quarta-feira, 15 de junho de 2011

O Morador do Terceiro Andar

Aos meus sobrinhos queridos






Hoje, em meio à pressa do dia a dia, entre atropelos de corpos em terminais rodoviários, por pessoas tão apressadas quanto o metrô, quanto o ônibus, quanto o táxi... não enxergamos as necessidade vitais das quais temos que, realmente, viver. E sob o manto do desespero em chegar a nossa casa, fazer comida, ou mesmo descansar da cara dos chefes, passamos por cima dos mais simples valores a que devíamos ter pressa em entender... O manto humano, aquele que nos aproxima mais do que somos.

O manto humano é o espírito que navega entre nós a espera de um contato elevado, assim como um morador de um andar – vamos dizer do terceiro – pedindo que alguém se manifeste em seu favor, ligando, sorrindo, ou tentando encostar seus dedos pela janela desse andar tão “alto”, a fim de que, pelo menos, percebamos sua existência.

Contudo, prosseguimos em nossa empreitada pelo descanso após o trabalho, ou pelo trabalho melhor, nos distanciando de nossas obrigações com o morador do terceiro andar. E nos intervalos da vida, nos vêm os jornais, as novelas das seis, das sete, das oito, enfim, programações e atividades que nos desviam de nossas obrigações espirituais.

Mas quais nossas obrigações espirituais? Se somos espirituais, temos apenas que ser nós mesmos. Não nos confundir com nossas debilidades! Não somos debilidades, muito menos nossas educações! Somos mais que isso. Somos um pouco do que nos guarda aquele morador, que guarda preceitos divinos desconhecidos pelo homem.

Contudo, apesar de ser no terceiro andar, parece-nos uma distância cósmica, pois no trajeto entre ele e nós possui uma série de percalços dentro dos quais podemos nos elevar ou nos degradar, depende de cada um.

Porém, se somos afastados pelas intempéries diárias, não quer dizer que devemos seguir esse empurrão para baixo, pois, dentro delas, podemos trabalhar nossa espiritualidade. Não há outra forma. O ocidental, todavia, não tem o privilégio tibetano, chinês, ou japonês, os quais já nasceram com uma força magnífica interna com possibilidades de transpassar barreiras naturais, as quais para nós seriam castigos advindos de outros planos (Deus ou Diabo); o ocidental vê infernos em tudo!

Podemos vivenciar esses “infernos”, transformando-os em pequenas obrigações naturais pelas quais temos (repito, temos) que passar. Não há outra forma de elucidar os mistérios da vida, das pessoas, dos próprios problemas, sem que seja por vias divinas – assim como não há como tentar entender o andar de cima, sem que claudiquemos nos andares inferiores.


“Nada pode acontecer ao cavalo que não seja do próprio do cavalo”.


É simples, mas somos formados pela complexidade cotidiana, em entendimentos humanos e espirituais. Para todos os sofredores, tudo que nos acontece é um castigo advindo das duas maiores entidades universais – Deus ou Diabo. Não há como escapar delas! Se algo de bom nos acontece... Deus é o “culpado”; se algo de mal... Enfim, dependendo da pessoa, grupo ou mesmo sociedade, somos especiais ou amaldiçoados!

Nada é humano, nada é para aquele que cometeu a imprudência, por menor que seja, pois não aceitamos nossas consequências ou mesmo nos lembramos das causas que assim nos fizeram débeis ou física, biológica, psicologicamente cármicos.

Há algumas de que lembramos, outras não. As que lembramos, não aceitamos. Das que não lembramos, também não aceitamos. Porém, aceitamos quando algo acontece ao vizinho, pois sabemos de cor sua vida, e, assim, o que pode lhe acontecer...

Na realidade, vivemos como pequenos observadores de vidas e de suas consequências, seja na natureza física ou, como dito, com pessoas próximas, mas não aceitamos quando ocorre conosco – aí, a ajuda divina! “Socorro, Deus!”; “Me ajude, Deus!”; “Ajude minha filha, meu filho, minha esposa, a mim...” – Assim por diante...

Tudo pode nos acontecer. Não há seres especiais. Há alguns seres (elementais, ou anjos) que tomam conta de nós até uma determinada faixa de idade, mas, depois, tchau e bênção! Mas nada pode nos ocorrer que não seja da esfera humana. Não somos cavalos, macacos, nem mesmo deuses, portanto, o que temos que fazer é nos preparar e sermos fortes, usando todas nossas ferramentas naturais, as quais já nos é dada com o decorrer de nossas experiências vitais. Por isso, por falta destas, damos uma de imaturos frente a alguns problemas, pois há alguns que realmente nos destroem!












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