(Ao meu filho)
Entre homens sábios que
aprenderam com outros mais sábios ainda, os quais, por meio de um conhecimento
hermético, conseguiram preservar uma tradição tal qual se preserva um jarro de
ouro, havia uma joia tão rara quanto a que a natureza preserva em seu útero há milênios...
O conhecimento eterno e sagrado, do qual nos alimentamos com vistas a entender
a Deus, Deuses, anjos e demônios.
Um conhecimento que está
preservado nas entranhas daqueles que preservam até hoje o respeito à tradição,
por necessidade de salvar uma humanidade que se esqueceu de uma identidade
perdida no passado, a qual desvirtuou, em algum ponto de sua esquina, a
tentativa de resgatar os mais sábios, homens reais – ainda que exércitos destes
nunca existiram.
Isso nos faz refletir: não se
sabe quem foi o primeiro a indagar a respeito de si mesmo, ou aquele que
procurou elevar-se com os valores naturais que o rodeavam, e imprimiu condições
favoráveis à sua vivência em grupo, depois em sociedade, enfim, seria tentar
entender ou procurar saber quem começou a respirar primeiro, porque, como se
sabe, se somos humanos, temos em nós a ânsia de entender o que nos passa,
racionalizar, mudar, e transcender, por meio de ideias realizadas, o nosso
mundo...
Ah, o mundo, esse ser imenso que
vaga entre outros mundos, acreditando ser o único a ter em suas veias seres
maravilhosos, não para de girar pelas indagações, pelos mistérios que não serão
jamais desvendados, pela misticidade,
pela religiosidade tradicional, que une o mais pobre elemento ao mais excêntrico
humano, ao mais oculto dos seres ao mais opaco e jamais visto ser.
Dela, dessa religiosidade, que transcende
ao conhecimento humano, que respinga aos olhos do mais puro homem, que um dia
fez grandes homens sintetizarem contos, mitos e histórias com intuito de
explicar a si mesmo e ao universo, podemos apenas reverberar com nossas parcas
ferramentas: com nossa grande voz a gritar, com nosso mero olhar a observar e
intuir; a trabalhar com nossas frágeis mãos, e caminhar com nossos meros pés um
caminho longo, difícil, porém prudente, em nome de nossa identidade... E
liberdade.
E desse caminho, podemos retirar lições
como tentar entender quem foi o primeiro as plasmar as leis da grande Lei; quem
soube acender a primeira fogueira, com vistas a contar a primeira história de herói;
até mesmo, quem amou a primeira pedra, que sintetizou todos os seus sentimentos
em prol desse mineral, que se tornou, para aquele amante da natureza, o seu
Deus...
Tudo está em nossa alma, que nasceu
inconformada e busca, por meio de indignações, crescer em nome de uma montanha
que, como espelho, vive a pedir ao homem que nela suba, conquiste-a, finque nela sua
bandeira, grite em nome de seu ideal que vale à pena ser homem, humano, sagrado,
ou homus-sagradus, não sei... E a seus pés dizer a todos que o que viu
nada mais era que o óbvio... A si mesmo
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