Quando Merlin, o grande mago,
nascido das mais místicas casas de iniciação, aparece na vida de Artur,
percebe-se que não é mais o pequeno Artur, o adolescente, que se indigna por maus
caminhos, nos quais se deve se passar; sabe que os mistérios se faziam em
concreto, na forma de um mago que mudaria a trajetória, desde a espada presa na
bigorna, até sua ida para A ilha das Deusas.
O Ponto culminante, no entanto,
na história de Artur, agora o homem, o destinado, é a retirada da espada
mítica, vinda da deusa do Lago, com fins de fazer apenas o Bem, abrindo
frestas, mares, florestas, enfim, tudo que se assemelhava a caminhos
esquecidos, apagados, os quais seriam abertos pelo rei.
Artur, ainda o auxiliar de
cavaleiro, um mero escudeiro, que zelava pela espada do adotivo irmão, a
deixara escapar das mãos, e lá na frente, quando a vira (ou pensando que fosse
ela) encravada numa pedra (a história real diria uma bigorna), a retira da
forma mais simples e pura, sem refletir, sem a corrupção ou mesmo interesse próprio...
Ele havia retirado Excalibur, a
espada que teria sido do seu pai, e por ele corrompida, mas trazida de volta
por Merlin, o que teria dito “Aquele que retirar a espada da pedra será o Rei”.
Uma dor de cabeça àquele ser que nascera para governar a terra, o mundo, ou
pelo menos um reino que simbolizava o universo humano. Uma experiência que
levara Artur a sujeitar-se a brigar com seus irmãos e amigos, os quais não o aceitavam
ainda com um mandante, pela inexperiência visível...
Mal sabiam, todavia, que tal
falta de prática, nada mais era que uma necessidade, pois o grande cavalheiro,
o futuro rei da terra, teria que ser puro, inviolável, casto em experiências
das quais somente os grandes sabiam. Artur, por ele mesmo, ficou em transe,
pois teria que mudar de modos, de pensamentos, de todos os atos que antes o caracterizavam
adolescente...
E sua primeira lição foi indagar
a Merlin, seu mestre, entre florestas (ou bosques) como um fugitivo de si
mesmo, de tudo; e ali, nas entranhas da natureza, escutava apenas o bater do
coração da natureza, em forma de grilos, lagartas, moscas... répteis, e sentia
que por traz de tudo havia um principio do qual suas perguntas ainda
balbuciavam em sair: o dragão.
Merlin dizia que ele, agora,
fazia parte daquele ar, do coração imenso que batia naquela floresta, do hálito
forte do dragão. Que Artur era o dragão. A iniciação tinha essa finalidade, de
fazer o grande Artur a criar uma personalidade voltada ao Uno, de modo a sê-lo,
e por ele lutar, como se fosse o Todo.
Nenhum comentário:
Postar um comentário