quarta-feira, 15 de junho de 2011

O Morador do Terceiro Andar (ii)

“Aquilo que não me destruir me tornará mais forte”




Mas os problemas jamais tiveram esse objetivo, todos eles têm um propósito – nos elevar para o andar de cima! Ao encontro do morador do terceiro andar! Contudo somos chorões, pedintes, mendigos mesmo do dia a dia, clamado ajuda aos céus, às pessoas, ao mundo e nos embriagamos da melhor bebida para esquecer o que nos roça a alma.

O que nos roça a alma, lá no fundo, é a vontade de entender o que passa conosco, o que somos e para onde vamos com tantos fios, teias, algemas amarrados em nós. Estes são os nossos maiores problemas, tentar entender o porquê deles. Poucos sabem, no entanto, que, a cada passo que damos e levantamos, nos tornamos mais forte, mais preparados (pelo menos metade de nossa raça!), e seguimos para o maior deles: a morte.

A morte, pela falta de respostas, hoje ainda é o maior de todos os nossos problemas, pois nos reduz a humanos! Não há por onde correr. Ela, em nossa visão, extermina todas as nossas possibilidades de sonhar, de viver o máximo que pudemos, em amar em demasia, em conseguir o que não conseguimos em vida... Enfim, ela se torna o mal ao qual temos que obedecer. Mas a morte, talvez, seja um desses mistérios os quais residem no terceiro andar, ao lado daquele morador.

Fora esse “bicho papão”, é o “não viver” que nos atormenta. A falta de algo que nos eleve a personalidade, ou mesmo de algo que nos massageie o ego, como elogios, aplausos, sorrisos, abraços etc, nos faz menor do que acreditamos ser quando pendentes estamos de energia interna.

Não podemos depender de fatores externos para ser feliz. Temos todas as ferramentas possíveis para tanto. Alguns dizem que temos deuses e demônios em nós, e realmente os temos. A questão é saber entender cada um e saberemos de pronto que, até mesmo os demônios fazem sentido em nossa alma. Claro que depende do que chamamos demônios, pois somos analfabetos nesses termos e acreditamos que são seres que se infiltram em nosso “espírito” com finalidades tremendamente terríveis.

Sócrates, o maior filósofo grego, tinha um Daimon com o qual dialogava e lhe dava direção na descoberta da verdade. Enfim, cada um entende como lhe apraz o significado de tudo. Embora, de Sócrates para cá, houve uma derrocada dos conceitos, e hoje temos preconceitos em relação a tudo, principalmente depois da demanda cristã.


A ignorância como vivência



Temos sim que citar os grandes antes de qualquer empreitada filosófica. Sócrates talvez tenha sido o maior filósofo, mas depois dele houve seu maior discípulo, Platão, que continuou sua ideologia e racionalizou conceitos que, na época, eram proibidos citar. Para tanto, usou dos mitos. Dentro deles, falou acerca da imortalidade, da Justiça, do Amor, da Verdade, da Educação dentre outros conceitos que ajudaram o Ocidente a refletir e avançar nesses conceitos ainda que não saibamos.

Acerca de nossos problemas o mestre Platão dizia que sofremos por ignorância. É claro que temos que discorrer sobre isso. No quesito, devemos entender por ignorância aquilo de que não sabemos ou daquilo que fazemos questão de não saber, em razão de nossos interesses simples ou complexos – como, por exemplo, o medo.

O medo é como se fosse uma atmosfera criada em torno de nós – de cada um – com a finalidade de nos proteger dos males (entende-se por males tudo aquilo que não queremos entender por nos fazer mal), de nossos atos, de nossos pensamentos, de nossas más educações, de nossos segredos maléficos, de nossa vida cotidiana... Enfim, o medo, nesse caso, nos protege de algo de que não se pode proteger. Essa é a maior de nossa ignorância.

Outro exemplo, tentar fazer com que nossos filhos não sofram, com doenças, com os males do mundo; o que podemos fazer, de antemão, é simplesmente minimizar tais consequências advindas de uma causa desconhecida, outra conhecida, mas sempre iremos nos perguntar “por que nossos filhos?!” a Deus. E, antes de tudo, buscar compreender que somos humanos e que, se persistimos em nada saber a respeito de nós mesmos, sempre iremos sofrer mais ainda.

A sensação de que temos uma áurea impenetrável nos faz parecer supermans (ou supergirls!) com relação a tudo que detestamos. Não adianta... Somos cegos, somos ignorantes, somos humanos. E não há nada que nos faça ver a realidade da vida a que tanto nos clama para aquela visita no terceiro andar.


Volto para finalizar...

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