sexta-feira, 27 de novembro de 2015

"Ontem eu vi, hoje eu sei" *











Não se pode mudar o Cosmos – mudando, acrescentando ou dando-lhe algo; nenhum mestre o fará pensar ao contrário, mesmo porque nada se acrescenta a Deus, pois não se tira ou se dá ao ouro, pois sempre será ouro.


Nas estrelas que brilham solitárias, nos planetas que respiram pela gravidade eterna, pelo silêncio das explosões dos universos, pelo amor que sonda o início e o meio e o fim das eras, acrescenta-se apenas o que se nasce todos os dias, os átomos – tão invioláveis quando sua semântica que o faz aparecer por meio de outro átomo, e assim por diante.


O Cosmos é Deus, e Deus é o Cosmos. Não há como saber sua extensão, seu Amor, sua Justiça, sua Verdade, pois estaríamos como frívolos grãos de areia a compreender o mar bravio, que não cessa, que transforma, que move a vida.


Mas dentro de nós correm tantos átomos, tantos mares quanto se pode contar em uma vida, e dentro dessa vida, agora tão microscópica, singular e protegida, mais mundos há. Por isso, busquemos em nós a paz tão almejada pelo maior dos humanos, ou pelos mestres que moram em nós, que reivindicam o conhecimento interno, que nos fazem melhores  a partir de nossa religiosidade – a única que nos pode fazer humanos.


 
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quinta-feira, 26 de novembro de 2015

Artur. O Mito que Chama (iii)

Parcifal 










A força mítica da história talvez não esteja no Rei Artur, mas em um escudeiro que se preparou, graças aos seus sonhos, em um grande cavaleiro. Não falo ainda em Lancelot, o braço direito de Artur, mas de Parcifal, um adolescente, que em meio à floresta (novamente!), consegue visualizar, de longe, cinco cavaleiros que, segundo conta a lenda, foram inspiração para o jovem se tornar de neófito à figura mais profunda do mito.


Parcifal, ainda cru em sabedoria, teria se assustado, como uma criança, ao ver os grandes cavaleiros de Artur a cavalgar belamente no meio da noite. Após isso, fez o possível e o impossível para que se tornasse um deles.


Deixando família – casa, mãe, pai, irmãos, os quais já tinham lutado como cavaleiros no passado – se embrenhou no mundo e conseguira encontrar donzelas, homens de ideias estranhas, cavaleiros sem rumo, mas, Parcifal, em sua trajetória, sabia que jamais deixaria de realizar seu maior objetivo... Ser um cavaleiro de Artur. E conseguiu.


Após defender causas honrosas, até mesmo a Guinewer, a rainha, passara a se portar como um dos principais personagens da história que demonstraria o papel do crescimento do homem, ou melhor, da adolescência à fase adulta.


Parcifal era o símbolo da pureza, do homem que ainda não tinha se contaminado com as agruras da vida. Por isso, seria o próprio Ideal Humano, pois nele resguardava-se apenas sonhos, perseveranças, paz, de modo que se assemelhava a um rio ainda não percebido pelo homem, portanto límpido.


E em sua jornada, em ser um grande cavaleiro, nosso herói percebe que é preciso lidar com a parte humana, cadenciá-la, canalizá-la ainda que o perigo seja grande. Não era nada fácil, pois a corrupção estava em qualquer lugar do mundo, em forma de donzelas e até mesmo de cavaleiros do mal, mas ele, no entanto, belo por excelência, conseguiu lidar com tudo isso graças a grande educação que recebera de sua mãe, Dor no Coração (nome da mãe).


E por ser filho de um grande cavaleiro, ficou mais fácil ou pelo menos melhor para enfrentar as lhanuras do mundo. Assim, depois de muitas cavalgadas, descobriu que seu coração precisava se completar. Precisava de uma mulher pela qual lutar, cortejar, tornar-se homem.


Aqui, somos buscadores dos mistérios humanos, da parte que nos prepara para a elevação, assim como um príncipe nos contos que necessita lutar por uma princesa, a matar dragões, monstros, enfim, passar pela parte psicológica do passado e ganhar a consciência maior.


Parcifal encontra Artur, quer lutar por ele; quer subir, ser cavaleiro também; Parcifal precisa de referenciais, caso contrário volta para casa, e volta a ser apenas um sonhador. Essa prima consciência do herói nos torna mais humildes, mas ao mesmo tempo nos faz entender que precisamos deixar de ser um pouco Percival e enfrentar o maior mal de todos. O cavaleiro vermelho.


 Cavaleiro Vermelho


Este ser belo e ao mesmo tempo amplamente simbólico nos faz buscar o que somos e o que temos em nós mesmos, e reconhecer que temos ainda pedras a remover em nossas almas. Este cavaleiro para alguns é a parte mais difícil de enfrentar, pois estamos falando de uma personalidade que vive do passado, e se fortifica a cada instante pelo que deixamos no caminho. É a contraparte de Artur.


Para outros, é a melhor forma de crescimento, simplesmente pelo fato de que é a última indagação a ser feita antes de se tornar homem. Por isso, enfrentar o Cavaleiro Vermelho, que inflama nossas mentes, e nos pede duelos nos quais sempre vence, é buscar, como dizia Blavatsky, passar pela porta de papel – ou pelo menos, uma delas! – pois é apenas uma forma não real, imaginária, que construímos ao longo do tempo, e que se tornou forte tal qual uma pedra.


Parcifal enfrenta o cavaleiro, encontra sua ou metade, e tem o aval de Artur para ser um dos seus.

quarta-feira, 25 de novembro de 2015

Artur. O Mito que Chama (ii)

A iniciação








Quando Merlin, o grande mago, nascido das mais místicas casas de iniciação, aparece na vida de Artur, percebe-se que não é mais o pequeno Artur, o adolescente, que se indigna por maus caminhos, nos quais se deve se passar; sabe que os mistérios se faziam em concreto, na forma de um mago que mudaria a trajetória, desde a espada presa na bigorna, até sua ida para A ilha das Deusas.


