Nada é tão complexo do que a compreensão do simples. |
Sabemos que somos seres espirituais, e temos a obrigação de
nos deter nesse ponto, quando percebemos que somos parte de um Universo infinito,
no qual todo o invisível e invisível tem sua Justiça, seu Bem, seu Amor. Em
nós, seres conscientes de nossa espiritualidade, tentamos chegar ao cume dessa
compreensão... Mas não podemos.
E quando conscientes, na prática, de que somos eternos
ignorantes, nos tornamos não apenas um pouco sábios, mas também um pouco mais
filhos desse Infinito, ou como diria nos clássicos, “tocando as vestes de Deus”,
ou vendo Sua face.
Ou seja, observar de longe certos aspectos da natureza,
apreciá-los, senti-los em nossa alma, como a real beleza, como Arte, como princípios
que saíram de dentro do grande Ser, nos vem a preponderância da grandeza
interna, que nos faz um pouco melhores em relação a alguns minutos, nos quais,
antes, éramos frios, calculistas, desumanos...
Não podemos observar esse Infinito, nem mesmo pensar nele –
talvez imaginarmos, e assim, caímos em contradições ao que aprendemos nos
passado sobre o que é a Vida, o que Deus, o que somos nós... E partimos para
uma viagem sujeitos a elucubrações humanas, dentro das quais podemos nos perder
e não voltar mais... Assim aconteceu com vários filósofos modernos, que, por
não saber unir os valores que buscava, com os seus, ou mesmo querendo dividir
seu mundo com aquele que tentava entender... Ficou sem caminho.
Não se pode desagregar valores se buscamos o Todo. Ainda que
saibamos pouco, meras conjecturas talvez, somamo-las e com o tempo
renovamo-las, ao ponto de torná-las apenas um valor. O valor do Céu.
Todavia, devemos entender que os valores terrenos, os mais
baixos, os mais doentes, devemos, por obrigação, deixar para trás. Aqueles que
somamos têm uma simplicidade sutil, um tanto quanto celeste, e por isso temos
que reavivá-los, deixa-los subir, sem ajuda da personalidade doentia... Deixar
que o coração fale mais alto, que ele dite nossos comportamentos, nossas palavras,
nossas transformações internas, de modo que nos apareça a ponte para aquilo que
somos – Infinitos.
Sabemos que somos espirituais, mas também sabemos que o
físico, a depender de nossa época, é um produto tão valorizado quanto um
apertar de mão, ou mesmo um abraço bem dado... E isso nos faz não apenas olhar
para trás, mas sucumbir ao nosso ideal de subir, elevar, buscar o que somos – e
isso não pretendemos!
Há mais que elementos para entender que o físico não é algo
nosso, nem mesmo o que buscamos – o espírito; há uma soma de realidades que nos
desviam da intenção (somente da intenção, imagine o resto!) de sermos
idealistas no sentido mais sábio da palavra... E quando tomamos essa
consciência, parece-nos que uma luz se acende dentro de nossas almas, mas não
fica acesa por muito tempo... Mesmo porque nossa personalidade, pesada, presa
ao cimento de nossas experiências terrenas, nos prende como bonecos de seda ao
chão.
A alma nada mais é que uma águia calada, a espera de uma
oportunidade para alçar voo. Quer ela estar livre e buscar sua origem, viver,
se manifestar, subir ao céu... A alma, hoje, presa ao que mais ela lutou no
passado longínquo tenta reverter esse papel, observando, na natureza, sinais de
que um dia ela pode dela fazer parte, sobrevoando montanhas, alcançando o sol,
dormindo com as estrelas, pisando na lua, ultrapassando a semântica humana em
sua definições acerca do espaço...
Temos que orar.
Em nossas orações, feitas em presença do silêncio, do uno,
da paz, sintetizamos o que somos, e o que buscamos. Todavia, em nossas orações
práticas, devemos ser coerentes, alimentando mais e mais nossos desejos de paz
e harmonia entre os seres, ou consigo mesmo.
E quando o fazemos, nos sentimos apenas bem, como se
fôssemos deuses, mas estamos apenas sendo humanos, filhos dos deuses, da
natureza, de tudo. E cada ato de humanidade que se realiza, estamos nos
conectando novamente com Deus, simplesmente porque se um átomo faz seu
trabalho, levando milhões de átomos a se reproduzirem em prol de seus ideais,
tal átomo está em nós, e estamos dando a possibilidade dele se manifestar como
ele, dentro de sua característica, o é.
E somos humanos, somos força, somos vontade, somos a ponte
para a compreensão universal entre
aquele que aparentemente nasce e aquele que aparentemente morre.
Nenhum comentário:
Postar um comentário