segunda-feira, 1 de outubro de 2018

O Mestre das Batalhas

O que faz um homem em meio às batalhas escrever sobre a essência da vida, do ser humano, como se estivesse em um parque, com o filho pequeno? O que faz um grande homem que lidera um exército, com as melhores estratégias do mundo, sem perder de vista sua força interior, para que ela seja não apenas forte no início, mas no fim das guerras das quais participa? -- Não sei. 

O que faz um homem, um general, que poderia ser forçado a lidar com o seu inimigo de forma ditadora, impiedosa, maldosa, no entanto, todas as vezes que entrara em campo, respeitara o terreno, o indivíduo, o símbolo de cada canto onde se instalava e passava ao seus homens toda essa filosofia...

Não sabemos de muita coisa a respeito do general-filósofo Marcus Aurelius, mas sabemos que sua vida fora pautada no Estoicismo, uma escola sobre a qual os professores atuais não se arriscam muito em pautar a seus alunos, apenas alguns, que se inclinam em elucidar o que Zenão, o criador do da escola, um dia deixara para a posteridade, outros, pelo que Epíteto, o escravo, que, segundo a história, era o grande referencial do imperador guerreiro.

Não sabemos. Sabemos, no entanto, que a profundidade daquela filosofia foi essencial a muitos que hoje tentam ser bons cristãos, assim como o apóstolo Paulo que, segundo Blavatsky, "bebeu" um pouco da água daquela escola, que norteou com seus princípios fortes e coesos vários filósofos pós-estoicismo, influenciando-os. 

Assim o foi Marcus Aurelius, cujo andado vital era reto, sem voltar ao passado, dentro de uma linha imaginária, mas tão forte quanto o caminho de seus soldados, os quais caminhavam milhas e milhas em nome de uma vitória tão certa quanto a de Julius Caesar, outro general, outra filosofia, mas que se uniam em pensamentos e práticas tão gêmeas que pareciam se conhecer como irmãos.

Hoje, várias de nossas religiões, assim como vários espelhos que se dividem, tentam mostrar Deus, de sua maneira, ou seja, quebrado, retangular, em pedações, inteiro, mas desumano, e assim por diante, de modo que conseguem, assim como a personalidade de cada um, levar o indivíduo a acreditar em suas ideologias. 

Assim, todas, de seu modo, tentam demonstrar, cada uma mais forte que o outra, que a verdade é um elemento fácil de se conquistar, de se resguardar e ao passo modificar o indivíduo do dia para a noite...E sabemos que possuímos elementos que em nós não são fáceis de dominar, principalmente a personalidade, e isso nos faz, por incrível que pareça, buscar uma religião.

No Estoicismo, a busca era por si mesmo, dentro de parâmetros fortes, com vistas a práticas acima do que entendemos hoje como detalhes: mesmo porque são eles, os detalhes, que nos edificam e que nos destroem. E o Estoicismo sabia que, como humanos, demonstrado por Epíteto, em seus livro homônimo, que nosso espírito está em tudo que fazemos, nos detalhes vitais nos quais, hoje, nos esquecemos e transgredimos conscientes de que nada tem a ver com o homem.

Nossas ideias, nossos pensamentos, comportamentos, todos eles têm um papel circunstancialmente protagonista desde o momento em que levantamos ao que caímos na cama -- não estamos desligados do universo, como pensam religiões, e ligados a um ser semelhantes a nós, em fala, pensamentos, o que nos faz enganados com relação ao que acreditamos.

A verdade não está ali, como martelam os inconscientes, mas está muito além de nossa razão; porém, é preciso olhar para cima, entender o céu de cada homem, ligar-se ao absoluto, viver um pouco dele, acreditar em seus valores, criar princípios, "levá-los para onde for, assim como um cirurgião leva seus bisturis, em caso de necessidade, e estar pronto para imprimi-lo em sua vida, o tempo todo" -- assim falou o mestre das batalhas.



Bom Dia!

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