O Ponto culminante, no entanto, na história de Artur, agora o homem, o destinado, é a retirada da espada mítica, vinda da deusa do Lago, com fins de fazer apenas o Bem, abrindo frestas, mares, florestas, enfim, tudo que se assemelhava a caminhos esquecidos, apagados, os quais seriam abertos pelo rei.


Artur, ainda o auxiliar de cavaleiro, um mero escudeiro, que zelava pela espada do adotivo irmão, a deixara escapar das mãos, e lá na frente, quando a vira (ou pensando que fosse ela) encravada numa pedra (a história real diria uma bigorna), a retira da forma mais simples e pura, sem refletir, sem a corrupção ou mesmo interesse próprio...


Ele havia retirado Excalibur, a espada que teria sido do seu pai, e por ele corrompida, mas trazida de volta por Merlin, o que teria dito “Aquele que retirar a espada da pedra será o Rei”. Uma dor de cabeça àquele ser que nascera para governar a terra, o mundo, ou pelo menos um reino que simbolizava o universo humano. Uma experiência que levara Artur a sujeitar-se a brigar com seus irmãos e amigos, os quais não o aceitavam ainda com um mandante, pela inexperiência visível...


Mal sabiam, todavia, que tal falta de prática, nada mais era que uma necessidade, pois o grande cavalheiro, o futuro rei da terra, teria que ser puro, inviolável, casto em experiências das quais somente os grandes sabiam. Artur, por ele mesmo, ficou em transe, pois teria que mudar de modos, de pensamentos, de todos os atos que antes o caracterizavam adolescente...


E sua primeira lição foi indagar a Merlin, seu mestre, entre florestas (ou bosques) como um fugitivo de si mesmo, de tudo; e ali, nas entranhas da natureza, escutava apenas o bater do coração da natureza, em forma de grilos, lagartas, moscas... répteis, e sentia que por traz de tudo havia um principio do qual suas perguntas ainda balbuciavam em sair: o dragão.


Merlin dizia que ele, agora, fazia parte daquele ar, do coração imenso que batia naquela floresta, do hálito forte do dragão. Que Artur era o dragão. A iniciação tinha essa finalidade, de fazer o grande Artur a criar uma personalidade voltada ao Uno, de modo a sê-lo, e por ele lutar, como se fosse o Todo.

segunda-feira, 23 de novembro de 2015

Artur. O Mito que Chama




Acredito que todos já tenham assistido ao filme, ou lido um livro, visto um desenho, ou até mesmo ouvido alguma coisa sobre o mitológico rei Artur. Então não vou me deter em falar muito, apenas desmembrar psicologicamente a parte dele – desse mito – com vistas a fazê-los entender o que significa, ou pelo menos chegar perto a isso.

O Rei Artur se transformou em um símbolo maravilhoso, do qual tiramos nossas visões semânticas para uma vivência relativa ou para a compreensão universal do homem– assim o é quase todos os mitos, ao segredar a parte mítica, e revelando a psicológica, ou seja, dando margem aos homens de se infiltrarem em suas margens, pois não conseguimos adentrar em seu meio pela pouca ferramenta que possuímos.

O Peixe

Muitas histórias em torno dele, do Rei, e uma delas conta o inicio de sua adolescência, aquela fase na qual a maioria dos jovens mergulha em mundos misteriosos para sua ascendência interior. E Artur, um dia, ao sair do castelo, se perdeu em uma floresta (ou em um bosque, como sempre!), e viu um acampamento abandonado, com uma lavareda de fogo que supostamente esquentava seus possíveis hóspedes, os quais não se encontravam nela.

O Rei, que ainda balbuciava questionamentos, não teve medo de se aproximar, e viu, em uma vasilha, um peixe (símbolo da sabedoria em diversas culturas, entre elas a cristã) que ainda borbulhava pelo calor da fogueira que o tinha esquentado. Com fome, o adolescente pegou-o, levou-o até a boca e... Queimou-se. Tal atitude o fez largar o peixe e deixa-lo cair no chão.

Segundo algumas civilizações, o peixe representa a sabedoria, ou o início dela. E quando Artur, na fase em que se encontrava, se queima com ele (o peixe), temos que entender que há uma manifestação por parte da natureza em fazer com que passemos por situações extremas, nas quais o ensinamento nada mais é que entendê-la.

Artur, naquele momento, passava, como rei, pela psicologia natural dos homens, a de conhecer a vida, sua intenção, sua profundidade... Mas não conseguira de início. Por ser ainda frívolo em seu comportamento, que não seguia por completo a ordem natural do uno, queimou-se e percebeu o quanto queima quando não segue a grande disciplina da Vida.

É o conhecimento. Nele Artur vai mergulhar, vai ser um sábio, vai se imortalizar, mas naquele instante, se queimou, pois estava além de suas possibilidades entender a vida. No entanto, nada melhor do que da maneira mais impiedosa para entender que tudo tem seu tempo, e ele, assim todo o jovem, terá.

sexta-feira, 20 de novembro de 2015

Uma pausa para lágrima






Em meio a guerras de terror aos países das Europa, principalmente na França, agora mais do que nunca somos obrigados a assistir a outras guerras, a da audiência nas tevês, das opiniões  mais contundentes em relação aos conflitos, da política sem nervos a testar o ânimo humano, como uma grande cobaia, em um imenso laboratório, chamado terra.

A frialdade se esvai na incompetência de empresas que nos asseguram proteção em barragens, as quais não protegem nada, muito menos o ser humano. Lama. Mortos.
Destruição. Morte. Dor. Dissabor. Morte. É uma canção de ninar o demônio mais perfeito do imaginário coletivo, e ainda somos obrigados a ouvir as inenarráveis façanhas de um governo perdido nas circunstâncias.

