terça-feira, 31 de julho de 2012

O Declínio das Instituições

Afundamos como árvores mudas a pedir socorro.




Quando ouço os grandes sindicatos nas ruas e suas falas em microfone, chamando os trabalhadores para uma greve, ou quando passo no meio da Esplanada dos Ministérios e vejo aqueles prédios enfileirados em nome da burocracia, além do próprio Congresso Nacional, que fica no meio deles, ornamentado com duas bacias, cada uma com um sentido diferente – emborcada para baixo e outra para cima – dá-me a perceber que estou transitando em meio a um mundo que não funciona, e que nasceu apenas para enfeitar os olhos da gente.

Já faz tempo que as instituições não funcionam. Todas elas, sem exceção, parecem trabalhar em conjunto com a finalidade de não satisfazer qualquer cidadão. Na Esplanada, os ministérios da Saúde, do Trabalho, da Ciência e Tecnologia, além dos outros não citados progridem para que o servidor ganhe menos, se vista mal, e entre em quadrilhas nas quais se ganha até o triplo do normal.

Da parte dos cidadãos que precisam daquele serviço, ou seja, do atendimento cortes, da amabilidade, muito mais que a prestação concreta do serviço, fica-se a desejar, pois não se tem respeito ou disciplina para receber ou tratar qualquer pessoa, seja em ministérios, seja em câmaras, senados, tribunais, enfim, além da grande burocracia real que assola os meios institucionais, temos o grande problema da humanidade – tratamento, comportamento, respeito, além da ética profissional e humana que não vigoram, graças à falta de educação para tanto.

No ramo da Saúde, temos os hospitais... Meu Deus! Quando me refiro a este, vêm-me à tona cenas horrendas de morte em corredores, de mulheres e crianças a pedir ajuda em meio ao caos da falta de médicos; das dores de mulheres grávidas em serviço de parto, com profissionais cuja paciência é tão inexistente quanto agulhas em deserto. Nesse ramo, até mesmo em serviços particulares, a precariedade assume o papel de médico. Resultado, a morte ronda sorridente como se estivéssemos em meio a uma batalha na qual somos apenas inocentes em busca de um general oculto...

Na Antiguidade...

Roma

Após tempos passados, Roma transformou-se num caos ideológico e partidário, na qual homens e mulheres foram tão culpados quanto qualquer general, qualquer senador. Digo porque a natureza de Roma era virtuosa, na qual a religiosidade imperava em qualquer das instituições, por isso, antes de entrar em decadência e ser levada no bico pelos cristãos, Roma foi uma das maiores cidades nas quais o homem pôde dizer com orgulho que um dia houve no mundo algo que realmente funcionou.

Não havia partidos como hoje, mas havia senadores os quais sabiam o que se passava com o povo, assim, em suas grandes experiências de pater-familia, tinham a possibilidades de dar a eles o que realmente necessitava. Para se ter uma ideia, houve uma época em que todos os cidadãos sabiam de seus direitos, e não eram poucos os cidadãos. Na realidade, havia a grande necessidade de todos se defenderem do próprio homem e ao mesmo tempo respeitar as grandes leis romanas.



Era uma falha enorme, e as sanções eram maiores ainda, quando um cidadão romano desfizesse de suas obrigações para com a mãe-Roma. Ir de encontro às leis era ir contra os deuses, e assim, a depender de quem as violasse teria todos os seus bens tomados pelo Estado. Até aí tudo bem, mas o pior viria depois. E esse castigo era muito pior que a morte. O cidadão que não cumprisse seu papel ou mesmo um grande general-guerreiro cujos atos fossem sem qualquer ideologia nos moldes romanos... Seria expulso da Cidade.

O amor a Roma era tão grande, que a consideravam como um paraíso terrestre, pois, ali, uma cultura que abrangia todas as culturas, respeitava-as, amava-as, e ao mesmo tempo retirava delas sua essência, poderia ser considerada por todos os cidadãos – até os atuais – como única. E realmente o era.

Não foi por acaso que Roma reinou durante séculos, e até mesmo seu jeito de combater, viver, ajudar, colonizar, nunca foram esquecidos. Prova maior eram seus soldados, que, com poucas ferramentas – digo, em relação aos soldados de hoje –, levavam mochilas, nas quais havia além de armas, também havia ferramentas para fabricar pontes, se necessário. Há países europeus que, por amor àqueles grandes homens, possuem, até hoje, estradas e pontes construídas há séculos.


Egito

Por falar em edificações, não poderíamos deixar de falar dos maiores e melhores profissionais e humanos que já tivemos no mundo, os egípcios, que um dia mostraram com seu trabalho a possibilidade de o homem unir-se ao sagrado de maneira tão viva e bela, através da construção das pirâmides – mais de duzentas em todo território egípcio – as quais, segundo contam “todos se preocupam com o tempo, e o tempo se preocupa com as pirâmides”, pois, pelo que nos passam, são eternas, sejam em simbologia, seja na edificação... Deixando rastros eternos de mistérios.

Não eram apenas as pirâmides que deram certo; na época dourada egípcia, o grande homem-deus, a instituição em pessoa, não falhava para com seu povo. Sempre havia comida, bebida, água, moradia, festas, educação, filosofia, teatros, tudo nos moldes daquele país.

Hoje, no entanto, buscamos apenas entender os mistérios de suas construções, o que sintetiza nossa ignorância, pois não aceitamos quando cientistas dizem que não havia escravidão à época, e que o cidadão egípcio trabalhava com Amor ao sagrado, sorridente, cheio de uma fé real que abarcava toda a nossa, que sempre pensou em retribuições financeiras após um dia de trabalho.

O cidadão era tratado como um ser sagrado, pois não era mal tratado, e sim como filho do faraó, que sempre o via como parte de seu corpo, e por isso o respeito e o amor a ele.


Democracia

Hoje, as instituições se baseiam em leis e artigos que se sintetizam a falha humana em respeitar as suas próprias leis. Pois quem as interpreta não é o povo, o mais digno a entender e ser respeitado, mas o senador, o deputado, o presidente, o governador, até mesmo o vereador corrupto, mas o povo, aquele para qual se deve governar, nunca, pois escolas são sinônimos de circo.

