma realidade que temos que abraçar; no entanto, crises políticas, religiosas, familiares, sociais, em todos os âmbitos, elevam nossa frialdade pessoal, a decair nossa vontade, nossos passos em direção ao Céu.
A beleza está ali, presa, pétrea, a espera do homem a ser enxergada não somente como um valor, mas como uma necessidade de se ver, elevar e degustar do mais simples pedaço do paraíso que se resguarda, com certeza, dentro de cada um, e ao mesmo tempo esvoaçante, em suas árvores, tais quais cabelos de mulher, ou mesmo um rio puro, intocável, a espera de um vento que o desvirgine, e sorri aos pés do homem simbolizando a horizontalidade da vida, da matéria cíclica e bela.
É por isso que não podemos nos influenciar pelo não belo, pelo apenas "bonito", ou mesmo modernismo sem pernas, como em quadros nos aparece a demonstrar as dores do homem e às vezes de uma civilização que um dia sofreu, nos instigando a pobreza interna, ou como diriam os especialistas, o que é de mais "necessário..." em nós. O terror em nós se edifica assim.
A Beleza deve ser contada em forma de poesias, contos, de mitos, lendas e heroísmos, vista em forma de quadros belos nos quais o próprio ser se encontra, ou um pouco do que somos, em nossa consciência mais pura e virgem. Tomar cuidado com a beleza em forma de violência, que nos desfaz o que plantamos, colhemos e historicamente ressarcimos em nome da paz; procurar, nas mínimas coisas, o que nos satisfaz não externa, mas internamente, ainda que seja difícil para um invólucro acostumado à maldição de músicas hediondas, de peças e obras inexatas, nas quais a pobreza, o mal, o desamor, a sexualidade predominam, simplesmente pelo fato de que personalidades não entenderem o porquê da força humana em ser simplesmente humano.
Isso não se encontra em sistemas. Talvez em um: o nosso. Um sistema feito de Justiça, Beleza e Verdade, como sempre o diziam os mestres antigos os quais sempre salientaram que somos aqui o que reflete lá em cima. É verdade. Platão disse um dia que a terra é como um ser, um grande ser: tem alma, corpo e espírito, e nela estamos como engrenagens naturais, minúsculas, assim como uma grande máquina possui seu parafusos, ruelas, mecanismos que não se podem mexer -- e Aristóteles, mais tarde, copia isso de forma literal ao mundo.
Na verdade, o que move a tudo além do físico são os ideais que temos em relação às estrelas, aos céus, à terra, a tudo. Todos os ideais se encontram, assim como paralelas einstenianas que se unem no final, porque todas elas, diferentes, se assemelham e se unem em prol do crescimento espiritual do mundo.
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