Lembro-me, nesse contexto, de dragões imensos tomando vilas, cidades, entres outras sociedades, e o homem, sem o herói que há muito iludia o monstro, observa o céu em chamas, e com lágrimas roliças em um rosto sujo de cinzas, não consegue nem mesmo clamar a Deus. O que houve conosco?

Amanhece, e sol, maestro, em meio à dor, surge potente, carrancudo, raivoso, criminalizando a raça que matou a esperança, desfez a imaginação, os sonhos, e nos fez pisar em uma realidade inconteste. A esperança, no entanto, sempre há, não morre facilmente. Joga-se em frente aos caos, manifesta seu apelo de vida, ganha espaço no chão, caminha junto ao homem... e o faz respirar.

A esperança é a arte, a beleza, a simplicidade; são os pequenos mistérios que deram origem a todas as raças, e hoje, como sempre, levantar-nos-á do mal que criamos e dele não conseguimos sair. A esperança é a humildade, em forma de reconhecimento próprio, aceitação dos erros, e a beleza em reconhecê-los como seu, dando novas chances a si mesmo.

Em meio a essa guerra, que nos faz morrer aos poucos, sem ouvir o bater das asas do beija-flor, o roçar das pernas da borboleta, o sorrir da joaninha, o som dos raios do sol no mar, ouço o som de piano, cujas teclas soavam o mais clássico dos ritmos. Esse ritmo, tão diferente ao povo, que fora sujeito às tempestades sonoras, aos sons mais ensandecidos da mente humana, naquele instante, vibrava na alma dos anjos mal vestidos, rostos sujos, os quais sem nunca terem visto um grande instrumento, tornaram-se estátuas biológicas, e porque não dizer divinas.

Shakespeare talvez tivesse dito, em sua semântica eternamente analógica ao universo, “Como miseráveis que roçam a terra, e que em suas unhas sujas colhem o verme, viram Deus na face oculta da beleza, da qual saíra uma lágrima de dor”.

Uma dor inimaginável de paz, que alcançara a última nota no mais edílico lugar da alma humana, o que fez todos eles – aqueles humildes homens – acordarem num paraíso, sem virgens, sem mel, sem cachoeiras, num palco em que somente a música os tornava mais humanos.


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* Acima, Jaci Toffano, pianista internacional, faz apresentações em vários locais no Distrito Federal.
 http://www.jornaldebrasilia.com.br/viva/653914/pianista-internacional-faz-concerto-em-locais-do-distrito-federal/

quarta-feira, 18 de novembro de 2015

Tempos de Guerra






É tempo de guerra, tempo de buscar a paz nos campos minados, junto aos companheiros veteranos, acostados nas trincheiras, no barro da chuva, que desloca a bota, a qual se enlameia, que nos faz pensar em casa, no café da manhã, nas lutas pequenas com a parceira, nas lutas de mentirinha com seu filho... Enfim, já estamos com saudades das palavras deslocadas que soam como perfume que inundam nossos dias.

Mas temos que andar, procurar e encontrar um abrigo, pois a guerra nos faz de formigas medrosas, as quais carregam rifles em vez de folhas. Tão pesados, tão donos de nossos martírios, que precisamos descansar antes da própria batalha.

Precisamos pensar, e não conseguimos. As bombas do inimigo são como uivos de lobos antes de virarem pó ao lado de nossas tendas; cantam com seus sons maravilhosamente horripilantes, e se não fôssemos soldados, partiríamos como crianças nos braços de nossos pais.

Sei que não estamos em guerra, mas deveríamos. Há muitas contradições em terra, das quais só se podem tirar as reais dúvidas, respostas, pela guerra. Hoje, com a nossa passividade, assinamos nossa morte, nosso desalento. Estou me referindo ao campo mais pútrido do mundo, a política, principalmente neste país cuja passividade me assombra.
Morremos aos poucos ao nos levantar e saber que há uma presidente que usou de artifícios poucos viáveis para pagar suas contas, as quais foram geradas de forma ilícita em meios políticos dos quais nada se aprende, apenas a votar e chorar mais tarde.

Nele, nesse último ninho de uma horda viral, temos um partido que fora escudo do povo, ou pelo menos pensei que fosse, a ser lança que se encrava em nossos intestinos, propositalmente, e, na grande mídia, somos apenas observadores frágeis a ofender o que colocamos e não conseguimos retirar, pois a chamada Democracia possui suas artimanhas naturais com vistas àquele que entra e só sai quando quer.

Nessa caverna conjectural, temos partidos que se assemelham a prostitutas, pois quanto mais se dá a ele, mas quer para satisfazer pouco seu desejo e muito  o do outro... Temos mercenários ex-presidentes que não saem do palácio do rei, pois acredita que o é, desde que contara sobre sua mãe na corte. Ele quer opinar, mudar, ou mesmo se enraizar com políticas hipócritas, nas quais somente o povo sem estudo acredita. Mal sabe ele que sua profissão natural era a de bobo da corte.

Temos senadores que deviam (devem) ser chefes de crimes organizados; presidentes que dariam inveja aos quarenta ladrões, pois roubam, levam, são descobertos, e ainda batem no peito dizendo “só saio quando eu quiser”.

São as nuances de um sistema falido, que nasceu para matar a criança quando nasce e desvalorizar o idoso que lutou desde o inicio para o seu país, na última guerra, dando-lhe mais guerras, a pior de todas... A dele contra o desrespeito nacional. Ah, esquecemos dos jovens que amam heróis pré-fabricados, sem honra, sem valor.
 