Quando nos deparamos com ONGs que roubam, ou sindicatos mentirosos, com homens que se infiltram na presidência apenas para ganhar o poder e nele traduzir sua espúria educação... Quando senadores idosos são pegos em armações milionárias e não são presos, ou deputados que se candidatam para fugir da polícia; quando tudo isso é posto em paralelo à educação nacional, à saúde decadente, à falta de cultura, de leitura, de amor, de respeito... A palavra Democracia se torna obsoleta, pois se torna sinônimo de continuidade de um mal voluntário.

Fica aqui o desejo de que voltemos nossas reflexões ao que tanto queremos e pedimos, respeito a nós mesmos, por meio da palavra, de nossos atos coerentes, de nossas andanças em meio a um sol quente, mas também fica aqui a dor de um dia morrermos e nunca ver um filho feliz pela falta de exemplos advinda daqueles que governam.

Isso, só nos livros.



segunda-feira, 30 de julho de 2012

O Banho Quente dos Romanos

Batalhas romanas: o banho quente como culpado.




Dizem que a água fria no corpo é uma forma de energizar-se,  pois atinge a nossa parte prana (enérgico) em cheio, e recua nosso cansaço físico e psicológico, ainda que seja até a saída do banheiro. Depois, voltamos na preguiça...

Um dia, perguntei a um professor de História que sabia muito sobre história clássica, sobre o que o havia acontecido com Roma, um dos maiores impérios da Antiguidade, por der caído, e ser tomada pelos bárbaros. Sua resposta foi sucinta... “O que acabou com Roma foi o banho quente”, disse ele, sem olhar para mim, que, ao perceber que ele estava por fazer algo, não insisti muito...

Sei que o que fez Roma cair foi mais que isso. Por ter trazido em seu exército homens de diversas nacionalidades, a defender uma pátria que, na realidade, já estaria em desacordo com os vieses sagrados aos quais obedecia, trouxe uma das maiores consequências de que se tem notícia, pois um homem pode até defender a sociedade em que viveu, mas morre pela família na qual nasceu...  E Roma esqueceu-se da família.

O “banho quente” dos romanos foi a falta de atenção àqueles homens que foram recrutados e que não deram a alma à Roma, como seus guerreiros naturais. Aqui cabe uma outra observação: pode até ser real o que o grande professor nos colocou, pois a história não mente quando diz que, um dia, antes mesmo de Leônidas, rei dos espartanos, ir à guerra apenas com seus trezentos, pois queria apenas guerreiros natos de Esparta nas guerras, não padeiros, açougueiros ou mesmo sapateiros voluntários. Estes, ainda que fossem fortes, atenciosos, brilhantes no exercício, não eram guerreiros natos, o que, para o rei, era uma qualidade mais que necessária para obtenção de suas vitórias, era a realidade espartana.

A Energia dos Homens


A energia a que tanto buscamos depende de fatores externos, assim como foi explicitado, mas muito mais de internos. Uma pode ser consequência da outra, ou seja, se nos mostrarmos fortes sempre em cada momento da vida, e sabendo lidar com essa força, sem deixá-la cair, estaremos demonstrando que há mais energias internas do que fora.

Ás vezes, uma palavra de alento, que burla nossa alma no momento mais frio, pode-nos transformar em super-homens por alguns momentos. O contrário também pode vir a acontecer, isto é, o que nos deu energia pode nos desestruturar tão fielmente quanto àquela que nos deus força.

A força também pode vir de grandes livros clássicos, nos quais grandes homens como Julio César, Alexandre, Ramsés, foram seres humanos, tais quais a nós, que conseguiram feitos tão grandiosos, que não se puderam destruir com o tempo, e mais, a forma como lidaram e venceram suas batalhas mesmo em momentos críticos, dos hoje duvidamos, mas acreditamos ao mesmo tempo.

Tais homens, ainda que referências para nós, tiveram suas energias em deuses, em máximas, em batalhas, pois eram apaixonados por elas; tiraram suas energias na educação, no conflito, no trabalho sagrado, e nas edificações ao oculto.

Mas para que energia?


A energia, assim com a do sol, como a luz própria de certos animais, da própria natureza, revela a grande alma e seu objetivo de subir aos céus, mas, em nosso caso, ainda que a tenhamos com seus ideais celestes, não podemos dizer que, hoje, “chegar aos céus” é a finalidade precípua dela, mas, pelo menos, realizar, em alguns momentos da vida, nossas atividades práticas, saindo de casa, caminhar, correr um pouco, vivenciar alguns espetáculos, enfim, de alguma maneira – ainda que seja soltando-se em uma discoteca – devemos desmistificar o fato de que não precisamos de tais coisas em razão de sermos velhos demais, ou mesmo colocando culpa no frio da época. É claro que esse recado não para todos rs, pois há muitos da melhor idade que acordam antes do sol nascer, com toda sua energia caminham quilômetros, e voltam a seus afazeres, bem cedinho.

A energia desses grandes seres é como vulcões adormecidos que explodem na manhã loucos para viver em função de algo natural e bom. É a vontade de viver, de está de pé, elucidando os mistérios da vida – brigando, amando, sonhando acordado, sentido a força que vem do céu para a matéria, e esta a ficar mais forte quando se tem um principio a cumprir durante o dia ou mesmo para a eternidade.

Quando minha querida mãe era viva, acordava, "suiçamente", todos os dias seis da manhã. Poderia dormir às três ou quatro horas, não importava, suas pernas fortes, mente e corpo, saltavam da cama como uma adolescente de setenta anos. Ia comprar o pão, varrer o quintal, prender o cachorro, fazer o café, e prepará-lo para todos os "anciões" de quinze a vinte anos de idade, limpar a casa, ligar a tevê, comentar as notícias e, enfim, começar o almoço às oito, para que, ao meio dia, estivesse pronto, e se este ultrapasse a hora, ela sempre dizia "já é de noite"! -- que mãe linda!

A nossa eternidade, como diria o grande mestre, está longe, mas isso não nos faz desatentos em relação ao nosso papel maior, que é o de tentar ser um pouco melhor a cada dia, nas mínimas coisas, mas muito pelo contrário: nos faz felizes, pois, aqui e agora, temos o perfume da natureza, os raios do sol, temos os sorrisos dos inocentes, temos a verdade das mães, temos o amor como ferramenta de união, ou seja, temos, sim, um pouco da eternidade...

Mas para conseguir sentir esse grande manto em nossos ombros, é preciso se tornar um pouco romano, antes do banho quente rs, ser guerreiro, defender a família, ser humano, ser forte, e lutar contra o mal que nos desafia todos os dias.

