terça-feira, 27 de outubro de 2015

O Lado de Fora da Baleia

O Poder do Simbolismo (vii)




Simbolismo nos contos


Opinião
Vocês acreditam em coincidências? Pois é, eu também não. Acredito que há sempre um mistério rondando entre nós, e que nos faz perceber as coincidências em razão de algo que estamos deixando passar. Mas o que seriam coincidências...? A meu ver, são fatos, imagens, ou mesmo histórias as quais nos soam familiar em relação a outros fatos, histórias...


Foi o caso dos contos de fadas. Percebi que, mais uma vez, além das bruxas e princesas, que simbolizam a parte psíquica do homem, que há alguns fatos que ocorrem (nos contos) que deixamos passar, mas que são tão importantes quanto aqueles personagens.
 
O simbolismo, no entanto, não termina com os personagens, como percebemos em textos nos quais expliquei há tempos. O simbolismo é total, mas, em determinadas partes, podemos tentar entender o porquê dele. São as engrenagens do conto.


Jonas e a Baleia

Na engrenagem “O peixe que devora o personagem”, podemos perceber que tal circunstância só ocorre com os heróis que pretendem ascender, buscar e realizar-se, depois de várias tentativas vãs, porém, ainda que com esse tom, conseguem. Na Bíblia cristã, a exemplo, temos Jonas, um devoto de Deus, que passa por situações fantásticas, e acaba por cair na boca de uma baleia... (ou Grande Peixe, como mostra o Testamento).

Depois de fugir dos assírios, assassinos de povos, e temendo a destruição de sua cidade, Nineve, foge pelo mar e não escapa da boca de uma baleia. Como diria um grande professor meu, “perdemos a chave das interpretações”. Mas aqui, nesse episódio, podemos entender, à luz da Filosofia, que o personagem passou por uma prova natural dos iniciados, não dentro da boca de uma baleia – ou de qualquer peixe, mas uma prova de significado sagrado, do qual seu aprendizado serviu para fomentar mais suas raízes em sua crença.

Como discípulo do ocultismo, Jonas reconheceu os símbolos da baleia (qualquer peixe), da horizontalidade da água, da força desses elementos para entender um pouco do universo que o ronda. No Antigo Egito, por exemplo, havia provas idênticas nas quais o candidato à iniciação teria que escolher entre voltar a uma vida mundana ou atravessar o grande rio.

O caso de Jonas, como puderam ver, tem um sabor maior que o dos contos. Ou melhor, não tem nada a ver com eles, mesmo porque estamos a falar de uma quinta parte de um texto que nos remete a um mito, ou seja, que possuem significado universal do que um conto. Neste, podemos ter menos formas, com significado mais direto. No mito, há vários elementos a esconder uma realidade mais profunda, antes demonstrando outras a priori.


Já nos contos...

Há uma história na qual instigamos a imaginação infantil, com de intuito de fazê-la compreender um teor moral. Como no caso dos Três Porquinhos, João e o Pé de Feijão, etc, os quais sintetizam um aspecto genérico da vida humana e ao mesmo tempo universal, ou seja, quando lemos, não somente rimos com o famigerado lobo mal se dando mal, mas o que representam todos os meandros do conto.

E, voltando, quando tocamos em contos, fazendo alusões a peixes e bocas, e a heróis, podemos falar do Soldadinho de Chumbo, do Pinóquio.  Histórias, a principio, tristes, mas que, com o tempo, vão culminando para um desfecho interessante, pois revela algo que um herói, em busca de seu ideal, passou para conseguir o amor da bailarina, no caso do menino de madeira, ser humano. Em algumas histórias, o soldado  sobrevive, mas na original morre.
(segue)

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