Senadores, deputados, ou qualquer palavrão que lhes podem ser natos, não correspondem aos seus sagrados conceitos, dos quais no passado aprendemos que tais vocações -- digo vocações não eleições -- eram demonstrar o real motivo de suas presenças, como ideais vivos, espíritos falantes, grandes heróis ambulantes. Hoje, crápulas, donos de bordeis, chefes de quadrilha, ignorantes que não sabem nem mesmo pronunciar seus nomes, fazem reverência a si mesmos, se intitulam faraós dos tempos modernos, os quais, ao contrário do grande homem clássico, não favorecem a ninguém, nem mesmo a si mesmo, pois, quando voltado ao interesse próprio, assassina qualquer possibilidade de crescimento de um cidadão, de uma sociedade, de um país...

Eu queria, por isso, ter levantado hoje, com a finalidade de ir a uma guerra, destronar falsos reis, verdadeiros tiranos, e colocar um grande homem que em mim nasce todos os dias. Aquele que anda em favor dos valores reais, sem partidarismos, ou mesmo a rotular minhas convicções com vistas a ter uma bancada evangélica, católica,.. Mas acreditando que Deus está em tudo, até mesmo em atos políticos, como no passado o foi. E talvez por isso sentimos tanta saudade.

Entretanto, se não temos uma guerra, ou mesmo uma batalha pequena que nos faça matar essa dor diária, participemos pelo menos de uma passeata, de uma carreata, buzinando, gritando, fazendo soar o máximo a voz que engasgada se encontra no fundo de nossa alma.

Ah... Nossa alma, tão presa ao seu cabresto, que morre às sobras daqueles admirados homens de bem que não têm medo, nem sentem dor quando policiais biltres partem como cães em cima de seus corpos, despreparados para a guerra cotidiana. Estou falando dos grandes educadores, os quais em um sistema mais ou menos razoável estariam ganhando o suficiente para o seu sustento, mas neste, no grande democrático mundo que criamos, os reais educadores são levados por policiais, violados em alma e profissão, a sofrer a dor que deveríamos sentir por eles: estão sendo maculados mais do que em países que o odeiam.

Fica em paz, minha alma, vai chegar a sua vez, e vamos partir para uma real guerra não somente em nome da paz, mas em nome de uma humanidade que precisa urgente acordar.

A guerra, por si só, já começou. Vamos à luta!

segunda-feira, 16 de novembro de 2015

Fundamentalismo sem Fundamentos





Mais um ataque na França, dessa vez em escala desproporcional às nossas fragilidades, ao nosso medo. Deixou-nos em pavor, como ratos em sua própria cidade invadidos por gatos assassinos e débeis, os quais, na espreita, esperaram que os pequeninos voltassem sua vida normal para depois voltar ao ataque.

No início do ano, nossos corações se sobressaltaram quando, em televisões do mundo inteiro, cenas de um terrorista, caminhando, portando uma arma automática, em direção a um guarda caído, friamente assassinando-o. O mundo inteiro, mais uma vez, dentro do seu inconsciente, no qual outras cenas mais frias adormeciam, foi obrigado a trazer à tona todas elas, não somente pela última, mas por outras que ocorreram em uma sexta-feira 13, que, tradicionalmente, é um dia em que todos ficam de forma lúdica atentos.

Esta, no entanto, não tinha nada de lúdico.  Veio à tona a dor e o desespero proporcionados pelos fundamentalistas, que se dizem religiosos, protetores da palavra de Alah. Se dizem, ainda, líderes de uma nova ordem mundial, baseados em façanhas no mínimo desumanas. E assim, por meio de seus atos, por meio do radicalismo extremo, traçam uma conduta que não faz jus a qualquer organização, lei, ou conceito se enquadrar em qualquer referencial...

E levam jovens de mentalidades revoltosas em relação aos seus países, ao seu nacionalismo, ao próprio mundo, e traçam radicalismos férteis de esterco dos quais nascem rosas negras, onde poderiam nascer amor ao ser humano, amor ao próprio país, por meio de um trabalho, ou mesmo de uma atividade simples na qual ganhar-se-ia o suficiente para suprir sua inquietude quando ao mundo...

Mas o jovem, como conhecemos, tem a mente fértil de desejos de mudar o mundo, e quando há mais mentes, talvez maiores, com premissas tão bem fundamentadas quando ao que o Ocidente ou mesmo Oriente faz, são hipnotizados por uma flauta, cujo artista nada mais é que um homem a comandar outras, e assim por diante, em uma canção tão triste, tão odiosa, mas ao mesmo tempo diferente, que fascina a mente dos desavisados.

E podemos sentir nas veias a canção, quando pessoas inocentes são baleadas, mortas, assassinadas em bares, em discotecas, ou mesmo tomando um café em uma determinada hora. Não estamos mais seguros.

 

Sabemos que a natureza nos prega uma peça de vez em quando, e choramos com desabamentos de rochas, de encostas em casas de pessoas humildes, e muito mais. Todavia, em termos mundiais, quando temos em nossa civilização grupos que não possuem sequer um mínimo de humanidade, e querem transformá-lo tal qual o caráter que possui, temos que rever nossos quesitos acerca da proteção aos inocentes, não somente fechando fronteiras, mas trazendo à tona a ideia de pátria, de educação quanto ao país em que estamos; levar jovens que não possuem escolaridade, empregos, a oportunidades de viver em função de um objetivo...

E é por meio deste que os fundamentalistas trabalham. Se eu odeio meu país, se ele não tem um plano para mim ou para minha família; se sou excluído dos planos do Ocidente, terei que repensar o que sou ante a tudo isso. E se há uma organização que leva em consideração meus pensamentos – ou melhor, se fundamenta nessas premissas, -- eu vivo por ela, ou melhor, morro por ela.

Sabemos que o sistema democrático não é um dos melhores – talvez o pior – mas ainda não resguarda em suas pretensões ser tão desumano, homicida, genocida... Enfim, estamos longe disso. Na realidade, há uma política voltada ao medo – como no conto do ratinho Despereaux, no qual todos os ratos são obrigados a temerem a tudo, desde o dia em que nasce até o fim. Apenas um ratinho, estranhamente, nasce com a vivacidade de um herói que quer transpor as ratoeiras, enfrentar os gatos, descer ao  mundo sombrio e enfrentar o caos.