Para isso, é preciso levantar da cama, fazer suas orações, pois sabemos que somos parte do divino, assim como o bem e o mal o são, abraçar nossas causas, e sentir nas veias a energia, por si só, fazer seu papel.

sexta-feira, 27 de julho de 2012

Homens, Mulheres e o Terceiro Elemento






É sempre bom ressaltar textos que venham a falar um pouco deste tema saudável e ao mesmo tempo polêmico – ou que polemizam --,  porque, como venho sempre a dizer, estamos a perder a essência do que realmente somos, ante a tantas disparidades sexuais modernas, a que somos submetidos, e porque não violados graças a opiniões de homens e mulheres que se especializam em seres humanos, e ao mesmo tempo se contemporanizam a partir de exemplos estanques do dia a dia, ou seja, sem que possuam uma natureza explicativa desde a sua raiz...

Mas, segundo nos consta, nós, seres modernos – expressão temerosa...! – estamos tentando, de algum modo, criar novos valores a partir de nossos erros do presente, e do passado, contudo violando regras antigas que nos deram mais que resoluções para dúvidas acerca do que realmente somos – homens e mulheres – mais que isso, nos deram respostas. E muito mais.

A antiguidade – ou melhor dizendo..., – o conhecimento acerca de nós mesmos tem ultrapassado gerações, todavia, ainda que fosse um trem que parasse em todas as estações, não conseguiríamos entrar nele ou mesmo entender sua estrutura, pois somos passageiros de um outro trem que, sem qualquer maquinista no principal vagão, corre em direção ao vazio, quiçá um precipício, no qual muitos já se foram em nome do nada... E assim são os diversos sistemas humanos.

Porém, no tocante às opiniões acerca de Homens e Mulheres, ainda sim, somos mais ignorantes ainda. Pois, depois que nos surgiram elementos que nos confundem sobre o que somos, todos os dias, o homem ou mesmo a mulher se olham no espelho e tentam se identificar, apalpando-se, fazendo gestos típicos dos gêneros, e engrossando ou mesmo afinando suas vozes, na tentativa de impor-se ou simplesmente refugiando-se no que acreditam ser... homens ou mulheres.

E nesse medo explicito de não ser um “elemento duvidoso”... tentam educar seus filhos, a ser o que são, homens e mulheres, ainda que visualmente apenas se pareçam, têm a certeza do que realmente o são.

O Leque Humano

... Na verdade, estamos fugindo de uma terceira possibilidade e nos esquecendo de que um homem não é simplesmente um ser físico, que difere da mulher biologicamente – olhando dessa forma, vários homens se diferem. Assim também no campo feminino, o qual, graças aos deuses, ficam bem claro com suas curvas, andados, falas, modos... Gestos, enfim, ao contrário de nós, que somos eretos, fortes, às vezes, magros, gordos ou não, diferentes em tudo...

Hoje, se abrirmos leques e mais leques de possibilidades, dentro das quais há homens que se pareçam com mulheres em andados e falas, e mulheres que se parecem com homens em falas, andados, comportamentos... Teremos várias modalidades de seres humanos que não são homens nem mulheres. Não pelo fato de fisicamente serem contraditórios em seus andados, falas, etc, mas em algo mais interno....

Se fizermos uma análise estruturada no passado, veremos que até mesmo no inicio dos tempos havia humanos cujo comportamento também era contraditório ao seu físico, ou seja, tinham a aparência de homens e mulheres, mas não o eram, graças a quesitos mais específicos como o gosto, o prazer, o atrativo por outras do mesmo gênero – o que, a principio, nos faz diferir o homem biológico da mulher biológica, mas, antes, nada mais que normal, pois eram homossexuais. E pronto.

Isso, no entanto, não os fazia menos humanos que um homem ou mulher. Pois, na realidade, seus comportamentos, ainda que soe triste aos preconceituosos de plantão, não faziam tão efeito quanto à sua humanidade, que nos passavam no passado. Porém, assim como o comportamento do homem e da mulher, a decadência foi tomando conta do que realmente interessava a todos, a humildade de ser o que é, no sentido mais aristotélico da palavra.


Ser Homem

Assim, lembrando, ou mesmo sem lembranças, o homem prossegue com sua confusão interior tentando levar esse percalço voluntário em si, que transformou-se em preconceito, a um mundo que precisa mais que isso, ou melhor, que não precisa disso, e sim buscar, com unhas e dentes, reverter esse processo patológico dentro qual se vão gerações e gerações em vozes uníssonas contra outros seres humanos. É o preconceito coletivo, transformado-se em doença incurável.

Então,

Ser homem, não vamos nos esquecer, é entender que há várias possibilidades naturais de várias espécies na natureza que possam amar e ser amadas, pois são seres humanos (qual o problema?). Ser homem não é reivindicar o amor e achar que é dono dele. Ser homem é ter atrativo pelo sexo oposto, a mulher, não apenas sexualmente, mas trazê-la ao seu corpo como uma asa que lhe falta.

Ser homem é disciplinar-se em relação ao que somos e queremos, e lutar por isso; ser homem é ter o respeito próprio no quesito ser e não ter. Ser homem é compreender que a natureza não é apenas um ser à parte, mas um todo no qual ele, o homem, é parte assim como um microcosmo dentro de vários cosmos, assim estes dentro do maior – ad infinitum!

Ser homem é compartilhar não com o outro apenas, mas com o grande universo o que vem do coração. E, além disso, ser digno, herói, ser pai, ser amante da vida, e companheiro, etc, etc, etc!

Ou seja, ser homem, de verdade, há de convir, é tão difícil quanto fazer uma nave com as próprias mãos e chegar à lua! Não é difícil, é só seguir os caminhos dos grandes homens, os quais com o tempo podem se apagar, mas podem ser seguidos ainda sim, pois são fortes, verdadeiros, belos e nos protegem do mal que criamos, até mesmo das patologias.

  
Mulher

Mulher é, antes de tudo, ser feminina, ou seja, não feminista, o que poderia uma coisa não anular a outra, porém o faz. Na maioria das vezes, as feministas querem seus direitos – o que é notório e belo – mas, hoje, reivindicam sua liberdade em ser o que não são, ou seja, igualitárias em direitos e obrigações para com os homens. Outras, confusas, sem saber o que são, são transeuntes nas ruas a amostra como carnes vivas em nome de uma liberdade, ainda mais confusa.

