domingo, 29 de março de 2015

O Quase Fim

...É muita pretensão nossa querermos ser o que não somos. Mas isso não é algo animal, vegetal, mineral, divino... E sim uma característica simplesmente humana. Algo que aprendemos desde criança, não de berço, mas quando conseguimos uma personalidade arredia, cheia de elucubrações que aprendemos com nossas raízes. Pois somos, desde tempos idos, pretensos a algo que não somos e nem podemos ser.

Em primeiro plano, ser donos de nós mesmos. De nossos físicos, de nossa idade, do tempo que se vai em nossas veias, e alma. Em segundo, querer eliminar resquícios de que somos mortais, e a partir daí viver para sempre. Em terceiro, mandar no mundo, na natureza, nos animais, como se fôssemos meros deuses responsáveis pelo átomo que se vai no espaço, no embrião do todo. Em quarto, ser Deus, além da tentativa de enquadrar Nele o que somos. Talvez essa seria a primeira das pretensões...

No entanto, nossos mestres, aqueles humanos que são tão humanos quanto nós, que encontram respostas no fundo da alma para questões complexas de nossos dia a dia, brilham no escuro de nossos conscientes a demonstrar que podemos ser o que somos... Um pouco mais humanos, nem mais nem menos.

A cada dia que passa, no entanto, em favelas, em vilas, até na mais culta das sociedades, enxergamos outro brilho. O brilho dos homens que desaparecem, da lâmpada que adormece antes de ser ligada, da deturpação em nome da hipocrisia eterna, da falta de valores humanos, e da criação de outros, em nome de homens que julgam justos e eternos, sem serem.

Não precisamos ir tão longe para entender uma política desmerecedora da credibilidade do povo, nem mesmo religiões que se vestem de paz e pureza apenas para angariar fundos interesseiros aos seus bispos, pastores -- os quais desvirtuam palavras como bispo e pastor.

Não precisamos abrir as janelas para ver crianças que querem ser o que não podem, como presidentes, governadores, pastores, sem referenciais que as fazem objetivas ao que realmente são. Tais crianças, belas na essência, se transformam em monstros, em vermes sociais, às vezes, mendigos culturais, graças a pais que nasceram para dar apenas escola, comida e televisão... Nada mais.

O que se vê não é apenas a transformação do humano em algo que não é, mas a distância do que são. E quando percebem que são humanos, se escondem debaixo da coberta, dos colchões e não querem se levantar... Há desumanidade demais!

O cálice humano, que derramado em sua alma se foi, não se encontra mais no coração humano, mesmo porque a frialdade o tomou. As profissões que destoam suas vidas, e revertem sorrisos sinceros em sorrisos cálidos de aço frio, estão levando os homens a um caos interno, embalado pelo capitalismo doentio, sem pai nem mãe.

Se houvesse pelo menos uma grande mãe, umas daquelas que direcionasse o espírito humano a elevação aos cimos de sua montanha interior, como Isis, do Antigo Egito, a qual deu início a vários aspectos divinos femininos no mundo, hoje se desfaz em rezas, em orações, com receio de entender o que significava a parte feminina na triade...

Nem pretendemos aqui desvendar misterio algum. Somos pacíficos de guerras religiosas se adentrarmos nessas questões. Então por aqui ficamos. Mas podemos dizer que a única deusa que nos guia é a Esperança, isso quando não morre antes de nossas pretensões materialistas.  Dela nos vem o amor ao próximo, a paz que nos sustenta, a vida antes da própria vida.

Da Esperança podemos dizer que o mundo não se desfez.. Pois ela se enconde dentro de algo que nos torna um pouco mais esperançosos de ser, de ter, de tudo...

Não temos nada, e se olharmos a nossa volta e reconhecermos isso, já é um grande ganho. 

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"É ótimo ter dúvidas, mas é muito melhor respondê-las"  A sensação é de que todos te deixaram. Não há mais ninguém ao seu lado....