E tenho a certeza de que estamos no caos. O medo exacerbado existe, e a falta de referenciais para enfrentar o caos é tanta, que só de falar nele pulamos para debaixo da cama. E os líderes mundiais sabem disso. Sabem que o medo nas reuniões nas quais engomados de termos temem represálias é tanto, que o outro caos, agora com pessoas saindo de seu país de origem, para morrer no mar, humilhadas em fronteiras, taxadas de terroristas, simplesmente pelo fato de a grande Europa amar reuniões, morrem todos os dias, ou viram sem-objetivo em seu próprio ninho, é uma consequência da inércia humana.

Enquanto isso, os organizadores do novo mundo, sem reuniões, praticam seus ideais de  morte, de crueldade, em nome de um salvador mal compreendido – Alah. Mal sabem eles que religião, em qualquer sentido, não somente no clássico, vem a ser uma forma de conceito que une você a Deus, e se houvesse Deus nesse ideal de organização jamais haveria mortes tão terríveis... Então, não me venham falar ou escrever acerca de pudor, se o próprio pudor lhes falta quando inocentes se vão.

Precisamos de ratos, quer dizer, de heróis!

sexta-feira, 13 de novembro de 2015

O Lixo de Cada Um




Sempre caímos nesse vão, nessa cratera imensa dentro da qual damos opiniões e acreditamos estar completamente sábios, conhecedores do bem e do mal, celestes. Adotamos princípios básicos de vida, e neles nos seguramos como Ulisses em seu barco, ouvindo as vozes das sereias, com receio de ser hipnotizado.

Assim nos erguemos ante ao que ligeiramente sabemos, e damos a vida para assegurarmos que estamos corretos, mesmo sabendo que opinião é um artigo que, com o tempo, muda, pois ventos arrebentam o que criamos, como em castelos de areia que desabam em plena margem de uma praia distante.

Parto do principio que temos que abrir leques em todos os aspectos, sejam eles religiosos, partidários, até mesmo quando se trata de nosso cotidiano (entretecimento), pois levamos muitos a sério nossos times, nossas roupas, celulares, de modo a torná-los parte de nós. Temos que saber lidar com esses valores externos, nos quais nos embrenhamos tal qual lenhadores numa floresta e que se perderam de tanto se identificar com o produto – e por isso, não cortam mais árvores.

Muitos pensadores atuais – e clássicos  -- chamam de prisão. Mais ainda, de “gaiola dourada”, na qual vivemos como periquitos felizes, ainda que nascemos para viver fora dela. Ou seja, por mais que tenhamos a mais forte das opiniões, a mais distinta de nosso circulo, alguém em algum lugar defende o mesmo, e mais, com a mente mais aberta que a nossa...

Platão dizia.. “Vivemos no mundo das opiniões”, e estava correto. Não há nada que façamos que não tenha alguma referência ao irmão, ao pai, à família, ou pior, à televisão, aos jornais, a um mundo que se posta a nos dar informações (não conhecimento) baseado em premissas frágeis, que, ao nascer do primeiro sol do dia, cai.

Isso é opinião. Passa como se fosse uma grande moda, que com o tempo se destrói, se esvai e não volta, quer dizer... apenas em conversas amistosas, em reuniões familiares, mas não duram tanto quanto duram as palavras dos grandes mestres. É a sabedoria universal.

Sócrates, filósofo, mestre de Platão, já nos alertava quanto a nossas opiniões. Em “A Peneira”, o filósofo não aceita qualquer opinião que não seja benéfica ao homem, ao mundo, à humanidade. E devíamos levar em consideração seu modo de receber as palavras, pois o que nos contamina nada mais é que nossa voluveidade opinosa em relação aos nossos interesses, nada além disso. É por isso que desabam os reais valores que defendemos tanto.

Para sair de nossos abismos, assim, percebemos que não é apenas o que sabemos, mas também o que fazemos, e isso nos traz uma reação do tamanho de nossas ignorâncias. A exemplo disso são os ditadores, que nos direcionam a outros abismos, e todos os dias saem um busca daqueles que ainda não foram educados quanto ao que pratica. Mais tarde, sabem que estavam errados e que pagam por isso.

Enfim, antes de pronunciarmos qualquer ideia, de plasmá-la e torna-la real, temos que repensá-la várias vezes, até que um dia ela se torne eterna.

 

 

 

quinta-feira, 12 de novembro de 2015

A culpa é das Estrelas




A semântica do universo, não sei se perceberam, é toda perfeita. Autossustentável, reciclável, dona de si. Não precisamos interferir na maioria vezes para que ela mesma se encontre e se torne viável ao universo; as poucas vezes, e péssimas, que fazemos é com direcionamento aos interesses humanos – e isso faz com que sejamos racionais no sentido natural, pois, ainda que sejamos parte desse átomo que nasce, somos únicos a racionalizar o universo, mudá-lo, mas ao curso positivo. Não negativo.

A exemplo disso são as queimadas. Podemos reestruturar parte de uma floresta, parte de uma cidade, parte do curso de um rio, com vistas a sua melhoria; porém sabemos que tais estruturas não vigam em perfeição, e são obrigadas a serem refeitas todos os anos. O homem, aqui, se mostra criador de monstros que ele mesmo não sabe matar – ele mesmo.

Quando cria meio de subsistência ao seu povo, de modo a tornar este refém do que faz, não por uma natureza bela que sempre o fez, desde os primórdios, criar em nome da perfeição universal, ele, o homem, se despe de sua identidade e veste a roupagem do monstro do interesse capital.

Por fim, sabemos o quanto somos imperfeitos, mas também importantes ao que criamos em torno de nós. Se não houver algum pensamento útil em torno de nossos projetos, nos quais a perfeição pulsa, não há possibilidade de compreender o próprio ideal humano – que é ser humano, fazendo humanidade.