Ser mulher é ser um ser determinante, prático, amável, doce e maravilhoso. Ser mulher é saber se vestir de acordo com a natureza, não com os seus propósitos sexuais; ser mulher é viver em função dos deuses, de Deus, de algum modo, como uma ponte natural entre Ele e o homem. A mulher é e sempre será a paz, a coragem, a dedicação – seja aos filhos, ao marido... Ser mulher é a dação pura ao sagrado.

Hoje, no entanto, em razão das anomalias dos tempos, desconhecemos o ser mulher, pois se transforma a cada dia, assim como o homem, em um ser desconhecido, estranho à sua origem, ao seu propósito.


FIM

Não sei dizer o que é ser mulher, nem mesmo aquele elemento discriminado pelos anos a fio, pois sou homem, mas respeito – aristotelicamente – todos os seres, indiscriminadamente, e tento, todas às vezes em que há o mal advindo deles (até mesmo de nós mesmos), não generalizar ou rotulá-los, porque são e somos seres que nascemos e morremos, e, dentro dessa grande viagem, erramos, e muito.

***

O Homem e A Mulher


O homem é a mais elevada das criaturas;
A mulher é o mais sublime dos ideais.
O homem é o cérebro;
A mulher é o coração.
O cérebro fabrica a luz;
O coração, o AMOR.
A luz fecunda, o amor ressuscita.
O homem é forte pela razão;
A mulher é invencível pelas lágrimas.
A razão convence, as lágrimas comovem.
O homem é capaz de todos os heroísmos;
A mulher, de todos os martírios.
O heroísmo enobrece, o martírio sublima.
O homem é um código;
A mulher é um evangelho.
O código corrige; o evangelho aperfeiçoa.
O homem é um templo; a mulher é o sacrário.
Ante o templo nos descobrimos;
Ante o sacrário nos ajoelhamos.
O homem pensa; a mulher sonha.
Pensar é ter , no crânio, uma larva;
Sonhar é ter , na fronte, uma auréola.
O homem é um oceano; a mulher é um lago.
O oceano tem a pérola que adorna;
O lago, a poesia que deslumbra.
O homem é a águia que voa;
A mulher é o rouxinol que canta.
Voar é dominar o espaço;
Cantar é conquistar a alma.
Enfim, o homem está colocado onde termina a terra;
A mulher, onde começa o céu.


(Vitor Hugo)


quarta-feira, 25 de julho de 2012

Nilo





Traz-nos vida na terra que um dia brotou
De suas faces ainda ocultas e das lutas
Que foram belas e sem armas, e bravas,
Mas nunca nos deixara em vão, senhor.

Veio como uma canção divina,
Do céu, do qual jorrou alegria,
E fez o homem dançar em folia,
Reverenciando os deuses que sonhou.

Tão bendita água que na minha boca veio,
Inundou um coração deserto,
Molhou meu espírito sério e poético,
E nos deu a beleza do alimento lírico.

Obrigado, Oh Nut, Atum e Osíris sem idade,
Talhadores de um céu amado
Cancioneiros de um cosmos alado,
Pelo Nilo que ecoa divino na eternidade.



R

Do Caos à Essência


Em meio ao caos, ainda há vida e esperança.



Em meio a um mundo voltado a guerras frias e quentes, cheio de injustiças sociais; um mundo onde países sobrevivem de restos de sua cultura, ou mesmo sem cultura em suas malas, além das imposições dos grandes déspotas, e deles a ruina de um tempo, e muito mais, podemos dizer que a cultura do ser está se extinguindo...

Talvez seja o nascimento de uma raça dominante no pior sentido da palavra, ou melhor, uma raça sem palavras, sem nexo, sem amor. E sem culpados, ela vai se encaixando na essência das coisas como  a dor em um osso, ou a saudade em um coração, porém uma saudade sem fim, sem que possamos fazer algo, como a queda de um bem querido em um precipício.

Nada podemos fazer, pois o que nos resta é olhar a queda do individuo da mais alta montanha, de um edifício, de si mesmo, e saber que vai sentir a maior das dores e morrerá, assim que se chocar ao chão, físico ou não. Mesmo assim, nossos sentimentos serão os mesmos, inamovíveis, como bandeiras ao vento gelado, presas ao mastro de nossas tentativas vãs, como uma brisa fina, fruto de nossa esperança por algo. Talvez por uma ventania que nos faça levantar e nos elevar...

Aqui, a espera desse vento, surgem os homens que acordam de suas consciências e refletem acerca do que fizeram com o mundo, tentam acordar e mudar suas estruturas frias, afim de que sejam vulcânicas e transformem suas vidas, a sociedade, o mundo em algo pelo menos simples, ainda que a beleza esteja longe.

Tais homens advêm daquele passado triste, porém dentro do qual havia o pequeno grilo de nossas boas ações, enraizadas em preceitos belos, e inatos, e por que não dizer sagrados? Estes homens nasceram com objetivos de transformar, ou mesmo transmutar um mundo, seja após as guerras nas quais houvesse mais mortos que vivos, seja em um mundo completamente em frangalhos, em que todos se questionam acerca da violência em excesso, da apologia sexual, e de outras apologias guardadas para o nosso fim.

Esses homens falarão, apesar de tudo, da simplicidade, do amor, da paz, da beleza, da vida, do cosmos, de Deus, de uma forma tão singela, que nos darão mais energias para compor nossas almas, que foram esquecidas ou pisoteadas pelos gigantes robôs criados pelos próprios homens, que, um dia, encontraram o desamor como resolução para os reais problemas físicos e espirituais.


Mas a árvore da vida não morreu, e em meio ao conflitos que nesse mundo há, ainda sim, sementes serão plantadas em nossos corações, sem discriminações, ou restrições; dar-nos-ão mais fôlego para uma nova jornada dentro de nós mesmos, pois o que nos levou ao precipício de nossos valores foram os descaminhos propositais daqueles que, enfim, não existem mais...

