domingo, 22 de março de 2015

A Filosofia em "Para Sempre Amigos" (fim)




O Herói está entre o céu e a terra, entre os elementos inferiores e superiores, entre o bem e o mal. O Herói luta, incondicionalmente, em nome do coração, do amor, da união e integração do homens, da humanidade. Ele mora em cada um de nós...

Quando Kevin relembra Artur e seus cavalheiros, não brinca de se lembrar, mas se lança como um deles, de coração, ainda que suas pernas claudicantes, ainda que seu corpo atrofiado, e suas ferramentas parcas sejam correntes de nascença, mas a seu ver tão brilhantes como lanças que eram usadas com escudos enormes, tão fortes e belos, que se enraíza na filosofia da época: a do cavalheirismo.

(um pouco de Artur)

Artur e seus cavalheiros existiram como pessoas reais, mas aspectos simbólicos foram inseridos com o tempo, e assim, hoje, muitos possuem dúvidas quanto a sua existência... Prova disso é a figura do grande \cavalheiro, Lanceloti, o qual, segundo a história-mítica, teria nascido para ser o braço direito do rei, do grande rei Artur; no entanto, somente depois de uma grande batalha, entre os dois, é que Lanceloti descobre quem é o seu Senhor.

A partir daí, Laceloti, o maior dos cavalheiros, começou a fazer parte da grande távola redonda, na qual senhores de diversos lugares se reuniam sempre com o fim de contar histórias nas quais eles próprios eram protagonistas.

A questão, no entanto, não se resumia apenas em falar de si mesmo; Artur era o grande referencial humano e quase divino dos grandes que ali se assentavam. As histórias teriam que soar heroísmos, amor ao próximo, lutas infindáveis entre o bem e o mal. Eram fantásticas!

A Esposa de Artur, Guinevere, significava a parte intuitiva do homem, a parte da qual se sobressaía a alma; nada era literal, mesmo porque se iniciarmos histórias sem sua parte simbólica, ela se esvai sem seu real objetivo. E estamos, de alguma forma, lidando com tais significados.

Guinevere, na história, representa a esposa, a alma presa aos valores divinos; mas, ao chegar Lanceloti, apega-se a ele, como nossa própria alma o faz quando está presa aos valores terrenos... E o braço direito de Artur, mesmo sendo o brilhante cavalheiro, se apaixona, como nossa consciência frágil, pela bela esposa.

A vontade, Lanceloti, se perde, fica apaixonado, e desce ao terreno, Mas se ergue após saber que seu rei dele precisa...

(de volta o Herói)




O Herói não duvida ainda que nos pareça com seus tributos humanos; ele chora, se esvai nas águas de um rio, cai ao chão, se torna terra tanto quanto qualquer homem, mas não esquece o amor
incondicional ao céu, e Lanceloti, braço do rei, não esquecia seu ideal de realizar, concretizar a ponte que o levariam ao outro lado.

Kevin sabia disso... E ao dizer, "Um cavalheiro não tem medo da morte", não erra. E prova isso no filme. Seu personagem, iluminado, não tem medo de se lançar ao perigo, mesmo que seja por uma imaginária rainha, demonstra sua necessidade de viver em função maior que a si mesmo. Com certeza, muitos têm exemplos de grandes heróis do passado...

Nosso protagonista se assemelha também ao grande Don Quixote, um humilde cavalheiro, que em sua tenra idade, lia clássicos nos quais cavalheiros eram simbolo de respeito e o faziam se respeitar pelos seus atos, tão eternos quanto a história de Cervantes.

Quixote, na história, precisa de um escudeiro, que sempre o faz lembrar de uma realidade na qual não quer pisar: a dos homens sem sentido, que desmoralizam o mundo com pensamentos, e obras desnecessárias, as quais se tornam tão ilusórias quanto suas imaginações de fogo.

Kevin conhece seu escudeiro, Maxx, que se torna, ainda que meio fora do real personagem de Cervantes, que monta um pequeno burrico, o parceiro de Kevin o carrega nas costas, levando seu amigo a observar as coisas de cima, como se o levasse a ver céu de perto.

Quixote é conhecido por sua ilusões maravilhosas que as vê como reais; mas Kevin sabe que tudo porque passa é uma realidade, mas não abre mão de enfrentá-las como imaginárias. E não se perde ao arriscar, pois sabe que está doente, vai morrer, e leva tal intempérie para o lado seguro da história humana, que é brilhar com seus atos de cavalheiro, vivendo pela força que cria, baseada nos grandes do passado.

Assim, Kevin enfrenta, junto com seu amigo, uma história que se fazia entre os dois, e que se igualava maravilhosamente na força, na hombridade, na lealdade e no amor incondicional, aos arturianos e ao grande Don Quixote, de Cervantes.



A Mim,








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"É ótimo ter dúvidas, mas é muito melhor respondê-las"  A sensação é de que todos te deixaram. Não há mais ninguém ao seu lado....