quinta-feira, 12 de novembro de 2015

A culpa é das Estrelas




A semântica do universo, não sei se perceberam, é toda perfeita. Autossustentável, reciclável, dona de si. Não precisamos interferir na maioria vezes para que ela mesma se encontre e se torne viável ao universo; as poucas vezes, e péssimas, que fazemos é com direcionamento aos interesses humanos – e isso faz com que sejamos racionais no sentido natural, pois, ainda que sejamos parte desse átomo que nasce, somos únicos a racionalizar o universo, mudá-lo, mas ao curso positivo. Não negativo.

A exemplo disso são as queimadas. Podemos reestruturar parte de uma floresta, parte de uma cidade, parte do curso de um rio, com vistas a sua melhoria; porém sabemos que tais estruturas não vigam em perfeição, e são obrigadas a serem refeitas todos os anos. O homem, aqui, se mostra criador de monstros que ele mesmo não sabe matar – ele mesmo.

Quando cria meio de subsistência ao seu povo, de modo a tornar este refém do que faz, não por uma natureza bela que sempre o fez, desde os primórdios, criar em nome da perfeição universal, ele, o homem, se despe de sua identidade e veste a roupagem do monstro do interesse capital.

Por fim, sabemos o quanto somos imperfeitos, mas também importantes ao que criamos em torno de nós. Se não houver algum pensamento útil em torno de nossos projetos, nos quais a perfeição pulsa, não há possibilidade de compreender o próprio ideal humano – que é ser humano, fazendo humanidade.

Os sábios clássicos, não os pré-fabricados pela Mídia, deixaram raízes de uma grande árvore a ser seguida. A árvore que sempre deu frutos onde quer que estejamos. Quero dizer que todos eles, antes do cientificismo aristotélico, nos direcionava a projetos maiores que a nós mesmos, incutindo no coração humano a religiosidade – diferente de religião – que tanto se desfez com o tempo.

E quando percebemos algumas migalhas de sabedoria, seguimos, mas só encontramos dentro do que realmente queremos. A perfeição. Esta quando visualizada nos sóis de cada dia, na lua bela dos poetas, na trajetória impiedosa do cometas, nos alinhamentos, na pureza das estrelas, percebemos que temos um pouco de tudo isso em nós, e que a perfeição, enfim, é possível, mas não de forma imediata, clara, rápida, como um brinquedo infantil caro, mas que mais cedo ou mais tarde o teremos em criança. Não. Assim como um carvão que levou milhões de anos para ser tornar uma pedra e esta um diamante, é o nosso contentamento.

Todavia, as estrelas e o grande cosmo nos evidenciam que temos em nós perfeições relativas – as quais podemos salvar --, e com elas, em nosso dia a dia, brilhar um pouco.

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