Agora somos apenas nós, os idealistas, aqueles que nunca morrerão, que acreditam que o barro pode vir a ser um dia um homem com um sopro divino, e que esse barro – nossos físicos, e nossas personalidades – seja levado, depois da essência, do sopro, da chispa, do sol embutido,  levado a crer que somos não apenas ambulantes em nome de uma inteligência vã, mas sim seres que andam, correm, voam, em nome de algo que subjaz a vã matéria: o Ser.

segunda-feira, 23 de julho de 2012

Por dentro da Caixa de Pandora



Esperança: um mal ou um bem?


Todos sabem que o mito sempre está à frente de tudo. Ainda há quem pense que o mito nada mais é que uma mentira inventada pelos gregos, com a finalidade de nos desviar das realidades a que vivemos. Digo que está mais pelo contrário da questão, que, se percebemos, nos revela que as ‘realidades’ a que nos submetemos são tão fantasiosas quanto qualquer história de criança.

Verdades políticas, religiosas, empresariais; verdades científicas, verdades bíblicas, enfim, meias verdades que se tornam verdades inteiras, em nome de poucos que obstruem a verdadeira realidade de muitos.

E quando tocamos em tais verdades, é possível nos embriagarmos com falácias e paródias que nos enfeitiçam e se tornam cotidianas, a ponto de ingerirmos como se o faz com o sal na comida, ou seja, sempre nos colocam para sentir o gosto das mentiras, misturadas com verdades reais em segundo plano. Então, a primeira premissa sempre vence...

MAS o mito de Pandora vem-nos alertar desse grande mal, e ao passo nos colocar em dúvida o questionamento acerca da Esperança, como se fosse algo que pode ou não ser benéfico aos homens. Além disso, ultrapassa o sentimento nosso diário de repensar o que somos e o que podemos fazer para melhorar esse mundo, a partir do momento em que sabemos que somos reais culpados pelas mazelas, advindas de nós mesmos, a própria Caixa.

O Mito

Zeus, antes de enviar Prometeu à cruz do sacrifício por seu roubo da chispa divina, inventou de dar ao deus um presente, uma deusa, confeccionada especialmente para ele, como se fosse algo maravilhoso; contudo, feita pelo barro de Vulcano, pela beleza de Vênus e esperteza de Hermes, Pandora (“a de todos os dons”) é enviada com uma Caixa a Prometeu, porém Epitemeu, seu irmão, cujo nome significa “aquele que pensa depois”, recebe-a pelos encantos da deusa, que, sem querer, deixa a bendita “Caixa” abrir-se. De dentro da grande Caixa de Pandora, saem todos os males aos homens, e em seu fundo, fica presa a Esperança.

Significa Base

Os males humanos, após a chispa divina, vieram e transformaram o mundo, as pessoas, suas direções, caminhos, ideais, de forma que a linha humana e dévica se distanciaram com o tempo. A Esperança, no entanto, como um grande benefício, digamos, ao homem, em meio às discrepâncias criadas, serviu e serve, até hoje, como alivio das tormentas que um dia podem terminar, ou quem sabe o próprio ser humano, baseado em premissas tradicionais, no grande legado deixado para ele, volte a entender que ainda é um ser que pode se direcionar, alcançar e viver do Ser.

Esperanças à parte, podemos dizer ainda que tal verbete nos dá uma noção de maldição divina – talvez por isso tenha vindo no mesmo baú das maldições ao homem – porque, em si, dá-nos a entender que “esperar” que aconteça algo, ou mesmo que caia do céu alguma coisa, ou mesmo sentir-se especial em meio a um caos, distorce um pouco a compreensão do que o próprio mito nos traz.

Mas a Esperança veio dentro da Caixa. Isso nos dá uma terceira resposta do mito que roça nossa alma. Pode ser que, no meio de tudo que nos destrói, ou propicia a destruição humana, pode haver, dentro de si, uma chispa de esperança, na qual se pode sentir até mesmo nos seres humanos, os quais, ainda que sejam brutos em personalidade, em carne e osso, guardam em si, ainda que não saibam, Amor, Paz, Fé, Caridade, Felicidade, todos eles regados a muita divindade.

sexta-feira, 20 de julho de 2012

Vênus, Psiquês e Afrodites...



Vênus
  

Braços finos e longos ao chão...
Desmancham na cintura fina,
E iniciam minha sina,
Que carrego em minha alma... Solidão.

Teus olhos grandes me despertam,
Tua juventude em teu corpo,
São tais quais rios brandos em minha mão...

Não mo deixe te olhar,
És uma aparição!
Pareces uma pequena crença,
Uma pequena deusa,
A espera de oração.

Sou teu divino amor,
Que vos sente ao longo do teu passo,
Que canta como pássaro forte,
Como tambor do norte,
Beirando a sua santidade, ao pudor.

E divago em teus cabelos negros,
E nele navego marinheiro,
Sinto-me matreiro,
Quando não ouve meus apelos...

Teu rosto, tua face tão perfeita...
Harmoniza-se com teu céu e terras
Entre bestas e feras,

Em ruas cálidas eleitas,
Em meio a outras belas,
Porém cegas de nascença...

Em teus simples gestos meigos,
Tua alma voa em um mundo vão...
Desliga-se deste tão poderosa,
E religa-se ao meu coração.



Psiquê



Morenez que não descansa,
Assim é tua pele feroz;
Teu corpo esguio com fome,
Faz-me um homem sem voz.

Ainda, nesse manto tão puro,
Arrebento meu mar,
E tu, como rochas pontiagudas,
Traz-me eloquências sem ar.

Oh, mulher-criança,
Que dança sem canção,
Ouriça meu corpo solitário,
Ainda sem vazão.

Insulta-me ao longe,
Sem perceber,
Com tua graciosa pele,
Morreria por você.

Nada, todavia impedir-me-ia de te amar,
Por você, na montanha subiria,
De prédios altos pularia,
E caminharia em alto mar.

Mas... Nada é tão belo sem teu olhar,
Singelo por excelência,
Dá-me presença nas ausências,
Insulta-me sem pensar.

E carrego-te em meu colo,
Como príncipe que chegou,
A salvar-te do dragão da vida,
Até daquele que sou...



  

Afrodite



Do teu céu ela vem e me acorda,

Destoa a cantar de tua voz amada,

E de tuas asas brilhantes,

Encerra o esplendor da vida.

 

Teus olhos quão profundos são

A me deixar perdido em fossos,

Preso em meu âmago em solidão.

 

Vibram tais qual aquarela pura,

De cores frias e obscuras,

Ao passo belas e amantes,

Atingindo meu mundo distante.

