segunda-feira, 26 de março de 2018

Deixar de ser para Ser

Na maioria das vezes se vive olhando para si mesmo sem refletir acerca da existência -- da nossa existência --, como se fôssemos formigas caladas que andam em nome da rainha, a levar comida para o formigueiro e dormir, se é que dormem!, e de novo, no outro dia, inciam sua jornada. Não podemos ser assim, ainda que calados, ainda que semelhantes a qualquer ser vivo de duas ou quatro patas existentes no Universo, pois somos dotados não apenas de matéria, mas de algo mais profundo que se estende entre nossa ignorância e nosso conhecimento parco.

Os deuses nos deram a voz, os símbolos, caminhos suficientes e diferentes para que possamos, com nossas visões e experiência, andar neles. Muitos, no entanto, preferem traçar seu próprio caminho, com seu caráter falho, dúbil, fabricado pela opinião que vem de um leque de outras opiniões que indagamos, vez outra, sua real validade... Então lhe sobra, em meio àquelas, o que já tinha em mente... Ou seja, levamos para o nosso fabricado caminho um legado traçado pelos que já caíram no abismo e faleceram sem deixar notícia.

Platão -- filósofo grego -- dizia que tudo que sabemos nada mais é que uma opinião de tudo que colhemos ao nosso redor. E há aqueles que vivem disso; nesse mesmo campo, o sábio revela também que há o conhecimento do qual se vive, que não seria em si opiniões relativas, expostas ao mundo, como forma de ervas daninhas que se cortam e mesmo assim crescem e se espalham... Não. O conhecimento seria a relação do homem com o homem; um processo de reeducação baseado em preceitos clássicos, dos quais viveríamos se não fosse nosso amor ao que vemos e possuímos. Seria a redenção do ser humano ao que para o qual ele realmente veio: saber acerca de si mesmo e do universo. Por isso, a máxima: "Conheça-Te a ti mesmo e Conhecerás a Deus e o Universo", dizia...

Um misto de realidade e misticismo, pois o que temos em mente é tudo um misto do que colhemos em torno de nossa realidade como indivíduo, mas nós, como tais, nos esquecemos de que um dia, como foi dito pelo mestre, "Fomos deuses e nos esquecemos", porque violamos a todos os instantes nossos princípios mais básicos, o de respeito ao próximo e a nós, como seres que existem para estar acima dos de quatro patas. 

A nossa existência, assim, seria objetivar o transcender ao que somos como pessoas dúbias e nos reconhecer como pessoas no sentido mais sagrado possível, desfazendo o relativo e criando o absoluto em cada um de nós, a reconhecer que o que somos como matéria, físico, pensamento, mais é que algo sensível, não inteligível (os dois mundos do filósofo), o qual nos inclina ao pensar, mais um vez, sobre a matéria e não ao que se esconde dentro dela. Isso nos faz pensar acerca do sol e não ao que ele representa; pensar sobre o que as pessoas são e não ao que elas representam em nossas vidas; pensar sobre para onde vamos e por quê, ao invés de pensarmos o que podemos fazer aqui e agora.

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