Os sábios clássicos, não os pré-fabricados pela Mídia, deixaram raízes de uma grande árvore a ser seguida. A árvore que sempre deu frutos onde quer que estejamos. Quero dizer que todos eles, antes do cientificismo aristotélico, nos direcionava a projetos maiores que a nós mesmos, incutindo no coração humano a religiosidade – diferente de religião – que tanto se desfez com o tempo.

E quando percebemos algumas migalhas de sabedoria, seguimos, mas só encontramos dentro do que realmente queremos. A perfeição. Esta quando visualizada nos sóis de cada dia, na lua bela dos poetas, na trajetória impiedosa do cometas, nos alinhamentos, na pureza das estrelas, percebemos que temos um pouco de tudo isso em nós, e que a perfeição, enfim, é possível, mas não de forma imediata, clara, rápida, como um brinquedo infantil caro, mas que mais cedo ou mais tarde o teremos em criança. Não. Assim como um carvão que levou milhões de anos para ser tornar uma pedra e esta um diamante, é o nosso contentamento.

Todavia, as estrelas e o grande cosmo nos evidenciam que temos em nós perfeições relativas – as quais podemos salvar --, e com elas, em nosso dia a dia, brilhar um pouco.

quarta-feira, 11 de novembro de 2015

Dois Infinitos





Há várias galáxias, vários sistemas, sejam eles solares ou não, mas uma coisa é certa: o universo não tem fim. Nele somos apenas meras formigas, ou menores a depender da distância a que iremos nos referir, buscando entender mistérios que, a nosso ver, estão além de nós, a quilômetros de nossos desejos, de nossa mente. Esse último é um pensamento cientificista.

Porém, a cada dia que passa, tais profissionais da ciência sabem o quanto somos parecidos com esse universo que se expande, ora se recolhe – Manvantara e Pralaya* – como se um grande órgão estivesse respirando com todas as suas células, e nós, um pouco delas.

E ao olhar esse escuro universal, ficamos presos ao lado físico da coisa, mesmo porque não podemos ir mais adiante. Então passamos a supor, a estudar as partículas, entender os átomos e seus componentes, ir mais sempre. E imaginamos mais seres além-cosmo, imaginamos mais planetas terras, e nos esquecemos de pisar o chão, entender um pouco de nós mesmos, de nossa existência – não da maneira científica, mas filosófica.

Os antigos sabiam que um universo era infinito, que sua manifestação nada mais era que uma Grande Respiração, que os milhões de anos em manifestação nada mais foram que grandes braços de uma pequena célula, a qual, por uma grande Inteligência, se fez...

Sabiam os antigos que tal Inteligência não poderia ser revelada ao nosso ponto de vista ou com nossos desejos, mas respeitar ao ponto de fazê-la ser vista dentro do próprio universo, que, como se mostra, nada nele é por acaso, a exemplo do alinhamento dos planetas, da posição do sol, da lua, enfim, das estrelas que morrem, mas ainda, após vários anos, nos fascinam com seu brilho como sóis que foram, mas deixam seus rastros ante nossos olhos. Isso, todos os dias.

Todavia... Os grandes sábios preferiram se infiltrar na condição humana. Tentar entender o porquê da voluveidade da grande personalidade, na qual nosso físico se impõe, nossos astrais se fazem, nossa intuição nos sintetiza e a vontade que nos direciona, para baixo ou para o alto.

Tais homens descobriram que temos que elevar tais condições, assim como o próprio universo que evolui, nós, internamente, também, temos essa obrigação. Por que obrigação? Porque se fosse um direito, teríamos desde nosso berço uma ponta de elevação consciencial , assim como o direito de respirar, andar etc. Mas a obrigação revela que há em alguns sentimentos de querer ou não. E o nome disso é Livre Arbítrio. Por tê-lo, caminhamos por caminhos sem fim os quais não nos leva a lugar algum durante anos, por outro lado nos faz ver que o céu, a que tantos sonhamos ver (não literalmente), está a apenas a um passo de nós.

Esse céu, esse paraíso em vida, esse sentimento puro e real, não é utópico, mas nos surge como tal quando não acreditamos em nós, ou perdemos o amor à humanidade, ao homem. Um céu, no qual os cientistas não creem, e não estão disposto a buscar, mas sabem que ao passo de suas descobertas além-espaço o próprio homem o tem em de si, e isso já é o bastante para repensar para qual infinito é mais útil prosseguir.



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*movimento de inspiração e respiração do universo, de acordo com a filosofia hindu.


terça-feira, 10 de novembro de 2015

Entre dois Mundos


Sempre que podemos, em meio aos problemas, sair de perto dele, nos afastar o máximo do conflito, seja ele físico, psicológico ou emocional, e ficar sozinho, preso aos pensamentos. Lá, sentado, como um monge revoltado, sorrindo sozinho ou esbravejando como um comunista derrotado, ficamos até surgir o céu tão esperado.

Nele, surgem possibilidades de voltar à briga, desconflituar (se é que existe tal palavra...), e nos unir em torno de algo que não seja o desamor. Como diria o mais humilde dos seres medrosos.. “É complicado!”.

Nada disso. O céu a que me refiro é o céu de cada um, o cantinho idílico que citam os mais sábios, o abrigo natural do homem, que fica dentro da alma, na qual vários sentimentos se expõem e se tornam, a depender da pessoa, amistosos e companheiros.

Ou seja, nada melhor do que olhar para dentro de si, buscar soluções ainda que tardias e voltar a ser você mesmo. Enfrentar o dragão, sempre com a espada em punho, não olhando em seus olhos, tendo a prudência de desviar de suas chamas, levantar o braço e pelo menos assustá-lo com seu ato...

