quarta-feira, 4 de novembro de 2015

Em Algum Lugar no Tempo...


(Ao meu filho)


Entre homens sábios que aprenderam com outros mais sábios ainda, os quais, por meio de um conhecimento hermético, conseguiram preservar uma tradição tal qual se preserva um jarro de ouro, havia uma joia tão rara quanto a que a natureza preserva em seu útero há milênios... O conhecimento eterno e sagrado, do qual nos alimentamos com vistas a entender a Deus, Deuses, anjos e demônios.

Um conhecimento que está preservado nas entranhas daqueles que preservam até hoje o respeito à tradição, por necessidade de salvar uma humanidade que se esqueceu de uma identidade perdida no passado, a qual desvirtuou, em algum ponto de sua esquina, a tentativa de resgatar os mais sábios, homens reais – ainda que exércitos destes nunca existiram.

Isso nos faz refletir: não se sabe quem foi o primeiro a indagar a respeito de si mesmo, ou aquele que procurou elevar-se com os valores naturais que o rodeavam, e imprimiu condições favoráveis à sua vivência em grupo, depois em sociedade, enfim, seria tentar entender ou procurar saber quem começou a respirar primeiro, porque, como se sabe, se somos humanos, temos em nós a ânsia de entender o que nos passa, racionalizar, mudar, e transcender, por meio de ideias realizadas, o nosso mundo...

Ah, o mundo, esse ser imenso que vaga entre outros mundos, acreditando ser o único a ter em suas veias seres maravilhosos, não para de girar pelas indagações, pelos mistérios que não serão jamais desvendados, pela misticidade, pela religiosidade tradicional, que une o mais pobre elemento ao mais excêntrico humano, ao mais oculto dos seres ao mais opaco e jamais visto ser.

Dela, dessa religiosidade, que transcende ao conhecimento humano, que respinga aos olhos do mais puro homem, que um dia fez grandes homens sintetizarem contos, mitos e histórias com intuito de explicar a si mesmo e ao universo, podemos apenas reverberar com nossas parcas ferramentas: com nossa grande voz a gritar, com nosso mero olhar a observar e intuir; a trabalhar com nossas frágeis mãos, e caminhar com nossos meros pés um caminho longo, difícil, porém prudente, em nome de nossa identidade... E liberdade.

 
E desse caminho, podemos retirar lições como tentar entender quem foi o primeiro as plasmar as leis da grande Lei; quem soube acender a primeira fogueira, com vistas a contar a primeira história de herói; até mesmo, quem amou a primeira pedra, que sintetizou todos os seus sentimentos em prol desse mineral, que se tornou, para aquele amante da natureza, o seu Deus...
Tudo está em nossa alma, que nasceu inconformada e busca, por meio de indignações, crescer em nome de uma montanha que, como espelho, vive a pedir ao homem que nela suba, conquiste-a, finque nela sua bandeira, grite em nome de seu ideal que vale à pena ser homem, humano, sagrado, ou homus-sagradus, não sei... E a seus pés  dizer a todos que o que viu nada mais era que o óbvio... A si mesmo

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