terça-feira, 10 de março de 2015

O Céu dos Cavalheiros


Filme 
 
Para Sempre Amigos. Grande cena.


Hoje, um grande filme voltou a passar na TV, um filme que nos encanta em cada cena, em cada fala. Essa coisa de filme ainda é meio chata, mesmo porque cada um defende o que lhe apraz quando a ele assiste, ou seja, se sou um jornalista, o filme só é bom quando traz um furo, se sou um jirradista, quando o filme não é americano, e mais, quando fala de bombas na Casa Branca, e assim por diante, mas, para mim, esse pacato ser, que se encontra entre o bem e mal, mais para o bem, claro, chora com textos clássicos, se levanta questionando a respeito da vida, e que, com certeza, o fará na morte, hoje, assistiu ao filme “Sempre amigos”.

Para quem ama questões cavalheirescas, não apenas em filmes de homens com elmos, escudos, mas, principalmente, com ideais que nos erguem em cada ato, o filme foi maravilhoso.  E digo mais, talvez justamente por envolver questões cotidianas, nas quais podemos nos basear para ser um pouco melhores, ele foi realmente singular.

“Para Sempre Amigos” nos conta a história de dois meninos que se cruzam nessas simples histórias da vida, em que um deles pode ser um qualquer, e o outro mais ainda, porém o autor, de proposito, nos coloca um menino de quatorze anos, sem família, cuidado apenas pelos avós, de pai preso pela morte da mãe, sem falar na sua pouca sapiência em relação à vida. Seu nome Max.

E o outro, com um mal que o degenera aos poucos. De mais ou menos doze a quinze anos, com as costas envergadas, usando muletas, óculos de grau e de uma inteligência mais que sutil, ou melhor, exagerada, que faz questão de demonstrar em razão de sua necessidade transparente em ser alguém que perturba no melhor sentido da palavra, encontra Max, o qual se torna suas pernas nas horas mais incríveis do filme.

Kevin, o corcunda de Notre Dame, como diriam os mais engraçadinhos, ama leitura de cavalheiros, em especial a do Rei Artur e de seus doze cavalheiros, os quais servem de referência a eles que sempre enfrentam o mal – como essas pequenas gangues que se formam em colégios.

No início, Max nem mesmo sabia ler direito, quando foi pego de surpresa por Kevin, que fazia trabalho voluntário no colégio de auxiliar em leitura, e que ao perceber que o seu “aluno” seria Max, iniciara um processo de ditadura da leitura, o fazendo ler, já de inicio, um livro clássico que falava do rei Artur e de seus doze homens.

Kevin fazia chacotas e sabia ao mesmo tempo que estava sendo injusto, no entanto, nem tanto, pois o grande menino bobo tinha pernas, por isso, em alguma coisa, ele era bom, menos em leituras... Mas Kevin era mais que um leitor,  um falador, um intelectual, era um seguidor das honras que os grandes cavalheiros usufruíam com louvor em sua época. Kevin aprendeu com a leitura ser um Don Quixote de muletas e Max seria, dalí em diante, seu Sancho Pança, forte, que o carregava nas costas na maioria das vezes...

Em cada cena, em cada batalha vencida, às vezes correndo de gangues maldosas, outras vezes, recuperando bolsas alheias, os dois, como aberrações naturais, porém de espíritos tão fortes quanto qualquer homem que se dizia de bem, ou mesmo herói, Kevin e Max se tornaram tão belos em seus atos, que suas aparências desapareciam como que por encanto.

O ponto alto do filme

Todas as vezes que Max era acordado com Kevin batendo em sua vidraça, ficávamos atendo às palavras do pequeno corcunda que dizia... “Um cavalheiro não teme a morte”.  E em outras, “temos que recuperar o tesouro da princesa!” – ao perceber que uma senhora havia perdido sua bolsa para um marginal que a tinha jogado em um bueiro...

E quando foram recuperar o tesouro, deram de cara com a gangue que tinha ido recuperar o dinheiro que nela continha. Kevin, Artur em pessoa nessa hora, não se intimidou, ao contrário de Max, que, de todas as formas, não queria confusão de novo. “Devolva para ele, Kevin”, disse Max com medo da gangue... Porém, Kevin revida “Um cavalheiro sabe o que é bom e correto”, deixando claro suas intenções ao líder, que já se encontrava azul de raiva pelo que ouvira.

E enfim, com uma corrente grande na mão, tentando ameaçar os dois, o líder da gangue partiu para cima do aparente frágil Max, que, ao perceber a situação em que Kevin fugia com o tesouro arrastando-se ao léu, e mais, frente a vários marginais dos quais só poderia esperar o pior, pegou a tampa do bueiro, com toda sua força, a rodou com intenções loucas de acertar-lhes, ea jogou no meio... Foi um momento belo...

A tampa se tornou, ao ver do pequeno Kevin que assistia à cena, um escudo cinza, quase negro, a se defender de um taco de beisebol, que se tornara, em sua imaginação, uma grande espada que se quebrava com a colisão. Os dois haviam ganho mais uma batalha.


Volto com mais histórias de cavalheiros,

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