quarta-feira, 14 de outubro de 2015

A Semântica do Simbolismo (ii)


Tem coisa mais bela do que um homem ajoelhar-se ante uma pedra, vivenciar os mistérios divinos, cuidar de seu rebanho e, depois de tudo, ser consciente de seus atos?” (J.A.L).
...Uma pedra, uma planta, um ornamento... Qualquer figura que se transforme em algo que religue o homem a Deus, de modo a transformá-lo, todos os dias, em um ser humano, em tudo que faz, exercer seu melhor perante os outros seres humanos ao universo, é a tônica do símbolo.
Assim, em nossa mente nos vêm os grandes monumentos com ídolos enfeitando as paredes, os pedestais. Rochas talhadas a se transformar em deuses desconhecidos, em forma de pássaros, cobras, tigres, como por encanto nos transformando em admiradores de sua origem. Eu, em particular, iniciei meus estudos há pouco tempo sobre a nação das nações, da qual sobram conhecimentos clássicos, dos quais todas as outras obtiveram um pouco do manancial que soçobrou ao mundo – falo do Egito.
De seus deuses, em esculturas benditas, as quais, hoje, nada compreendemos, ou pelo menos não compreendíamos, retirei vários ensinamentos, nos quais me deleito, todos os dias, em forma de leitura, na tentativa de compreender como se tornou o maior legado religioso do mundo, além de outros dos quais usufruímos e não sabemos, até hoje.
Pensaram em tudo. Viam Deus de uma maneira diferente. Das mínimas criaturas vivas em torno do homem a mais grotesca; o egípcio, com seu olhar, assistia a todas as manifestações como divinas, sagradas, outras, mais misteriosas, não menos sagradas, mas vistas como a parte do grande segredo, como potencialidades incriadas que nele viviam, mas que nele estiveram adormecidas... (aqui, lembro-me de Sócrates)! Tais naturezas, hoje, vistas como do Mal. No Egito, apenas deuses que se harmonizavam com outros.
De repente, no cair da grande Noite, esculturas ao chão, templos destruídos, sábios mortos, crianças sem futuro. Era a morte sobre as pernas dos homens que possuíam verdades mortais, as quais não admitiam deuses, e sim, um deus. O Dia chegou. Tudo mudou. Hoje, nossas esperanças, nossas vontades, nossa força, todas se modificaram e embarcaram em outro navio, no qual o comandante é apenas um homem sem formação inciática, sem o conhecimento pleno da natureza, principalmente humana, a desdenhar de outras culturas continuando a derrubar templos, agora mais caros, menos significativos, contudo com a mesma violência do passado avassalador.
E com isso, os símbolos se tornaram dependentes de fatores humanos, não sagrados, dos quais aprendemos apenas como respeitar pelo rótulo, não pela origem natural para qual fora criado. Ou seja, nenhum símbolo atual – fora as seitas que tentam imitar o passado clássico – tem a mesma força de religar o homem com a divindade silenciosa, com o Num egípcio, do qual nasceram várias outras, empurradas por uma manifestação natural, não necessariamente humana. Caímos na vala.
 
O símbolo, adotado necessariamente pelo homem, antes colidia com seus interesses mais elevados, hoje, confunde-se com siglas, emblemas...  O que não é tão mal, se fizéssemos bom uso dele, assim como em guerras passadas nas quais o guerreiro, com um grande escudo, trazia elementos claros de seu objetivo reluzindo nas bordas, as quais nada mais eram que o seu próprio país estampado em forma de um dragão, espadas em forma de cruz, flores vermelhas a representar a guerra, enfim, símbolos que davam medo e na maioria das vezes respeito.
O que nos falta, hoje, além desse respeito, nada mais é que a reverência natural do homem ao símbolo. Sem esta forma mítica de lidar com os mistérios divinos, seremos apenas...humanos (ou não), simples seres informados, automatizados, presos a um mundo acreditando que somos o maior de todos os símbolos.

 Temos que ter humildade.

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