terça-feira, 28 de junho de 2011

Comunicação. Uma ponte longe demais





“Comunicar-se é criar pontes”.

Se voltarmos à era das cavernas, veremos homens e seus semelhantes na tentativa de se comunicar de várias maneiras – com gestos, falas, gritos --, com objetivos naturais da sua espécie, um tanto quanto involuida estruturalmente em relação a nossa. Veremos um homem que vive por instinto, por isso a comunicação se limitava a objetivar a caça, à comida, ao resguardo do frio, à proteção da espécie... O que (quase) não diferencia da atual. Mas, de alguma forma, havia a comunicação.

Porém, por serem instintivos, por não terem o racional (razão) evoluído, morriam sem saber o porquê, encalhados em montanhas, em precipícios, isolados das aldeias de onde saíram. Daí a necessidade da escrita. De deixar em cavernas, em rochas altas, até mesmo no próprio chão um pouco do que foram.

Muito depois, sumérios, em escritas cuneiformes, egípcios, em pergaminhos, cujos ancestrais eram de tribos mais evoluídas, transpassaram a teoria comunicativa e conseguiram levar o ser humano a uma evolução sem precedentes... A comunicação não só com outros homens, mas também com o sagrado.

Na realidade, talvez houvesse precedentes, mas não se sabe, ainda, quais foram. Falar da história da comunicação humana é uma tarefa árdua até mesmo para os estudantes, os quais pesquisam, pesquisam e caem em outra realidade, aquela que diz que estamos ficando mudos e esquecendo a escrita.

E hoje, após milhares de anos com o advento da escrita, bilhões de livros foram escritos, milhões de escritores foram consagrados, milhares foram reconhecidos, dezenas sabem escrever, alguns se escondem, e um e outro nasce na certeza de que a comunicação se faz necessária a todos.

Após milhões de anos, datados da capacidade de falar, em qualquer linguagem, menos a marciana, o homem está desaprendendo o que os deuses lhe deram como forma de unir, não apenas pela necessidade, mas para criar a harmonia entre os seres – a comunicação.


Internet

A internet, a maior rede de interação já criada pelo homem, veio para diminuir a distância por meio da interatividade, além de facilitar a vida diária dando-lhe espaço para outra iteratividade, a da família.

Contudo, como uma faca mal usada, a rede mundial de computadores tem sido um meio polêmico dentro do qual alguns só a usam para encurtar a distância, mas outros para distanciá-la ainda mais, desestruturando organizações familiares, sociais, filosóficas, o que vai de encontro ao que a comunicação sempre almejou – a união por meio do diálogo pessoal, como antes o era em uma época em que os computadores não eram tão essenciais.

A distância é um fato, principalmente entre os jovens que possuem uma certa resistência à escrita e, graças à criatividade nata, criam seus símbolos – homens das cavernas modernos? – e disseminam como forma de comunicação (e é) por estarem longe (ou não muito) de seu amigo, namorada, família, criando uma nova era, a era da comunicação fria, impessoal e... necessária.

E os computadores crescem em número. A última pesquisa diz que o Brasil está entre os países com o maior número de terminais no mundo. Isso poderia uma realidade da qual poderíamos usufruir de maneira que não sentíssemos mal, ou seja, se cada computador fosse um meio apenas de pesquisas, de utilidade educacional, visando apenas a melhoria de uma sociedade, tudo certo; todavia, temos em mãos jovens (e adultos) com personalidades sem disciplinas revelando seu lado vil, grotesco, incitando não só a desunião, como também o medo de comunicar-se pessoalmente um com o outro.

Ali, aos se expressar de forma livre, sem leis que os restrinjam, os jovens se sentem mais à vontade com pessoas que conhecem ou ainda não conheceram. E criam perfis (personagens fictícios ou não) em uma esfera da qual não conseguem sair, graças a essa liberdade, a essa (re) educação sem base.

Orkus, Tweters, Blogs...

E na consecução dessa realidade, ainda que irreal, foram criados sites de relacionamentos dentro dos quais jovens são levados a se mostrarem de forma espontânea, às vezes, até demais. Muitos, em orkuts, colocam fotografias mostrando seu talento físico (não confundamos com inteligência!), suas aventuras em paqueras, e mais fotos cujo protagonista – o dono da página – se mostra beberrão, fanfarrão, em festas cujo teor se confunde com um antigo ritual no qual os homens das cavernas gritavam e berravam para obter a fêmea.

Nesse mesmo site, meninas se expõem como forma de se mostrarem ainda atrativas aos homens, aos jovens, a todos. Seminuas, nuas, cheias de charme, propagam o que debaixo das pontes, em boates, em esquinas se vê, apenas de maneira mais contundente e livre – a prostituição virtual, moderna e natural.

A explosão dessa liberdade, seja ela dentro ou fora de casa, tem levado vários jovens a ficarem mudos, pois, quando falam, não conseguem pronunciar uma palavra correta; e quando o fazem, é melhor correr ao computador e baixar a cabeça em nome daquilo que só ele pode fazer, orkutar, twitar ou blogar aos amigos (ou seguidores – ninguém sabe de quê), da sua maneira (e idem seu amigo), relatando suas aventuras.


Volto no próximo texto...

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