 

Ela reina solitária em seu planeta,

Não há um ser a te clamar,

E bela onipotente em teu cometa,

Faz teu mito lírico a se formar.

 

E nas cadeias que formam estelar,

Brilha teu rosto alvo divino,

E quando nos desce o teu sino,

Corações acordam a te amar.

 

D.

terça-feira, 17 de julho de 2012

O Fogo de Prometeu

Prometeu e o Fogo dos Deuses.


Falar do Fogo de Prometeu requer a subtilidade de um especialista em mitologia, ou mesmo de um simbologista clássico, mas, mesmo assim, minha teimosia em ser um filósofo -- o que não sou, ou na tentativa de resgatar o filósofo interior de cada um, acredito que posso reverberar um pouco acerca deste mito tão belo que fala, mais uma vez, sobre a Consciência Humana.

Vamos partir de uma fonte tradicional da qual muitos retiram vários mitos e os expõem para a compreensão de muitos contextos atuais, nos quais estamos inseridos. Essa fonte se chama Hesíodo, grande poeta grego, que iniciou sua jornada na mesma época em que o historiador Homero iniciou sua empreitada em visitas a várias civilizações, das quais retirou as mais belas histórias. Hesíodo, assim como seu contemporâneo, escrevia peças, poesias e escreveu a saga de Prometeu por volta do fim do século VIII a. C.

O Mito


Segundo nos conta o poeta grego, Prometeu, irmão dos deuses Epimeteu, Menoécio e Atlas, filhos de Jápeto e Clímene, teria tido a tarefa de criar os homens e todos os seres da terra. Seu irmão Epimeteu encarregou-se de dar dons variados aos animais, como força, coragem, rapidez, além de asas e outros recursos para a sobrevivência... E o fez. Porém, ao chegar a vez do homem, formou-o do barro; e não havendo mais recursos para dar vida ao homem, recorreu a seu irmão Prometeu, o qual, já conhecido por desafiar a Zeus e sua Onipotência, roubou-lhe o Fogo.

Por sua vez, o deus dos deuses castigou o deus rebelde, crucificando-o (algumas das vezes, colocam em traduções diferentes, dando margem a outras interpretações, como em uma que diz que Prometeu foi colocado junto a rochas no Cáucaso, acorrentado, e devorado diariamente pelo fígado por uma águia – na maioria das vezes, um corvo, símbolo maior dos mistérios, da dúvida, da queda...), por mais de trinta mil anos -- Hércules, mais tarde, o salva, libertando-o...

Significado base.

Já explanamos acerca de vários elementos e seus significados, aqui no blog, o que nos facilita entender a natureza de vários daqueles que sintetizam, de pronto, um que pode estar por trás do que dizemos; nesse caso, ao citar o mito de Prometeu, teremos que falar essencialmente de duas coisas que clamam para serem dissertadas – a Matéria e o Espírito, os quais, por natureza, já constam nas mitologias gregas por terem valor universal.

Prometeu
 
Prometeu representa “a dação do fogo divino à humanidade”, ou seja, ele é “o símbolo da Alma humana”, o qual sente a necessidade subir, elevar-se, encontrar-se com a sua origem – com Deus. Contudo, está acorrentado à matéria, graças aos desejos que sintetizam o ouro de plástico, que engana e trai, além de retardar o crescimento do homem.

Desejos estes representados, na maioria das vezes, pela paixão ao efêmero, até mesmo pelos instintos, os quais podem ser responsáveis pela involução da espécie humana e também da evolução. Aqui a matéria tamém se faz responsável pelo retardamento da alma humana à origem, pois brilha e reluz falsamente tal qual, como diria Platão, um sol falso dentro de uma caverna.

A Faca

Um dia, um professor nos disse “A faca pode cortar a carne do boi, mas pode também matar semelhantes”. Assim usamos nossa capacidade de progredir (e discernir) espiritualmente, como se fôssemos assassinos em busca do ouro perdido, passando por cima de nossas reais naturezas, ou seja, sermos mais humanos, ou mesmo um pouco divinos, em nossos atos, em nossas capacidades de sermos um pouco melhores a cada dia.

Não fora uma faca, mas uma chispa divina nos dada pelos deuses, os quais são a soma de nossos desejos, ou do que realmente somos, que é usada de maneira errônea desde que o homem é homem, contudo, há aqueles que entendem e sabem que a praticidade espiritual leva (e eleva) o ser humano a conquistar seu tesouro maior, que é a sua própria identidade: "Somos deuses e nos esquecemos disso", disse Platão.

Mas graças a valores falsos, os quais nos confundem todos os dias, em forma de partidos, religiões, até mesmo em conceito de família, somos obrigados a buscar mais profundamente a tradição, ou seja, entender que existiram no passado homens que se projetaram em nome do conhecimento maior, de uma filosofia que abrangesse o universo e sua semântica natural, isto é, a de que somos parte dele, porém, hoje, enraigados de matéria, não sabemos conduzir esse conhecimento, pois, além da matéria, nossa razão está submetida -- graças a Idade Média eterna -- a refletir a terra, os valores passageiros, as sombras, o efêmero.

A Matéria

Tais valores existem como forma de barreiras que impedem a ascensão da alma humana, que quer voltar a fazer parte do Olimpo interior; assim, mitos, como Psiquê, Dedálo e Ícaro, e outros, sintetizam o que podemos chamar de realidade do Ser. A matéria não se refere apenas ao concreto, mas a sentimentos que prendem a alma com laços firmes, valendo-se o homem de aventuras idealistas na tentativa de desfazê-los no limiar de sua jornada humana.
E assim, a chipa divina de Prometeu se esvai em cada ato hediondo, abrindo feridas em nome da corrupção, na transgressão de nossos valores morais e éticos, os quais são pontes (às vezes, caminhos inatos), torres, montanhas, sem falar mastros nos quais bandeiras flamulam em nome de um ser que nos espera lá no topo.

Espírito


O topo a que me referido é apenas uma metáfora do que podemos alcançar. O mastro sería nossos caminhos os quais poderiam ser retos, sem aquela curva karmica. Porém, o que realmente nos faz dentro da razão, a que espelha o real sentimento de ascenção da alma, é a experiência, a labuta, a dor, e depois de tudo, a escolha pelo divino (sagrado), tudo dentro das possibilidades de cada um.

