A semântica do universo, não sei se perceberam, é toda perfeita. Autossustentável, reciclável, dona de si. Não precisamos interferir na maioria vezes para que ela mesma se encontre e se torne viável ao universo; as poucas vezes, e péssimas, que fazemos é com direcionamento aos interesses humanos – e isso faz com que sejamos racionais no sentido natural, pois, ainda que sejamos parte desse átomo que nasce, somos únicos a racionalizar o universo, mudá-lo, mas ao curso positivo. Não negativo.
A exemplo disso são as queimadas.
Podemos reestruturar parte de uma floresta, parte de uma cidade, parte do curso
de um rio, com vistas a sua melhoria; porém sabemos que tais estruturas não
vigam em perfeição, e são obrigadas a serem refeitas todos os anos. O homem,
aqui, se mostra criador de monstros que ele mesmo não sabe matar – ele mesmo.
Quando cria meio de subsistência
ao seu povo, de modo a tornar este refém do que faz, não por uma natureza bela
que sempre o fez, desde os primórdios, criar em nome da perfeição universal,
ele, o homem, se despe de sua identidade e veste a roupagem do monstro do
interesse capital.
Por fim, sabemos o quanto somos
imperfeitos, mas também importantes ao que criamos em torno de nós. Se não
houver algum pensamento útil em torno de nossos projetos, nos quais a perfeição
pulsa, não há possibilidade de compreender o próprio ideal humano – que é ser
humano, fazendo humanidade.
Os sábios clássicos, não os
pré-fabricados pela Mídia, deixaram raízes de uma grande árvore a ser seguida.
A árvore que sempre deu frutos onde quer que estejamos. Quero dizer que todos
eles, antes do cientificismo aristotélico, nos direcionava a projetos maiores
que a nós mesmos, incutindo no coração humano a religiosidade – diferente de
religião – que tanto se desfez com o tempo.
E quando percebemos algumas migalhas
de sabedoria, seguimos, mas só encontramos dentro do que realmente queremos. A
perfeição. Esta quando visualizada nos sóis de cada dia, na lua bela dos
poetas, na trajetória impiedosa do cometas, nos alinhamentos, na pureza das
estrelas, percebemos que temos um pouco de tudo isso em nós, e que a perfeição,
enfim, é possível, mas não de forma imediata, clara, rápida, como um brinquedo
infantil caro, mas que mais cedo ou mais tarde o teremos em criança. Não. Assim
como um carvão que levou milhões de anos para ser tornar uma pedra e esta um diamante,
é o nosso contentamento.
Todavia, as estrelas e o grande
cosmo nos evidenciam que temos em nós perfeições relativas – as quais podemos
salvar --, e com elas, em nosso dia a dia, brilhar um pouco.
Nenhum comentário:
Postar um comentário