Passando por corredores da vida, me encontrei com um antigo professor de filosofia que era apaixonado por Nietzsche, que dava aulas maravilhosas sobre a antiga Grécia e que amava tirar dúvidas quanto às religiões atuais e passadas. Mas eu, um mero reflexivo ex-aluno, que um dia se enamorou da verdade e por ela vive até então, o parei, conversei, me alegrei, mas, antes de deixá-lo ir embora, pergunte-lhe (claro, que eu não iria deixar barato aquele acaso sem acaso), "Professor, por que gostamos de rotular Deus?" -- Não sei se era ou não uma hora boa para lhe questionar a respeito daquilo (coisa que se faz em um ambiente mais fechado, cheio de interesseiros ao assunto; mas fiz).
Ele, sempre a sorrir, o que me dava um conforto geral na alma, pois a maioria não sorri e te deixa com a impressão de que está incomodando... Mas ele, o grande Paulo (brincávamos muito com ele o chamando de Saulo -- nome do Paulo bíblico, antes de conhecer a Cristo -- e ele sempre me dizia.. 'Por que me persegues, Reginaldo', e era só risadas), voltando, preso às idas da vida me disse, "sabemos que rotulamos tudo pela falta de profundidade... E quando o fazemos temos que buscar um mestre, senão vamos querer nos aprofundar sem cordas, e acabamos ficando sem saída, sem volta". Não sei bem o que queria ele dizer, mas me ficou a ideia de que somos meio aleatórios no quesito profundidade. Somos rasos demais, talvez, e isso nos prejudica em nossas conclusões quanto a muitos assuntos, principalmente religião.
Paulo foi embora, me deixando, mais uma vez, um enigma do qual aprenderia a buscar pelo resto de minha vida a sua natureza, a sua verdade, e graças a ele, nesse encontro divino, sagrado, sem acasos, posso agora tentar rever meus conceitos acerca de Deus, da vida, do homem, das sociedade e por que não dizer do espírito maior? Claro que eu já havia dialogado com ele diversas vezes em ocasiões mais diversas ainda, porém, depois de muito tempo sem rever meus conceitos acerca da Natureza, foi uma re-volta ao que eu procurava como respostas à minha latente pergunta.
Agora, no entanto, farei o que um outro mestre me pediu: "melhor do que sair por ai procurando perguntar, seria ótimo começar a praticar". Algo mais essencial que ficar andando, se questionando, é investir em práticas naturais com a própria vida, na vida, com os seres humanos, convivendo, refletindo acerca não somente do que sou, mas se encontrando em atos elevados, cheios de alegria e harmonia -- como diria uma grande professora.
E hoje, depois do grande encontro nos corredores da vida, posso dizer que ainda olho para os céus e me questiono sobre como apareceu o grande Deus poderoso que nos vigia, apesar do mal que está sempre em alerta, sem dormir nunca. É uma constatação cristã, sei, mas até mesmo os não cristão não se desgrudam de suas crenças passadas das quais pais e mães, irmãos, um dia, lhe deram. E isso equivale a dizer que nem mesmo um conjunto de mestres conseguem, de pronto, te dar a chave da verdade para lhe desobstruir essa massa sedimentada há séculos em família...
Mesmo assim, como um Pandava*em meio aos seus inimigos (os quais eram seus familiares, amigos e entes queridos...), temendo a dor da guerra, temendo machucar alguém que tanto ama, se move contra eles, contra as filosofias arcaicas nas quais mergulham desde sempre e que, um dia, fiz parte -- ou de repente, ainda faço -- porém rosno como a cão quando preso sem querer, pelo simples fato de querer mudar um pouco o trajeto de uma grande opinião que virou verdade.
Pois bem, depois desse estrago, penso nas duas maneira de entender a Deus: na profundidade do mestre Paulo, o qual de alguma forma salienta que devemos buscar um mestre para simplificar nossa visão sobre Deus, e da outra, olhando ao céu, buscando uma grande lágrima divina em nome do esquecimento humano ao que realmente é Deus.
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*Pandava: personagem épico do Bagava Gita.
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