E dentro dessa realtividade de experiências, tentamos subir, viver um pouco do que muito um dia vivemos remanescentemente. Aqui, a alma começa a roça o espírito, e sente na obrigação de unir-se a ele em forma de ações, comportamentos, dedicação ao próximo etc, acreditando que o espírito se sente bem com o advir da alma...

Mal sabemos, no entanto, que o espírito não pede, não reclama, não divaga, Ele simplesmente existe assim como uma estrela que subjaz às nossas possibilidades, por isso cantamos, e até fazemos reverberação acerca do que somos e podemos ser, mas apenas os grandes filósofos, que se iniciaram na matéria oculta, souberam lidar com o mistério que o ser demonstra.

Platão, por exemplo, alude acerca do Espírito, mas de maneira racional e ao passo mítica, ou seja, de uma profundidade tão ampla que até mesmo os especialistas no filósofo se confundem.

Quando o mestre fala sobre Nows, por exemplo, ele sintetiza o Deus no homem, mas ao mesmo tempo, há um Nows além-homem, o qual traspassa a compreensão humana, pois ele não se refere a qualquer deus pessoal antropomórfico, ao citar este último Nows.

Hoje, fica um tanto quanto explicitar sobre o que chamamos de espírito, pois confundimos com uma sombra humana que está para-além do cosmos e ao mesmo tempo ao nosso lado, representado pelos seus arcanjos.

Nada, no entanto, nos mitos Greco-romanos ou egípcios há dessa forma que não seja uma simbologia perfeita da origem do universo. Quando há figuras antropomórficas, há a certeza de que estamos falando de algo que possa ser maior que a nossa compreensão em forma de valores além-humanos. Mas que, assim como qualquer mito, nos faz buscar, por meio de empreitadas, a realização ou mesmo a sabedoria divina, sendo um pouco, todos os dias se praticado com disciplina e ordem.

De volta a Prometeu.

O Fogo, além de significar os desejos humanos, pode sintetizar a chama eterna que arde dentro de cada um, ou melhor o próprio espírito, como assim o diziam os greco-romanos em épocas passadas quando, em praças públicas, tinham uma labareda que ardia em nome dos deuses, e que tal Fogo era mais que isso, seria a representação do mistério que arde flamejante em nossos vistas sem que saibamos o porquê e para quê.
E com uma réplica em cada casa, os romanos se davam por completo para que tal chama jamais se apagasse, sempre se curvando, e respeitando aquele pouco que ardia no cantinho da casa, em nome de Deus.

A chama de Prometeu é a Vida. Esse ser incompreensível aos olhos dos ateus e cientistas, os quais acreditam que tudo é por acaso, e que por isso, como dia uma grande professora, “não choram em enterros”.

A Vida foi resgatada por Prometeu e cabe a nós fazer jus ao que ela representa, ou mesmo ao que ela nos dá de presente todos os dias – um sol maravilhoso, cascatas em forma de véus de noiva, lírios, pássaros, belezas que nunca, jamais, serão vistas como nós, humanos, a vimos.




segunda-feira, 16 de julho de 2012

Equilibrium, Filme (o Triunfo)


A Luta nunca será em vão.


...Não há nada de muito profundo no filme, mas um item que nos espanta pela ousadia do autor em tentar traduzir, de modo fantástico, sua visão acerca da culpabilidade humana. Ele, na película, culpa o ser humano por todas as mazelas existenciais nas quais vivemos ou podemos vivenciar a partir do que fazemos, pensamos e desejamos. Principalmente no que desejamos. E vou dizer, baseado em premissas tradicionais, ele está correto. Todavia, ele mexe com algo que nos faz humanos, com algo que, se não tivermos, deixaremos de nos conectar com os deuses!

Estou falando dos desejos, ou como diziam os indianos, com o Kama Manas (a parte fogo), aquela que nos faz vivenciar cada goteira de sensação humana e transmutá-la para o céu interno – em falta nos animais, plantas, pedras – e isso não se pode retirar de nós.

No filme, a sacada do autor em deixar apenas alguém no comando de uma sociedade, dando-lhe pílulas com a finalidade de controlá-la, realmente é científico, pois o que nos faz humanos, hoje, são os desejos, essa força traduzida em gestos, em falas, em sentimentos poéticos ou não, em garras, ideais, objetivos, em oração a deuses, em tudo que pensamos, caso contrário seremos apenas animais, pois estes são apenas instintos ambulantes selvagens os quais vivem dentro de leis as quais somente eles respeitam e vivem.

Claro que, quando o autor nos coloca a possibilidade de sermos os reais culpados pelas dores da humanidade, há uma verdade nisso, contudo, há os grandes homens que sempre nos trouxeram suas filosofias, e outros, o seu amor, e que, sem eles, não havia outra coisa no mundo a não ser guerras, desordem, desamor, o que nos faz repensar que não há apenas mazelas, tristezas neste planeta, mas também pessoas que lutam em favor da paz e conseguem; que se dão em batalhas em nome de ideais grandiosos, e vencem!

Contudo, o que nos fica são as imagem da dor que se sobrepõem a cada ano, e reunidas de modo proposital, assim como no grande telão do filme em questão, para usufruir do próximo ou mesmo comandar seu livre arbítrio, nos faz refletir se realmente não seria melhor que houvesse uma força para nos direcionar em caminhos reais ou metafóricos.

E há. Os mestres da humanidade, desde que existem, vivem em função de apenas um objetivo, dar-nos a direção correta a partir de nossas ferramentas (personalidade), parcas ou não, sendo cada pessoa responsável pela chegada à linha final.

Tais mestres – Platão, Aristóteles, Zoroastro, Cristo, Plotino, e muitos outros que vieram antes – nos trouxeram conhecimentos em forma de mitos, parábolas, escrituras clássicas, as quais sintetizam o trabalho humano dentro de sua evolução. Compreender isso é tão complexo que muitos se destroem e outros se enganam, ou enganam muitos, na tentativa de realizar a maior das tarefas.

Alguns tentam se parecerem com seus mestres, outros, tentam fazer o que fizeram no passado, mais alguns se suicidam tentando encontrar um meio de conhecer o céu mais rápido, e assim por diante... Dessa forma, confusos, somos meros homens em pé de guerra consigo mesmos, refletindo em nossos atos em forma de guerras, mortes hediondas, loucuras, o que nos faz, nada mais que nada menos, dentro de tudo, buscadores, ainda que em meio a intempéries!

