Sempre caímos nesse vão, nessa cratera imensa dentro da qual damos opiniões e acreditamos estar completamente sábios, conhecedores do bem e do mal, celestes. Adotamos princípios básicos de vida, e neles nos seguramos como Ulisses em seu barco, ouvindo as vozes das sereias, com receio de ser hipnotizado.
Assim nos erguemos ante ao que
ligeiramente sabemos, e damos a vida para assegurarmos que estamos corretos,
mesmo sabendo que opinião é um artigo que, com o tempo, muda, pois ventos arrebentam
o que criamos, como em castelos de areia que desabam em plena margem de uma praia distante.
Parto do principio que temos que
abrir leques em todos os aspectos, sejam eles religiosos, partidários, até
mesmo quando se trata de nosso cotidiano (entretecimento), pois levamos muitos
a sério nossos times, nossas roupas, celulares, de modo a torná-los parte de
nós. Temos que saber lidar com esses valores externos, nos quais nos
embrenhamos tal qual lenhadores numa floresta e que se perderam de tanto se
identificar com o produto – e por isso, não cortam mais árvores.
Muitos pensadores atuais – e clássicos
-- chamam de prisão. Mais ainda, de “gaiola
dourada”, na qual vivemos como periquitos felizes, ainda que nascemos para
viver fora dela. Ou seja, por mais que tenhamos a mais forte das opiniões, a
mais distinta de nosso circulo, alguém em algum lugar defende o mesmo, e mais,
com a mente mais aberta que a nossa...
Platão dizia.. “Vivemos no mundo
das opiniões”, e estava correto. Não há nada que façamos que não tenha alguma
referência ao irmão, ao pai, à família, ou pior, à televisão, aos jornais, a um
mundo que se posta a nos dar informações (não conhecimento) baseado em
premissas frágeis, que, ao nascer do primeiro sol do dia, cai.
Isso é opinião. Passa como se
fosse uma grande moda, que com o tempo se destrói, se esvai e não volta, quer
dizer... apenas em conversas amistosas, em reuniões familiares, mas não duram
tanto quanto duram as palavras dos grandes mestres. É a sabedoria universal.
Sócrates, filósofo, mestre de
Platão, já nos alertava quanto a nossas opiniões. Em “A Peneira”, o filósofo
não aceita qualquer opinião que não seja benéfica ao homem, ao mundo, à
humanidade. E devíamos levar em consideração seu modo de receber as palavras,
pois o que nos contamina nada mais é que nossa voluveidade opinosa em relação aos nossos interesses, nada além
disso. É por isso que desabam os reais valores que defendemos tanto.
Para sair de nossos abismos,
assim, percebemos que não é apenas o que sabemos,
mas também o que fazemos, e isso nos traz uma reação do tamanho de nossas
ignorâncias. A exemplo disso são os ditadores, que nos direcionam a outros
abismos, e todos os dias saem um busca daqueles que ainda não foram educados
quanto ao que pratica. Mais tarde, sabem que estavam errados e que pagam por isso.
Enfim, antes de pronunciarmos
qualquer ideia, de plasmá-la e torna-la real, temos que repensá-la várias
vezes, até que um dia ela se torne eterna.
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