terça-feira, 27 de outubro de 2015

O Lado de Fora da Baleia (fim)

O Poder do Simbolismo (ix)


Simbolismo nos Contos




Pinóquio


Em outro conto, um dos mais conhecidos – senão o mais conhecido – que nos traz um boneco de madeira que se tornou um ser humano – há também a presença do peixe.
 
Como todos sabem, Pinóquio era um perfeito boneco de madeira feito por um senhor de idade, de nome Gepeto. Depois de fazê-lo, com todo amor, pede aos céus que lhe deem um presente, o qual seria para a vida toda. E tem. Na madrugada, Pinóquio, o boneco, recebe a visita de uma fada. Depois de lhe proporcionar vida, esta lhe dá uma série de cuidados a tomar e para isso também o coloca sob vigilância de um grilo falante, sua consciência.
Mas o boneco de madeira, assim como crianças, mesmo tendo tudo ao seu lado, até mesmo um senhor que o ama, não se satisfaz com o que recebe e, além de não entender a maioria das coisas que lhe são passadas, não obedece às ordens dadas.
 
Mais tarde, graças a essa singularidade, de não saber o que é certo e errado ainda, passa por dificuldades, e acaba caindo, entre outras, na maior das dificuldades, a qual, como nos grandes textos, serve para provar o teor de humanidade que possui.

Em um dos atos mais humanos, o boneco salva seu avô, que caíra dentro de um peixe, e que só saiu a após Pinóquio ter tido uma grande ideia. Assim, após todas as suas provas, observado pela fada, transforma-se em um ser humano. Realmente é belo.

Nesse conto, como deram para ver, há elementos suficientes para compreender como devemos nos portar ante as dificuldades que a vida nos dá. Em todas elas, há sempre um teor de eloquência individual, ou seja, assim como Odisseu, Ulisses, até mesmo o próprio Achilles passaram, mas cada um dentro de suas possibilidades, podemos salientar que Pinóquio – ou mesmo nós – passará por aquilo que lhe é próprio, não mais.
 
Pinóquio foi elaborado no mais sintético, porém, simples modo de entender o que a tradição nos deixou. É provável que poucos contos nos traga tanto. Mas é preciso que saibamos coletar as informações entrelinhas que tal contos semeia, porque o papel de colher é nosso.
 
Tem a questão do peixe.
Aqui, ao contrário das outras, ele se submete a ela – a prova – como se fosse a última, não como mais uma. Prova disso é que se torna humano, após salvar seu avô da barriga do peixe.  E se ele, Pinóquio, se torna humano, há de convir que podemos levar em conta que há atos que, a depender de como são realizados por nós, nos torna melhor; e ao candidato à iniciação, um pouco mais conhecedor dos mistérios ocultos, sagrados.

Tenho a certeza de que em vários outros contos e em outras histórias contadas pelo mundo afora, há muitos peixes que engoliram heróis. E sabemos, com o pouco que temos, que a literalidade dessa questão deve ser colocada de modo a salientar sempre a elevação da alma humana, pois o conto, assim como os mitos, lendas etc, não foram feitos com o sentido de compreensão aleatória ou literal. Não. Há sempre que entender, por intermédio da Tradição e do conhecimento por ela deixado, que devemos respeitar acima de tudo, o que o passado nos deixa.



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