Afundamos como árvores mudas a pedir socorro. |
Quando ouço os grandes sindicatos
nas ruas e suas falas em microfone, chamando os trabalhadores para uma greve,
ou quando passo no meio da Esplanada dos Ministérios e vejo aqueles prédios
enfileirados em nome da burocracia, além do próprio Congresso Nacional, que
fica no meio deles, ornamentado com duas bacias, cada uma com um sentido
diferente – emborcada para baixo e outra para cima – dá-me a perceber que estou
transitando em meio a um mundo que não funciona, e que nasceu apenas para
enfeitar os olhos da gente.
Já faz tempo que as instituições não funcionam. Todas
elas, sem exceção, parecem trabalhar em conjunto com a finalidade de não
satisfazer qualquer cidadão. Na Esplanada, os ministérios da Saúde, do
Trabalho, da Ciência e Tecnologia, além dos outros não citados progridem para
que o servidor ganhe menos, se vista mal, e entre em quadrilhas nas quais se
ganha até o triplo do normal.
Da parte dos cidadãos que
precisam daquele serviço, ou seja, do atendimento cortes, da amabilidade, muito
mais que a prestação concreta do serviço, fica-se a desejar, pois não se tem
respeito ou disciplina para receber ou tratar qualquer pessoa, seja em
ministérios, seja em câmaras, senados, tribunais, enfim, além da grande
burocracia real que assola os meios institucionais, temos o grande problema da
humanidade – tratamento, comportamento, respeito, além da ética profissional e
humana que não vigoram, graças à falta de educação para tanto.
No ramo da Saúde, temos os
hospitais... Meu Deus! Quando me refiro a este, vêm-me à tona cenas horrendas
de morte em corredores, de mulheres e crianças a pedir ajuda em meio ao caos da
falta de médicos; das dores de mulheres grávidas em serviço de parto, com
profissionais cuja paciência é tão inexistente quanto agulhas em deserto. Nesse
ramo, até mesmo em serviços particulares, a precariedade assume o papel de
médico. Resultado, a morte ronda sorridente como se estivéssemos em meio a uma
batalha na qual somos apenas inocentes em busca de um general oculto...
Na Antiguidade...
Roma
Após tempos passados, Roma
transformou-se num caos ideológico e partidário, na qual homens e mulheres
foram tão culpados quanto qualquer general, qualquer senador. Digo porque a
natureza de Roma era virtuosa, na qual a religiosidade imperava em qualquer das
instituições, por isso, antes de entrar em decadência e ser levada no bico
pelos cristãos, Roma foi uma das maiores cidades nas quais o homem pôde dizer
com orgulho que um dia houve no mundo algo que realmente funcionou.
Não havia partidos como hoje, mas
havia senadores os quais sabiam o que se passava com o povo, assim, em suas
grandes experiências de pater-familia, tinham a possibilidades de dar a eles o
que realmente necessitava. Para se ter uma ideia, houve uma época em que todos
os cidadãos sabiam de seus direitos, e não eram poucos os cidadãos. Na
realidade, havia a grande necessidade de todos se defenderem do próprio homem e
ao mesmo tempo respeitar as grandes leis romanas.
Era uma falha enorme, e as
sanções eram maiores ainda, quando um cidadão romano desfizesse de suas
obrigações para com a mãe-Roma. Ir de encontro às leis era ir contra os deuses,
e assim, a depender de quem as violasse teria todos os seus bens tomados pelo
Estado. Até aí tudo bem, mas o pior viria depois. E esse castigo era muito pior
que a morte. O cidadão que não cumprisse seu papel ou mesmo um grande
general-guerreiro cujos atos fossem sem qualquer ideologia nos moldes
romanos... Seria expulso da Cidade.
O amor a Roma era tão grande, que
a consideravam como um paraíso terrestre, pois, ali, uma cultura que abrangia
todas as culturas, respeitava-as, amava-as, e ao mesmo tempo retirava delas sua
essência, poderia ser considerada por todos os cidadãos – até os atuais – como
única. E realmente o era.
Não foi por acaso que Roma reinou
durante séculos, e até mesmo seu jeito de combater, viver, ajudar, colonizar,
nunca foram esquecidos. Prova maior eram seus soldados, que, com poucas
ferramentas – digo, em relação aos soldados de hoje –, levavam mochilas, nas
quais havia além de armas, também havia ferramentas para fabricar pontes, se
necessário. Há países europeus que, por amor àqueles grandes homens, possuem,
até hoje, estradas e pontes construídas há séculos.
Egito
Por falar em edificações, não
poderíamos deixar de falar dos maiores e melhores profissionais e humanos que
já tivemos no mundo, os egípcios, que um dia mostraram com seu trabalho a
possibilidade de o homem unir-se ao sagrado de maneira tão viva e bela, através
da construção das pirâmides – mais de duzentas em todo território egípcio – as
quais, segundo contam “todos se preocupam com o tempo, e o tempo se preocupa
com as pirâmides”, pois, pelo que nos passam, são eternas, sejam em simbologia,
seja na edificação... Deixando rastros eternos de mistérios.
Não eram apenas as pirâmides que
deram certo; na época dourada egípcia, o grande homem-deus, a instituição em
pessoa, não falhava para com seu povo. Sempre havia comida, bebida, água,
moradia, festas, educação, filosofia, teatros, tudo nos moldes daquele país.
Hoje, no entanto, buscamos apenas
entender os mistérios de suas construções, o que sintetiza nossa ignorância,
pois não aceitamos quando cientistas dizem que não havia escravidão à época, e
que o cidadão egípcio trabalhava com Amor ao sagrado, sorridente, cheio de uma
fé real que abarcava toda a nossa, que sempre pensou em retribuições
financeiras após um dia de trabalho.
O cidadão era tratado como um ser
sagrado, pois não era mal tratado, e sim como filho do faraó, que sempre o via
como parte de seu corpo, e por isso o respeito e o amor a ele.
Democracia
Hoje, as instituições se baseiam
em leis e artigos que se sintetizam a falha humana em respeitar as suas
próprias leis. Pois quem as interpreta não é o povo, o mais digno a entender e
ser respeitado, mas o senador, o deputado, o presidente, o governador, até
mesmo o vereador corrupto, mas o povo, aquele para qual se deve governar,
nunca, pois escolas são sinônimos de circo.
Quando nos deparamos com ONGs que
roubam, ou sindicatos mentirosos, com homens que se infiltram na presidência
apenas para ganhar o poder e nele traduzir sua espúria educação... Quando
senadores idosos são pegos em armações milionárias e não são presos, ou
deputados que se candidatam para fugir da polícia; quando tudo isso é posto em
paralelo à educação nacional, à saúde decadente, à falta de cultura, de
leitura, de amor, de respeito... A palavra Democracia se torna obsoleta, pois
se torna sinônimo de continuidade de um mal voluntário.
Fica aqui o desejo de que voltemos
nossas reflexões ao que tanto queremos e pedimos, respeito a nós mesmos, por
meio da palavra, de nossos atos coerentes, de nossas andanças em meio a um sol
quente, mas também fica aqui a dor de um dia morrermos e nunca ver um filho
feliz pela falta de exemplos advinda daqueles que governam.
Isso, só nos livros.