quarta-feira, 29 de junho de 2011

Prisão sem Grades



Já diziam os grandes mestres da humanidade que o homem sempre estará preso a ele mesmo. E estavam corretos. Depois de anos, precisei passar pela prática da grande prisão oculta e abstrata para entender o que estavam dizendo. Falavam de paixão, desejo, dor, suicídio, presságios, morte em vida, vegetar, deprimir... E eu era apenas o expectador de tudo. E sorria, e quedava ao chão, cerrando meus dentes pela vitória por nunca estar preso aquele cárcere da alma – o próprio corpo que sente, que pensa, que ama, se apaixona.. E leva a consciência do homem com ele.

E nesse cárcere privado de liberdade incondicional, sofrem os homens deveras por realidades que ele mesmo cria em seu coração, e que adentra em sua alma tal qual formigas em açúcar. São fantasias que corrompem o ser do homem, em nome dos seus interesses mais mórbidos, tais como o sexual, que, embora seja natural do próprio homem, o faz lutar por princípios falhos, como folhas secas ao chão, mais tarde varridas por uma ventania.

Pensei que a vitoria humana se baseasse em ter que conseguir algo ao seu lado, como luxos, matérias, e agradar ao próximo como uma criança que pela primeira vez serve a seu pai. Mas não. Estava enganado – assim como um guerreiro que luta com o inimigo oculto, somos parte de uma batalha mais oculta ainda, aquela que nos diz que somos feitos de carne e ossos apenas.

O inimigo está em nós, esperando o momento para viver o nosso corpo, saciar sua vontade ainda que não queiramos. O inimigo se expressa frio no inicio, e explode em momentos nos quais o desejo, a paixão, a dor e a violência se enraíza por pequenas causas. E percebemos que somos manipulados por nós mesmos, ou melhor, por uma parte de nós que almeja nos tornar monstros sem que sejamos; nos tornar animais, vegetais e ate pedras em comportamentos os quais se revelam em crimes, em agressões, ou mesmo em passeatas nas quais os ânimos dos idealizadores já bastam para matar em nome da paz.

O homem se revela em tudo, ou mesmo se desfaz em tudo. Em atos impensados, em tormentas discriminosas , e se perde em sua própria sacralização. Ele não consegue, graças a essa tormenta, definir sua própria religião ou mesmo o seu ideal. Nele, nesse ideal, se perdem vidas, em educações mentirosas, dentro das quais apenas a estatística importa, dentro da qual a vestimenta e o falar correto são objetos concretos, esquecendo-se de que, dentro da historia, houve mais que uniformes, estatísticas e salas de aula em nome do caráter dos homens. Houve, alem disso. Houve a busca pelo sagrado como a educação maior a que se pode dar ao homem.

A sacralidade, a que tanto buscamos atualmente, não passa de uma dor em joelhos, recheados de pedidos a um universo cheio de estrelas (ou um ente do outro lado delas) a escutar de fato todas as nossas orações. A sacralidade, em si, morreu. Nós a matamos. Transformamo-la em um ser necessário. Pois o homem moderno --, eu e você que lê esse blog – estamos em uma esfera decadente de valores, inclusive do principal, do amor a si mesmo.

O homem moderno quando vai ao encontro dos seus interesses produz adrenalina, loucuras, empatias, a transformar seu caminho em meras pedras pontiagudas. Não podemos ser assim. Quando se vai ao encontro do sol, seus raios já nos direcionam ao seu caminho, ainda que sob percalços dolorosos; não o contrario...

E nessa tentativa vulcânica que o singulariza em suas buscas, o homem se mostra – sem querer – mais homem do que nunca. Pois sabe que erra, mas que também determina seu presente e seu futuro. Sabe que sonha e que é o único animal que o faz. Sabe que seus olhos não são apenas duas janelas para uma visão ante a natureza, mas portas para um aprendizado tão maior quanto os seus sonhos. Por isso, não consegue parar nunca, não desiste, e insiste seja naquilo que o satisfaz, seja naquilo que o faz viver eternamente, seja naquilo que o faz morrer em instantes. Ele faz da sua busca a sua religião.



 

Um comentário:

  1. Isso foi profundo,mas verídico,isso e como o amor,queremos a pessoa amada independente de como ela esta só a queremos pq nos sentimos bem, não só o amor mas outros sentimentos,as vezes somos corrompidos,sim e necessário que haja leis,ordens, ética regras,mas com tudo isso aqueles sentimentos que nos faz bem perdem a razão, não ha como explicar no concreto o que sentimos, não vemos,mas e necessário pq só assim descobrimos a felicidade,e as vezes e necessário correr atras dela nem que seja por 5 minutos,sair desta cadeia que nos corrompe de ter o prazer da liberdade com aquilo que nos faz bem ! http://beth-myversus.blogspot.com/2011/01/cadeias.html#links

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"É ótimo ter dúvidas, mas é muito melhor respondê-las"  A sensação é de que todos te deixaram. Não há mais ninguém ao seu lado....