No filme,

Quando Christian Bale escuta, depois de anos, uma música que, a meu ver, foi uma outra sacada genial do autor (já pensou se fosse um rock pesado?!), colocando Bale frente a uma das mais belas canções feitas pelo homem (Beethoven), dando margem ao personagem de refletir, dentro de seu estado psíquico e astral, acerca do mundo a sua volta, e das pessoas que nele estão; margem para repensar os valores a partir do nosso comportamento, tão frio ante as coisas mais belas, as quais se passam sem serem notadas, e mais, reviver, ainda que em poucos segundos, o mais belo dos pensamentos, “o que somos nós?” -- o autor fez um dos poucos filmes a serem vistos e revistos.

Não somos pedras, que vivem paradas esperando a inércia do mundo movimentar-nos, ou mesmo plantas ou árvores, que crescem, dão frutos, e morrem sem saber o que as trouxe e o porquê, muito menos animais, os quais crescem, nascem e morrem satisfazendo seus desejos instintivos, seja em forma de coitos, ou como predadores carnívoros, não, não somos. Talvez nos caiba ser tudo isso metaforicamente, mas, no fundo, somos humanos, e assim seremos ainda que guerras homicidas nasçam e assassinem milhões de inocentes, em detrimento de alguns poucos. Somos humanos, sim, pois temos a grande ponte a atravessar, duvidas a sanar, temos respostas a dar, amor em compreender, vidas a cuidar.  Temos uma viva a ser vivida.

terça-feira, 10 de julho de 2012

Equilibrium, o Filme (primeira parte)

Um filme, uma grande reflexão.





Aqui vou discorrer acerca de um filme que possui, para mim, uma das maiores maneiras de explicar o desconsenso humano a partir de uma premissa básica: nossos pensamentos, nossos desejos, ou aquilo que na Antinguidade já diziam... O Fogo de Prometeu.

Na primeira parte, explico, resumidamente, o filme; e na segunda parte do texto, explico filosoficamente. Espero que gostem.


O Sacerdote

Há muito assisti a um filme excelente, chamado Equilibrium. Nele, um grande ator, Cristhian Bale, faz um papel incrível de um sacerdote, não desses que ficam enclausurados em templos, adorando aos deuses ou a um deus específico não, mas, como o próprio filme deixa bem claro, um sacerdote que tinha um papel fundamental numa época futura, daquelas nas quais o ser humano é dominado por um grande homem, que fala o tempo todo, e que sabe de tudo... Esse era o maior deles, como se fosse homem-deus.

Eram vários sacerdotes que obedeciam a esse homem. Cada um tinha uma especialidade, a de saber lutar, como ninguém, uma arte marcial que chegava a tirar até, sem armas, um individuo da resistência, que possuísse uma arma letal, como uma metralhadora. A resistência se fazia ao regime do homem-deus, que, um dia, achou melhor retirar de todos a possibilidade de sentir e pensar por si mesmos, deixando a maioria semelhantes a robôs...

Remédio

Um remédio que era usado por todos ao acordar mantinha a mente voltada ao que o homem-deus dizia, vinte e quatro horas por dia, sem descanso, mesmo porque um vídeo, gravado há muito tempo, repetia diversas vezes, incessantemente... “O homem, com seu poder de pensar e escolher, conseguiu transformar o mundo do passado sem legado. Apenas em guerras, guerras, mortes, miséria, horror, fome...” --- ou mais ou menos isso. Sabe-se apenas que o grande homem conseguia fazer com que a maioria tomasse a cápsula pela manhã, trabalhasse, deixando seus filhos (também dopados...), e voltando do trabalho, como ciborgs...

Resistência

A resistência era feita por homens e mulheres que queriam escolher, pensar, amar, opinar, enfim, ser seres humanos assim como no passado, contudo aprenderem com seus erros, ainda que, no ‘presente’, fosse difícil a missão, pois eram caçados tais quais cães doentes. Assim, o telespectador, ainda que com seus sentimentos à flor da pele, ainda triste pela realidade que o filme nos mostra, graças às cenas trágicas repetidas no proposital telão, fica a favor, claro, da resistência...

Um belo dia, Cristhian Bale, o melhor sacerdote, descobre que um de seus irmãos (aliados ao homem-deus) faz parte da resistência. E mais, que este grande irmão não tomava a pílula, o que significava a maior infração que se podia cometer ante ao sistema, pois, na realidade, não havia infrações, graças à bendita pílula, que era exatamente o cabresto usado pelo grande mestre.

A realidade era essa.

O sacerdote-mor, depois da morte do amigo-resistente, em um daqueles momentos angustiantes da vida humana, quer saber o mistério daqueles que não tomam a pílula, ou melhor, se encontra, ainda que sem o remédio, reflexivo, por alguns instantes, o bastante para deixar, na caixa de remédio do banheiro, o que ele um dia jamais pensara, deixar de tomar o remédio por um dia...

Contudo, um dia, quando fizera apreensão na casa de um individuo da resistência, o sacerdote-mor, juntamente com outros, destruíra uma residência na qual lá estava um disco de vinil. O personagem de Bale, o sacerdote, sem a pílula, com seus sentimentos à beira de descobrir o inimaginável, o mistério vital, pega o disco, e em uma vitrola bem antiga, coloca-o... Na capa, depois, de visto, estava Beethoven, e o sacerdote, que há muito não ouvia outra coisa senão a voz do homem-deus, sentiu uma fisgada na alma: era a Nona Sinfonia iniciando!

Naquele momento, o sacerdote-mor olhou para trás, e, ao sentir dentro de si a ferroada do grande mistério da vida – um pouquinho de espiritualidade pura --, chorou uma lágrima fina que demorou a descer, mas que fizera seus olhos, antes, transbordarem. Ali, ele renascera.

Resumo do final

Depois de entender tudo o que se passava, o sacerdote começou a ter sentimentos, ter outro tipo de raciocínio em relação às coisas da vida, e, com seus poderes marciais, começa defender a resistência da qual começa a fazer parte. E com a sua ajuda, destrói todo o comando do homem-deus, o qual também morre com vários golpes em uma luta fantástica.


A Parte que nos Falta

"É ótimo ter dúvidas, mas é muito melhor respondê-las"  A sensação é de que todos te deixaram. Não há mais ninguém ao seu lado....