sexta-feira, 6 de novembro de 2015

A Deus






Cri em tuas palavras,
Que queimavam como larvas.


Aprendi com teus olhos,


A me observar de longe,
Em tuas escamas,


Em tuas asas,
Em tua calda,


Em tua alma.
Ensinei sobre teus desejos,


Nas folhas,
Nas pétalas,


Nas luas e sóis,
Em teus lençóis.


Ressuscitei em tua cama verde,
Em gramas macias,


E dormi em tuas montanhas,
Em tuas famas,


Em tua voz.
Ressoando em cavernas,


em cachoeiras,
em teus filhos,


em teus pais,
que nunca mais


em teu colo
choraram.


Morri em tua poesia,
Bela por natureza,


Dissipando a biologia,
Destronando a orgia,


Revelando em tua face
O mero espírito da leveza.


Ouço teu coração,
Que bate no mundo


Dos homens,
De um espaço frio,


Em desespero,
Pelas cruas bombas dos seus.


Choro também.
E pelas águas se vão


Minhas lágrimas,
Meu sangue,


Um pouco do que fui,
Um terço do que sou,


Um quarto para dormir.
Meus sonhos,


Meu Deus,
Meu Eu,


Minha essência,
Onde estão?


 

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