Hoje, um grande filme voltou a passar na TV, um filme que
nos encanta em cada cena, em cada fala. Essa coisa de filme ainda é meio chata,
mesmo porque cada um defende o que lhe apraz quando a ele assiste, ou seja, se
sou um jornalista, o filme só é bom quando traz um furo, se sou um jirradista, quando o filme não é
americano, e mais, quando fala de bombas na Casa Branca, e assim por diante,
mas, para mim, esse pacato ser, que se encontra entre o bem e mal, mais para o
bem, claro, chora com textos clássicos, se levanta questionando a respeito da
vida, e que, com certeza, o fará na morte, hoje, assistiu ao filme “Sempre
amigos”.
Para quem ama questões cavalheirescas, não apenas em filmes
de homens com elmos, escudos, mas, principalmente, com ideais que nos erguem em
cada ato, o filme foi maravilhoso. E
digo mais, talvez justamente por envolver questões cotidianas, nas quais
podemos nos basear para ser um pouco melhores, ele foi realmente singular.
“Para Sempre Amigos” nos conta a história de dois meninos
que se cruzam nessas simples histórias da vida, em que um deles pode ser um
qualquer, e o outro mais ainda, porém o autor, de proposito, nos coloca um
menino de quatorze anos, sem família, cuidado apenas pelos avós, de pai preso
pela morte da mãe, sem falar na sua pouca sapiência em relação à vida. Seu nome
Max.
E o outro, com um mal que o degenera aos poucos. De mais ou
menos doze a quinze anos, com as costas envergadas, usando muletas, óculos de
grau e de uma inteligência mais que sutil, ou melhor, exagerada, que faz
questão de demonstrar em razão de sua necessidade transparente em ser alguém
que perturba no melhor sentido da palavra, encontra Max, o qual se torna suas
pernas nas horas mais incríveis do filme.
Kevin, o corcunda de Notre Dame, como diriam os mais
engraçadinhos, ama leitura de cavalheiros, em especial a do Rei Artur e de seus
doze cavalheiros, os quais servem de referência a eles que sempre enfrentam o
mal – como essas pequenas gangues que se formam em colégios.
No início, Max nem mesmo sabia ler direito, quando foi pego
de surpresa por Kevin, que fazia trabalho voluntário no colégio de auxiliar em
leitura, e que ao perceber que o seu “aluno” seria Max, iniciara um processo de
ditadura da leitura, o fazendo ler, já de inicio, um livro clássico que falava
do rei Artur e de seus doze homens.
Kevin fazia chacotas e sabia ao mesmo tempo que estava sendo
injusto, no entanto, nem tanto, pois o grande menino bobo tinha pernas, por
isso, em alguma coisa, ele era bom, menos em leituras... Mas Kevin era mais que
um leitor, um falador, um intelectual,
era um seguidor das honras que os grandes cavalheiros usufruíam com louvor em
sua época. Kevin aprendeu com a leitura ser um Don Quixote de muletas e Max
seria, dalí em diante, seu Sancho Pança, forte, que o carregava nas costas na
maioria das vezes...
Em cada cena, em cada batalha vencida, às vezes correndo de
gangues maldosas, outras vezes, recuperando bolsas alheias, os dois, como
aberrações naturais, porém de espíritos tão fortes quanto qualquer homem que se
dizia de bem, ou mesmo herói, Kevin e Max se tornaram tão belos em seus atos,
que suas aparências desapareciam como que por encanto.
O ponto alto do filme
Todas as vezes que Max era acordado com Kevin batendo em sua
vidraça, ficávamos atendo às palavras do pequeno corcunda que dizia... “Um
cavalheiro não teme a morte”. E em
outras, “temos que recuperar o tesouro da princesa!” – ao perceber que uma
senhora havia perdido sua bolsa para um marginal que a tinha jogado em um
bueiro...
E quando foram recuperar o tesouro, deram de cara com a gangue
que tinha ido recuperar o dinheiro que nela continha. Kevin, Artur em pessoa
nessa hora, não se intimidou, ao contrário de Max, que, de todas as formas, não
queria confusão de novo. “Devolva para ele, Kevin”, disse Max com medo da
gangue... Porém, Kevin revida “Um cavalheiro sabe o que é bom e correto”,
deixando claro suas intenções ao líder, que já se encontrava azul de raiva pelo
que ouvira.
E enfim, com uma corrente grande na mão, tentando ameaçar os
dois, o líder da gangue partiu para cima do aparente frágil Max, que, ao
perceber a situação em que Kevin fugia com o tesouro arrastando-se ao léu, e mais, frente a vários marginais dos
quais só poderia esperar o pior, pegou a tampa do bueiro, com toda sua força, a
rodou com intenções loucas de acertar-lhes, ea jogou no meio... Foi um momento
belo...
A tampa se tornou, ao ver do pequeno Kevin que assistia à
cena, um escudo cinza, quase negro, a se defender de um taco de beisebol, que
se tornara, em sua imaginação, uma grande espada que se quebrava com a colisão.
Os dois haviam ganho mais uma batalha.
Volto com mais histórias de cavalheiros,
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