Estava eu a conversar com um
sobrinho muito indignado com a vida. Calma! Indignado, no sentido de querer
entender alguns pontos da gramática nossa do dia a dia, esta da qual a maioria
tem medo: eu tentava explicá-lo a respeito do paralelismo na sintaxe e da
semântica.
Disse a ele que as palavras,
frases, orações, e sua sintaxe e semântica, têm suas harmonias. E o paralelismo, dentro da sua lei, a lei
harmônica do sentidos paralelos, não era diferente. Tanto que, em diálogos
informais, fazemos o possível para nos fazer entender, por mais esdrúxulos que
somos e falamos, e quando escrevemos, também. Ao contrário dos juristas, claro.
No caso da escrita, temos que
fazer valer o que pensamos. Nossas opiniões, nossos sonhos, nossa realidade,
devem ser traçados como retas ao raciocínio humano. Devem chegar ao leitor como
doces açucarados! Para isso, organizamos nossos pensamentos, nosso objetivo
para com o assunto a ser escrito, ou dado, e tentamos impor um ritmo no qual a
simplicidade, e ao passo, a vontade e a sinceridade estejam juntas, unidas...
Não tem erro, mas, como os “caminhos
fáceis são enganosos”, podemos sempre nos ater a treinos específicos em nossos
lares, e após vários destes reconhecer o próprio erro, ainda que não queira,
pois é muito importante entender que, nesse meio, não somente nós, como também
o mais intelectual humano, possuímos possibilidades tais, os quais são necessários
para o bom empreendimento... Como disse um filólogo (não filosofo!), “nada é
gratuito”...
Errar é bom, podem ficar
sossegado, porque eu sou bom nisso!
O Paralelismo
Voltando...
Meu sobrinho queria saber o que
era paralelismo sintático, e eu, a principio, disse que não seria muito
difícil, que era preciso somente ter atenção em frases cuja regência é feita
por um verbo, inicialmente, mas depois por um nome, seja ele substantivo,
adjetivo...
Por exemplo, em “Os ministros negaram estar o governo
atacando a Assembleia e que ele tem feito tudo para prolongar a votação do
projeto”.. Qual o erro nessas duas orações?... Há um erro na colocação dos
verbos (estar e ter, em locução verbal) no particípio (ter, haver, ser...), os
quais deveriam ter seguido uma só fórmula nas duas orações, com vistas a um
paralelismo perfeito.
E ficamos então assim... “Os ministros negaram o governo ter atacado a
Assembleia e ter feito tudo para prolongar a votação do projeto”. O segundo
Ter poderia vir elíptico (Os ministros negaram o governo ter atacado a
Assembleia e feito de tudo para prolongar a votação do projeto).
Dei outro exemplo mais fácil... “A primavera chegou mais quente este ano a
Brasília e o mundo”. Aqui, temos um erro de regência verbal, que poderia
ter sido sanado no início, mas que, segundo a emissora responsável, parece, não
foi possível.
Em “chegou”, temos um verbo que
pede, de acordo com a oração, as preposições Em e A, pois se refere a uma
transitividade, locomoção, implícita, a pedir que os dois – verbo e preposição
– se unam para dar sentido ao contexto acima. Ficando assim, ... “A primavera chegou mais quente este ano a
Brasília e ao mundo”. Em ‘ao mundo’, percebe-se que houve uma simples
mudança na qual foi necessária a colocação da preposição ao lado do artigo, em
contração, formando “ao”.
Enfim, se buscarmos entender o
porquê dessas explicações, implicitamente, vamos notar que a gramática é
fundamental nesse quesito, porque dá importância sintática e ao mesmo tempo
semântica ao sentido, a compreensão às orações, por intermédio de suas leis.
Filosofia da coisa
E por falar em leis,
filosoficamente, sentimos essa necessidade de obedecer a elas. Não apenas nas
orações, frases, mas principalmente nas palavras, letras, enfim, além de, antes
disso, de respeitar a nós mesmos no sentido de nos compreender e aos outros.
Nesse sentido, claro, é muito mais difícil – não gratuito.
Nas palavras, a ordem, por meio
da colocação das palavras, que aparecem com o pensamento livre de intempéries,
lixos, impurezas tais que afetam a harmonia que deve ser alcançada. Nas frases
e orações, o mesmo, todavia, com mais afinco pelo fato de se ter o perigo da
perda da coerência, coesão... Esta última a responsável pelo enlace natural das
palavras, das frases e orações; das palavras, nem tanto, mas das frases e orações
uma algema em forma de conjunções e elementos coesivos.
Tais elementos, em nós, funcionam
a partir do momento em que temos ideias de acordo com o próximo (pessoa), e
realizamos esse outro enlace baseados em premissas religiosas, partidárias, amorosas
e na maioria das vezes em coisas simples, como a própria amizade.
Metaforicamente somos palavras em
busca de outra para nos dar sentido; e quando a encontramos, temos a família
que ainda nos eleva e nos faz mais fortes com aqueles elementos fortes e
coesos, cuja função nada mais é de respeito à entidade da qual fazemos parte.
Depois desta família, temos grupos e sociedades, temos cidades, temos o
mundo... Todo ele como um grande texto no qual palavras, frases e orações são
representados por nós, em forma de união.
Imaginem o paralelismo universal
!