sexta-feira, 27 de março de 2015

Um Conversa Diferente

Nada é tão complexo do que a compreensão do simples.




Sabemos que somos seres espirituais, e temos a obrigação de nos deter nesse ponto, quando percebemos que somos parte de um Universo infinito, no qual todo o invisível e invisível tem sua Justiça, seu Bem, seu Amor. Em nós, seres conscientes de nossa espiritualidade, tentamos chegar ao cume dessa compreensão... Mas não podemos.

E quando conscientes, na prática, de que somos eternos ignorantes, nos tornamos não apenas um pouco sábios, mas também um pouco mais filhos desse Infinito, ou como diria nos clássicos, “tocando as vestes de Deus”, ou vendo Sua face.

Ou seja, observar de longe certos aspectos da natureza, apreciá-los, senti-los em nossa alma, como a real beleza, como Arte, como princípios que saíram de dentro do grande Ser, nos vem a preponderância da grandeza interna, que nos faz um pouco melhores em relação a alguns minutos, nos quais, antes, éramos frios, calculistas, desumanos...

Não podemos observar esse Infinito, nem mesmo pensar nele – talvez imaginarmos, e assim, caímos em contradições ao que aprendemos nos passado sobre o que é a Vida, o que Deus, o que somos nós... E partimos para uma viagem sujeitos a elucubrações humanas, dentro das quais podemos nos perder e não voltar mais... Assim aconteceu com vários filósofos modernos, que, por não saber unir os valores que buscava, com os seus, ou mesmo querendo dividir seu mundo com aquele que tentava entender... Ficou sem caminho.

Não se pode desagregar valores se buscamos o Todo. Ainda que saibamos pouco, meras conjecturas talvez, somamo-las e com o tempo renovamo-las, ao ponto de torná-las apenas um valor. O valor do Céu.

Todavia, devemos entender que os valores terrenos, os mais baixos, os mais doentes, devemos, por obrigação, deixar para trás. Aqueles que somamos têm uma simplicidade sutil, um tanto quanto celeste, e por isso temos que reavivá-los, deixa-los subir, sem ajuda da personalidade doentia... Deixar que o coração fale mais alto, que ele dite nossos comportamentos, nossas palavras, nossas transformações internas, de modo que nos apareça a ponte para aquilo que somos – Infinitos.

Sabemos que somos espirituais, mas também sabemos que o físico, a depender de nossa época, é um produto tão valorizado quanto um apertar de mão, ou mesmo um abraço bem dado... E isso nos faz não apenas olhar para trás, mas sucumbir ao nosso ideal de subir, elevar, buscar o que somos – e isso não pretendemos!

Há mais que elementos para entender que o físico não é algo nosso, nem mesmo o que buscamos – o espírito; há uma soma de realidades que nos desviam da intenção (somente da intenção, imagine o resto!) de sermos idealistas no sentido mais sábio da palavra... E quando tomamos essa consciência, parece-nos que uma luz se acende dentro de nossas almas, mas não fica acesa por muito tempo... Mesmo porque nossa personalidade, pesada, presa ao cimento de nossas experiências terrenas, nos prende como bonecos de seda ao chão.

A alma nada mais é que uma águia calada, a espera de uma oportunidade para alçar voo. Quer ela estar livre e buscar sua origem, viver, se manifestar, subir ao céu... A alma, hoje, presa ao que mais ela lutou no passado longínquo tenta reverter esse papel, observando, na natureza, sinais de que um dia ela pode dela fazer parte, sobrevoando montanhas, alcançando o sol, dormindo com as estrelas, pisando na lua, ultrapassando a semântica humana em sua definições acerca do espaço...

Temos que orar.
Em nossas orações, feitas em presença do silêncio, do uno, da paz, sintetizamos o que somos, e o que buscamos. Todavia, em nossas orações práticas, devemos ser coerentes, alimentando mais e mais nossos desejos de paz e harmonia entre os seres, ou consigo mesmo.

E quando o fazemos, nos sentimos apenas bem, como se fôssemos deuses, mas estamos apenas sendo humanos, filhos dos deuses, da natureza, de tudo. E cada ato de humanidade que se realiza, estamos nos conectando novamente com Deus, simplesmente porque se um átomo faz seu trabalho, levando milhões de átomos a se reproduzirem em prol de seus ideais, tal átomo está em nós, e estamos dando a possibilidade dele se manifestar como ele, dentro de sua característica, o é.

E somos humanos, somos força, somos vontade, somos a ponte para a compreensão universal  entre aquele que aparentemente nasce e aquele que aparentemente morre.



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