Todo sabem que o dragão não vai ser morto. Sabem que nos devoram antes de tentarmos matá-lo, então, nada melhor do que fazer parte dele, se embrenhando em suas escamas, mergulhando em seu olhos, penetrando em seu fogo. O dragão, assim, tornar-se-á um só. E vencendo essa etapa, poderemos passar por diversas dificuldades, sem as quais não conheceremos mais dragões.

Entretanto, não estamos aqui para falar de dragões, e sim de um mundo no qual estamos quase soterrados de problemas dos quais não conseguimos nos livrar. E quando reflito sobre isso, penso na máxima de Marcus Aurelius, quando em meio às batalhas que travava, fazia seu diário que se tornou um dos manuais mais lidos entre os líderes mundiais... chama-se “Meditações”; nele, o Imperador estoico traduz seu sentimento de humanidade de forma filosófica aos homens de modo a simplificar todas as intempéries pelas quais passamos, com lastro em valores internos.

Disse Marcus, “Quando estiveres perto do batalha (problemas ou conflitos), pense que estás no espaço, e de longe irás observar o quanto somos pequenos, juntamente com nossos problemas”.

De certo modo, precisamos pensar assim, mas não ir tão longe no distanciamento, esquecer das resoluções presentes, resolvê-las, e continuar nossa caminhada. O imperador sabia disso. E quando nos pede para fazer tal exercício, apenas nos direciona para fora dele momentaneamente... Dessa forma, não ficamos cegos com tantas loucuras que ouvimos ou mesmo dissemos quando a “batalha” nos vem.

Sabia o grande Imperador que o universo é uma grande alma, e dentro dele há vários cantinhos confortáveis ao homem nos quais podemos repensar o que dizemos, voltar à batalha – seja ela qual for, de qualquer nível – e sentir um novo ar, uma nova energia.

Então, quando nos afastamos dos problemas – nós homens fazemos muito isso, ou quando ficamos calados demais, enquanto a mulher prefere desfazer de todas as palavras de seu vocabulário... – não é para correr da vida, mas alimentá-la, vivificá-la, torna-la ideal ao mundo, mesmo porque precisamos refletir acerca de tudo, não apenas nessas horas, mas em todas, porque somos humanos. E somente os humanos fazem isso.

sexta-feira, 6 de novembro de 2015

A Deus






Cri em tuas palavras,
Que queimavam como larvas.


Aprendi com teus olhos,


A me observar de longe,
Em tuas escamas,


Em tuas asas,
Em tua calda,


Em tua alma.
Ensinei sobre teus desejos,


Nas folhas,
Nas pétalas,


Nas luas e sóis,
Em teus lençóis.


Ressuscitei em tua cama verde,
Em gramas macias,


E dormi em tuas montanhas,
Em tuas famas,


Em tua voz.
Ressoando em cavernas,


em cachoeiras,
em teus filhos,


em teus pais,
que nunca mais


em teu colo
choraram.


Morri em tua poesia,
Bela por natureza,


Dissipando a biologia,
Destronando a orgia,


Revelando em tua face
O mero espírito da leveza.


Ouço teu coração,
Que bate no mundo


Dos homens,
De um espaço frio,


Em desespero,
Pelas cruas bombas dos seus.


Choro também.
E pelas águas se vão


Minhas lágrimas,
Meu sangue,


Um pouco do que fui,
Um terço do que sou,


Um quarto para dormir.
Meus sonhos,


Meu Deus,
Meu Eu,


Minha essência,
Onde estão?


 

Paralelismo Filosófico


Estava eu a conversar com um sobrinho muito indignado com a vida. Calma! Indignado, no sentido de querer entender alguns pontos da gramática nossa do dia a dia, esta da qual a maioria tem medo: eu tentava explicá-lo a respeito do paralelismo na sintaxe e da semântica.

Disse a ele que as palavras, frases, orações, e sua sintaxe e semântica, têm suas harmonias. E o  paralelismo, dentro da sua lei, a lei harmônica do sentidos paralelos, não era diferente. Tanto que, em diálogos informais, fazemos o possível para nos fazer entender, por mais esdrúxulos que somos e falamos, e quando escrevemos, também. Ao contrário dos juristas, claro.

No caso da escrita, temos que fazer valer o que pensamos. Nossas opiniões, nossos sonhos, nossa realidade, devem ser traçados como retas ao raciocínio humano. Devem chegar ao leitor como doces açucarados! Para isso, organizamos nossos pensamentos, nosso objetivo para com o assunto a ser escrito, ou dado, e tentamos impor um ritmo no qual a simplicidade, e ao passo, a vontade e a sinceridade estejam juntas, unidas...

Não tem erro, mas, como os “caminhos fáceis são enganosos”, podemos sempre nos ater a treinos específicos em nossos lares, e após vários destes reconhecer o próprio erro, ainda que não queira, pois é muito importante entender que, nesse meio, não somente nós, como também o mais intelectual humano, possuímos possibilidades tais, os quais são necessários para o bom empreendimento... Como disse um filólogo (não filosofo!), “nada é gratuito”...

Errar é bom, podem ficar sossegado, porque eu sou bom nisso!

O Paralelismo

Voltando...

Meu sobrinho queria saber o que era paralelismo sintático, e eu, a principio, disse que não seria muito difícil, que era preciso somente ter atenção em frases cuja regência é feita por um verbo, inicialmente, mas depois por um nome, seja ele substantivo, adjetivo...

Por exemplo, em “Os ministros negaram estar o governo atacando a Assembleia e que ele tem feito tudo para prolongar a votação do projeto”.. Qual o erro nessas duas orações?... Há um erro na colocação dos verbos (estar e ter, em locução verbal) no particípio (ter, haver, ser...), os quais deveriam ter seguido uma só fórmula nas duas orações, com vistas a um paralelismo perfeito.

E ficamos então assim... “Os ministros negaram o governo ter atacado a Assembleia e ter feito tudo para prolongar a votação do projeto”. O segundo Ter poderia vir elíptico (Os ministros negaram o governo ter atacado a Assembleia e feito de tudo para prolongar a votação do projeto).

