sexta-feira, 15 de janeiro de 2010

Ser Feliz, o que e isso?

Contemplar a natura e seus elementos, viver ao lado da pessoa amada, amar a todos sem restrições, sorrir aos mais necessitados, abraçá-los; compartilhar, com seus filhos, as alegrias da vida, vê-los respeitar, obedecer aos pais, se formarem naquilo que a ele e a nós nos agrada; ver a pobreza em países miseráveis diminuir; ajudar o mais próximo, fazer parte de uma organização desinteressada, na qual o único objetivo é acabar com as injustiças sociais... Presenciar o sol, o seu nascer, o seu se pôr; o nascimento de uma alvorada; o canto dos grilos à noite, o cheiro da terra molhada após um calor escaldante; o sorrir de um homem que conseguira realizar seu sonho, o chorar pelo nascimento; o próprio sonho, a vida, a família, o universo em comunhão com nossos ideais, nosso projetos edificantes, a busca por Deus nas mínimas coisas; o acordar em Deus, o dormir em Deus; o sagrado nos símbolos, o símbolo como ponte para a compreensão do Todo, ou parte Dele.

As amizades de coração, o abraço no irmão-amigo-irmão... A resposta a um enigma que há muito nos enlouquece; a saída de um problema, a paz, o encontro, a saudade... A existência por si mesma, os enigmas da vida, da morte... A liberdade!

Todos são elementos nobres para a consecução da felicidade humana e muito mais. Assim, é natural que, em todas as leituras clássicas, todas elas, sermos remetidos a meios nos quais a própria felicidade é o foco principal. Em Aristóteles, Sêneca, Platão, Lao Tse, Esopo, Cícero, e em outros filósofos e não filósofos, como Humberto Rohden, Tomas More... haver de maneira distinta, porém não gratuita, o caminho para a felicidade...

Hoje, em razão da complexidade com a qual lidamos o nosso tempo, e pelas ferramentas em falta, somos obrigados a chamar de felicidade até mesmo a boa fase pela qual passa nosso time do coração – se nosso time vai bem, estamos felizes.

Os tempos mudam, os comportamentos, as falas, as dificuldades, e somos obrigados embutir em nossos sistema, qualquer que seja ele, valores, e dentro deles a nossa opinião sobre qualquer coisa, inclusive acerca da felicidade, não importando se significou algo ou não no passado, não importando se violamos naturezas, leis... Não, não importa isso. O que realmente importa é a felicidade, representando ou não o que representou ou representa em sua totalidade.

Nossa ‘realidade’ se esconde dentro de nossos interesses e, se não conseguimos realizá-lo, alcançá-lo, a felicidade nada mais é que um artigo de luxo – quer dizer, daqueles que sempre conseguem, honestamente ou não, seus objetivos.

Assim, sempre levantando castelos de areias, ao vento forte, inclinamo-nos a dar responsabilidades a todas as filosofias e religiões, ciências, estudiosos, governos ao que é de nossa responsabilidade. Nunca, jamais, batemos em nosso peito e dissemos “Eu sou o responsável por isso, portanto eu sou o culpado pela minha infelicidade”. Nada melhor que estar livre de pesos, de problemas, de cujo grau de dificuldade somos regadores.



Na Bíblia diz “Plantai e colhei”. Uma máxima que há milhares de anos já diziam os sábios que conheciam a grande lei universal, sem a qual não vivemos, nem se, por acaso, batermos as botas... Nas entrelinhas da bíblia cristã encontra-se a felicidade, assim como também na máxima budista “Encontre o caminho do meio”. Entender? Ah, mais isso não seria nato de seres que se importam apenas com o próprio umbigo. As máximas capitalistas sem moral alguma falam muito mais alto. Claro que estou sendo um tanto quanto genérico, pois, de alguma forma, para a sobrevivência numa selva, qualquer selva, até mesmo as de pedras, precisamos de máximas de pedra.

O capitalista tem sua meta: ser feliz com o que tem, ou com o que pode obter; o homem espiritual não precisa de nada, pois já possui a felicidade. Ele é a própria. E assim podemos sê-lo. Estamos longe, muito longe, mas podemos.

Como já diziam os mestres, “já possuímos tudo e não é necessário mais pedir a Deus seja o que for.” Para alguns, a realidade dessa frase nada mais é que uma forma de confrontar o pragmatismo religioso com a filosofia ateia. Não se pode desnudar, no entanto, uma verdade que há muito nos aparece como meia verdade. Isso só vai confundir muitos.

O que querem dizer os mestres é que a vida já nos dá o que é justo (assim acreditavam os egípcios), portanto o que nos rodeia, o que nos faz ser materialistas ao ponto de correr atrás de nossas “felicidades”, nada mais é que complementos circunstanciais. O que nos faz acreditar que tudo o que conseguimos para nos vestir, morar, comer, beber, trabalhar, até mesmo viver são felicidades reais e concretas são os homens de todas as épocas. Até mesmo alguns filósofos. Contudo, ao se deparar com a serenidade de uma verdadeira felicidade, o filósofo vê, percebe, se eleva e se torna um homem no sentido mais divino da palavra. Sabe que nada sabe, sabe que é natural os ciclos da vida, e sabe porque acontece, no transcurso de todas as vidas, a necessidade de ser feliz com o que tem, com o que pode um dia ter.

Esse filósofo já é um sábio , não é mais aquele que busca a verdade, pois já a tem. E sábio não precisa de ler livros para descobrir o sentido das coisas, pois já sabe o porquê delas. Sabe da real necessidade da miséria humana, o porquê da corrupção, do desamor, das lutas vãs entre os homens, dos maiores problemas que atingem nossos corações... da mau política.

A felicidade do sábio vem do conhecimento. E todo conhecimento significa, em seu âmbito, um processo de consecução interna por intermédio de evoluções individuais, não massivas. Todo homem tem esse poder interno, basta vivenciá-lo em seu trabalho como ser humano, dentro desse contexto no qual os deuses lhe propiciam a cada vida. Caso contrário, encontrará, de terceiros, uma felicidade embutida de fora para dentro, perdendo assim sua identidade.

O sábio existe como forma de nos alertar que somos possíveis, não impossíveis, realizadores de nossos desejos. Porém o sábio o é porque sempre se importou com todos, amou a todos, mas, primeiramente, buscou entender, no germe, o âmbito da palavra amor, que, com certeza, nos faz realmente felizes.

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