Tudo porque passamos tem um significado, nada é em vão; por
mais abstrato que seja, sem cores ou com cores a mil; por mais que o concreto e
sua matéria estejam maciços em nossos ombros tais quais vermes que nos correm
em túmulos, tudo, tudo é significativo...
A vida é em si um significado, ou melhor, um símbolo;
todavia, somente o sábio o vê assim, e o que nos fica nada mais é que seus
elementos que nos traduzem, entrelinhas, uma realidade que nos custa aprender.
Assim viam os grandes do passado...
Quando me refiro à realidade, estou falando daquela que
Platão falava há mais de quientos anos antes de Cristo. Daquela que dizia que
somos sombras de uma realidade maior que se esconde em um mundo ideal, o mundo
das Ideias. Um mundo espiritual talvez. Não sei. Mas que nos detém a importância
de nos fazer repensar o que é o que nos apresenta a vida.
Nela, nesse enigma divino, somos obrigados a entrar em vias
nas quais jamais nos adentramos, como partículas, elétrons, deuses, mitos,
lendas, nos quais o raciocínio é tão limitado quanto uma criança que pega uma
tabuada e quer já aprender tudo...
Há no entanto crianças benditas, com as quais aprendemos
desde cedo que a tradição é o caminho, que tal conhecimento desse mundo
invisível, porém real, é uma grande necessidade à parte em meio a outras
necessidades humanas. Tais crianças seriam os sábios. E nós, nem nascemos.
Os símbolos há em tudo. Nas rosas, no mato, nos vermes, nos
fossos, nas ruas, na chuva, no sol, nos gestos de amor, carinho, paz, guerra,
morte, louvor, enfim, o símbolo, em si, retrata uma realidade que, como disse,
o racional pede para compreender e não consegue, mas é explicado por uma rosa
dada à amante, ou mesmo jogada ao túmulo; pelo lenço de uma dama, dentro da
camisa de um guerreiro, quando se vai a uma batalha... E muito mais.
Assim, nos seguem os questionamentos acerca da necessidade do
símbolo em nossas vidas. Nos quesitos religião, política, família, sociedade,
grupos, enfim, nação, precisamos demonstrar de alguma forma a relevância pura
nas cores do um país, a fortaleza de um grupo, o caráter de uma sociedade.
Tudo.
A essência do passado nas religiões, quando nos deparamos
nas devoções de fiéis, os quais se igualam aos peregrinos gregos em homenagem
às deusas, aos deuses, nada mais é que um dos ritos mais simbólicos e mais
profundo de nossa história.
A tentativa de entender o misticismo por trás da pedra
talhada, a qual bordada com parcimônia vira um santo ou uma Pietá; da cruz, que
entrelaça os dois sentidos universais e humanos – o horizontal e vertical, a
simbolizar a fragilidade humana e sua busca pelo alto.
E quando olhamos o sol? Não sei, mas os grandes egípcios,
com sua formação bela e sagrada a respeito dos deuses, diziam que por trás do
grande deus esférico, havia um outro, o qual era simbolizado por este, que se
incumbe de nos queimar por fora. Enquanto o outro, por dentro.
Isso nos remete ao mundo das Ideias, de novo.
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