quinta-feira, 15 de outubro de 2015

A Semântica do Simbolismo (iii)


Como símbolos, somos tais qual o verme que se arrasta pelo chão mais pobre, ou semelhantes ao sol que dedica ao céu, como a mais rica das estrelas. Nos igualamos ao leão que dorme e caça pela manhã para sustentar seus filhotes, ou à hiena que não para de sorrir ante as diversidades, outras vezes como chorões como a cigarra que não economizou no verão.
O homem é o maior símbolo, dentre as espécies, de que há meios de se alcançar a Deus quando ele próprio se mistifica junto à natureza, com ideais de realização interna. Somos, assim, em meio a tudo, um ponto de interrogação, que se embrenha nas matas físicas e metafóricas com fins de realizar buscas sejam elas quais forem.
Tais buscas, com o prisma da tradição, já se iniciam desde o minuto em que se nasce e não morre com o físico, encoberto pela terra; as buscas são eternas. Tão eternas que, se fossem limitadas, não haveria indignações por parte dos mais idealistas quanto ao seu governo, partidos e religiões. E quando tais buscas são voltadas a origem do homem – a questionar sua natureza e o porquê dela – os deuses despertam no mais puro e íntimo do homem...
E caminhando como um sol à parte, o homem compreende o inicio e o fim de tudo, sendo conhecedor dos reflexos da Vida, tornando-se parte dela, iluminando a mais escura das cavernas.
Ainda mais aprofundadamente, temos sua personalidade, cantada em verso e prosa, revelada como o fantasma mais visível dos séculos, levada ao extremo nos mitos, nas lendas, em romances, nos quais, por mais inclinados que sejam para desmistificá-la, deixam margem de mistérios a desvendar em gerações póstumas.
E dessa persona podemos nos inclinar à parte “étérica”, a qual simboliza a mineral, como a própria pedra, até mesmo as formas diversas  em vegetais e animais da natureza; a parte volúvel, ar, simbolizando a insustentabilidade do ser homem, que vaga com sua mente e alma, antes dos grandes ideais. Ela, ainda, em sua finita característica e forma, simboliza tudo que é perecível, como uma micro natureza que se expande e chega ao seu limiar a estacionar, voltando, se enfraquecendo,  até a morte.
Seu astral, tão volúvel quanto o vento, representa este deus em sintonia com a mais densa de sua possibilidade. Como diriam os pré-socráticos, “um pouco do homem iniciou o universo”, ou seja, sua temporalidade esteve fria, sustentando-se até o momento em que a manifestação da matéria se fez – leia-se em matéria tudo que não eterno, se condensou e se condensa nas entrelinhas do universo.
A mais simbólica de suas características, na verdade, simboliza o fogo: a vontade humana; vista como a parte dos desejos, a parte fogo, a parte consciencial, a qual se eleva ou decai aos infernos a depender de seus objetivos, e se eleva quando se entende por ideal. Este último, porém, é incriado do homem, que detém sua busca em caminhos longos, materiais, imperfeitos, o que não deixa de ser também um simbolismo a verdadeira busca, mas nos edifica como super-homens (Nietsche), quando nos detemos à verdade.
 O fogo, eternamente vertical, no homem, quando elevado é puro, e quando não, impuro, graças a portas de papel que se enraízam e nos faz acreditar que na maioria das vezes o caminho mais perto é o mais correto – e não é; se os deuses nos deram um caminho, o fogo e o próprio ideal, falta-nos apenas nos dedicarmos a ele.

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