Dei outro exemplo mais fácil... “A primavera chegou mais quente este ano a Brasília e o mundo”. Aqui, temos um erro de regência verbal, que poderia ter sido sanado no início, mas que, segundo a emissora responsável, parece, não foi possível.

Em “chegou”, temos um verbo que pede, de acordo com a oração, as preposições Em e A, pois se refere a uma transitividade, locomoção, implícita, a pedir que os dois – verbo e preposição – se unam para dar sentido ao contexto acima. Ficando assim, ... “A primavera chegou mais quente este ano a Brasília e ao mundo”. Em ‘ao mundo’, percebe-se que houve uma simples mudança na qual foi necessária a colocação da preposição ao lado do artigo, em contração, formando “ao”.

Enfim, se buscarmos entender o porquê dessas explicações, implicitamente, vamos notar que a gramática é fundamental nesse quesito, porque dá importância sintática e ao mesmo tempo semântica ao sentido, a compreensão às orações, por intermédio de suas leis.

Filosofia da coisa

E por falar em leis, filosoficamente, sentimos essa necessidade de obedecer a elas. Não apenas nas orações, frases, mas principalmente nas palavras, letras, enfim, além de, antes disso, de respeitar a nós mesmos no sentido de nos compreender e aos outros. Nesse sentido, claro, é muito mais difícil – não gratuito.

Nas palavras, a ordem, por meio da colocação das palavras, que aparecem com o pensamento livre de intempéries, lixos, impurezas tais que afetam a harmonia que deve ser alcançada. Nas frases e orações, o mesmo, todavia, com mais afinco pelo fato de se ter o perigo da perda da coerência, coesão... Esta última a responsável pelo enlace natural das palavras, das frases e orações; das palavras, nem tanto, mas das frases e orações uma algema em forma de conjunções e elementos coesivos.

Tais elementos, em nós, funcionam a partir do momento em que temos ideias de acordo com o próximo (pessoa), e realizamos esse outro enlace baseados em premissas religiosas, partidárias, amorosas e na maioria das vezes em coisas simples, como a própria amizade.

Metaforicamente somos palavras em busca de outra para nos dar sentido; e quando a encontramos, temos a família que ainda nos eleva e nos faz mais fortes com aqueles elementos fortes e coesos, cuja função nada mais é de respeito à entidade da qual fazemos parte. Depois desta família, temos grupos e sociedades, temos cidades, temos o mundo... Todo ele como um grande texto no qual palavras, frases e orações são representados por nós, em forma de união.

Imaginem o paralelismo universal !

quarta-feira, 4 de novembro de 2015

Em Algum Lugar no Tempo...


(Ao meu filho)


Entre homens sábios que aprenderam com outros mais sábios ainda, os quais, por meio de um conhecimento hermético, conseguiram preservar uma tradição tal qual se preserva um jarro de ouro, havia uma joia tão rara quanto a que a natureza preserva em seu útero há milênios... O conhecimento eterno e sagrado, do qual nos alimentamos com vistas a entender a Deus, Deuses, anjos e demônios.

Um conhecimento que está preservado nas entranhas daqueles que preservam até hoje o respeito à tradição, por necessidade de salvar uma humanidade que se esqueceu de uma identidade perdida no passado, a qual desvirtuou, em algum ponto de sua esquina, a tentativa de resgatar os mais sábios, homens reais – ainda que exércitos destes nunca existiram.

Isso nos faz refletir: não se sabe quem foi o primeiro a indagar a respeito de si mesmo, ou aquele que procurou elevar-se com os valores naturais que o rodeavam, e imprimiu condições favoráveis à sua vivência em grupo, depois em sociedade, enfim, seria tentar entender ou procurar saber quem começou a respirar primeiro, porque, como se sabe, se somos humanos, temos em nós a ânsia de entender o que nos passa, racionalizar, mudar, e transcender, por meio de ideias realizadas, o nosso mundo...

Ah, o mundo, esse ser imenso que vaga entre outros mundos, acreditando ser o único a ter em suas veias seres maravilhosos, não para de girar pelas indagações, pelos mistérios que não serão jamais desvendados, pela misticidade, pela religiosidade tradicional, que une o mais pobre elemento ao mais excêntrico humano, ao mais oculto dos seres ao mais opaco e jamais visto ser.

Dela, dessa religiosidade, que transcende ao conhecimento humano, que respinga aos olhos do mais puro homem, que um dia fez grandes homens sintetizarem contos, mitos e histórias com intuito de explicar a si mesmo e ao universo, podemos apenas reverberar com nossas parcas ferramentas: com nossa grande voz a gritar, com nosso mero olhar a observar e intuir; a trabalhar com nossas frágeis mãos, e caminhar com nossos meros pés um caminho longo, difícil, porém prudente, em nome de nossa identidade... E liberdade.

 
E desse caminho, podemos retirar lições como tentar entender quem foi o primeiro as plasmar as leis da grande Lei; quem soube acender a primeira fogueira, com vistas a contar a primeira história de herói; até mesmo, quem amou a primeira pedra, que sintetizou todos os seus sentimentos em prol desse mineral, que se tornou, para aquele amante da natureza, o seu Deus...
Tudo está em nossa alma, que nasceu inconformada e busca, por meio de indignações, crescer em nome de uma montanha que, como espelho, vive a pedir ao homem que nela suba, conquiste-a, finque nela sua bandeira, grite em nome de seu ideal que vale à pena ser homem, humano, sagrado, ou homus-sagradus, não sei... E a seus pés  dizer a todos que o que viu nada mais era que o óbvio... A si mesmo

A Parte que nos Falta

"É ótimo ter dúvidas, mas é muito melhor respondê-las"  A sensação é de que todos te deixaram. Não há mais ninguém ao seu lado....