“Tem coisa mais bela do que um homem ajoelhar-se ante uma
pedra, vivenciar os mistérios divinos, cuidar de seu rebanho e, depois de tudo,
ser consciente de seus atos?” (J.A.L).
...Uma pedra, uma planta, um ornamento... Qualquer figura
que se transforme em algo que religue o homem a Deus, de modo a transformá-lo,
todos os dias, em um ser humano, em tudo que faz, exercer seu melhor perante os outros
seres humanos ao universo, é a tônica do símbolo.
Assim, em nossa mente nos vêm os grandes monumentos com ídolos
enfeitando as paredes, os pedestais. Rochas talhadas a se transformar em
deuses desconhecidos, em forma de pássaros, cobras, tigres, como por encanto
nos transformando em admiradores de sua origem. Eu, em particular,
iniciei meus estudos há pouco tempo sobre a nação das nações, da qual sobram
conhecimentos clássicos, dos quais todas as outras obtiveram um pouco do
manancial que soçobrou ao mundo – falo do Egito.
De seus deuses, em esculturas benditas, as quais, hoje, nada
compreendemos, ou pelo menos não compreendíamos, retirei vários ensinamentos,
nos quais me deleito, todos os dias, em forma de leitura, na tentativa de
compreender como se tornou o maior legado religioso do mundo, além de outros
dos quais usufruímos e não sabemos, até hoje.
Pensaram em tudo. Viam Deus de uma maneira diferente. Das mínimas criaturas
vivas em torno do homem a mais grotesca; o egípcio, com seu olhar, assistia a
todas as manifestações como divinas, sagradas, outras, mais misteriosas, não
menos sagradas, mas vistas como a parte do grande segredo, como potencialidades
incriadas que nele viviam, mas que nele estiveram adormecidas... (aqui,
lembro-me de Sócrates)! Tais naturezas, hoje, vistas como do Mal. No Egito,
apenas deuses que se harmonizavam com outros.
De repente, no cair da grande Noite, esculturas ao chão,
templos destruídos, sábios mortos, crianças sem futuro. Era a morte sobre as
pernas dos homens que possuíam verdades mortais, as quais não admitiam deuses,
e sim, um deus. O Dia chegou. Tudo mudou. Hoje, nossas esperanças, nossas
vontades, nossa força, todas se modificaram e embarcaram em outro navio, no
qual o comandante é apenas um homem sem formação inciática, sem o conhecimento
pleno da natureza, principalmente humana, a desdenhar de outras culturas
continuando a derrubar templos, agora mais caros, menos significativos, contudo
com a mesma violência do passado avassalador.
E com isso, os símbolos se tornaram dependentes de fatores
humanos, não sagrados, dos quais aprendemos apenas como respeitar pelo
rótulo, não pela origem natural para qual fora criado. Ou seja, nenhum símbolo
atual – fora as seitas que tentam imitar o passado clássico – tem a mesma força
de religar o homem com a divindade silenciosa, com o Num egípcio, do qual
nasceram várias outras, empurradas por uma manifestação natural, não
necessariamente humana. Caímos na vala.
O símbolo, adotado necessariamente pelo homem, antes colidia
com seus interesses mais elevados, hoje, confunde-se com siglas,
emblemas... O que não é tão mal, se fizéssemos
bom uso dele, assim como em guerras passadas nas quais o guerreiro, com um
grande escudo, trazia elementos claros de seu objetivo reluzindo nas bordas, as
quais nada mais eram que o seu próprio país estampado em forma de um dragão,
espadas em forma de cruz, flores vermelhas a representar a guerra, enfim,
símbolos que davam medo e na maioria das vezes respeito.
O que nos falta, hoje, além desse respeito, nada mais é que a
reverência natural do homem ao símbolo. Sem esta forma mítica de lidar com os
mistérios divinos, seremos apenas...humanos (ou não), simples seres informados,
automatizados, presos a um mundo acreditando que somos o maior de todos os
símbolos.
Temos que ter humildade.
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