terça-feira, 21 de junho de 2011

A Distância entre o Bem e o Mal



Não há distância. É o que posso dizer. Os dois caminham juntos como o amor e ódio, luz e escuridão, paz e guerra. Uma fagulha apenas separando-os. Tão estreita quanto às lâminas de Cuzco – fina distância entre um bloco e outro, feitos na cidade Peruana pelos maias. Dizem que somente uma lâmina passaria entre os blocos da pirâmide...

Assim eu vejo, dentro de minhas experiências com pessoas dotadas de amor, o qual, na realidade, se desmonta pela mínima desconfiança, ou mesmo por menos do que isso. Mas será que o amor [dentro do que achamos que é] é um ser tão volúvel a ponto de se desestruturar com pequenas linhas de pensamentos que o levam a sair de sua esfera de paixão, carinho, paz, humanidade...? E muito mais?

Bem...Então, temos que rever nossos conceitos sobre o amor. Ou mesmo dar outro nome a esse sentimento que decai à medida de nossos interesses. Porque, se somos dotados de amor é ódio, qual é o que se sobressai? Temos que dar espaço a um deles, não que eu esteja propagando ideias acerca do mal, mas é preciso que saibamos lidar com os sentimentos, dar voz àquele ser que nos quer mais humanos, mais fértil em compreensão, entendimentos, e não àquele que nos faz separatistas. Há, em nós, algo de belo por mais bruto que sejamos! O inverso não nos interessa.

O que nos resta, por assim dizer, é buscar uma maneira de aumentar a distância entre o bem e o mal. Não podemos deixar que nossas naturezas interesseiras, desequilibradas, frias, egoístas, tomem conta de nossas almas na hora de tomarmos uma decisão. Pois geralmente as decisões são tomadas depois de bem pensadas, portanto nos cabe o amor, a compreensão, a humanidade, não o inverso. Claro que há corações magoados, que não suportam a frieza da vida, e se vingam em suas ações, mas depois se enclausuram sozinhos dentro de suas garrafas, nas quais lembranças de um passado de tropeços, desumanidade, solidão são focos de conversas intermináveis em bares, acompanhados de uma loira (cerveja).

O bem e o mal são relativos. Não absolutos. Platão falava de um Bem absoluto do qual podemos extirpar apenas o sol como grande exemplo dele. O sol ilumina a todos, a tudo, com ou sem maldade, a toda humanidade, sem mesmo nos perguntar “quem merece o meu raio?”, não é mesmo?. Esse é apenas um risco do que o mestre nos legou acerca do Bem, o mal seria a falta daquele. Mas o nosso bem diário se manifesta em decisões rápidas, dentro das quais dança o mal e seus elementos mais ocultos.

Dentro do nosso bem -- o relativo --, as incertezas de apertar a mão de alguém, de falar com a pessoa solitária nas ruas, do abraço quente nesse frio interminável, pairam como nuvens ainda mais ocultas. É por isso que o mal prevalece em determinadas horas, minutos e até segundos quando não o desejamos, pois o ‘nosso’ bem, para quem não sabe, já vem com uma máscara invisível de maldade. E passamos batidos na desconfiança, com aquele sorriso frio, sem cor. Passamos ao lado da criança que chega sorridente, porém o nosso bem a vê como uma maltrapilha e mal educada e suja a ponto de desvencilhar-mos da pobre criatura desejando nunca mais vê-la.

Contudo, como bem, que é, vem em nossa mente que “aquele sorriso” maroto a fez bem e que não mais é preciso dar-lhe mais nada, apenas isso, e pronto. O nosso bem, no fundo, é hibrido com o mal e não sabemos quanto.


(Volto no próximo...)

Um comentário:

  1. "Há, em nós, algo de belo por mais bruto que sejamos. O inverso não nos interessa."

    Queridíssimo RegisBama, que constatação mais certeira e benta!!!! Por isso que digo: é uma honra, simplesmente uma honra, trabalhar ao seu lado e compartilhar da sua diária gentileza e humanidade!

    Parabéns por mais um texto do bem!

    Abraço fraterno,

    Lulupisces.

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