segunda-feira, 5 de março de 2018

Hipocrisia da Caverna

Todos nós tentamos, de alguma forma, tangenciar nossos mundos e encontrar respostas ao que nos faz correr atrás do próprio rabo. Precisamos disso. Sei que a metáfora foi demais, porém não há outro modo de dizer que nos afincamos em nossos problemas, mergulhamos nele, e quando tocamos na sua essência, voltamos. Mas não são todos assim, pelo menos em meu meio! o que me faz ser um privilegiado em questões não resolúveis e resolúveis.

O que pretendo dizer é piegas demais levando em consideração o contexto anterior: há pessoas que amam mergulhar em crises e nada delas tirar; outras se infiltram como mergulhadores em mares profundos, almejam encontrar soluções raras, pegam em cacos de vidro antigos, não se cortam, não se contaminam, e sobem à superfície com ares de vencedor.

Prefiro aqueles, um tanto diferentes daqueles, que sabem o que estão fazendo. Pulam dentro do mar, após estudá-lo minuciosamente, se jogam em lugares lúgubres do oceano, e como um cavalheiro marítimo encontra tubarões, arraias, entre outros, que podem traumatizá-lo em sua aventura... 

Esse, no entanto, vai ao fundo das possibilidades revestido como um profissional que há muito mergulhou, enfrentou de tudo, encontrou o que queria, levou seus objetos que procurava e viveu mais uma experiência, e levou toda ela para cima...

Na Caverna é o contrário. Não sabemos o que está lá fora, mas graças à mente imaginativa humana relativizamos, individualizamos e em nossas palavras acreditamos, ainda que não saibamos de nada. Isso nos torna hipócritas da caverna; mentirosos. frios homens de bem que tentam levar o céu e o inferno sem mesmo saber o que são aos algemados da vida. Sem saber que também o somos.

Pastores, padres, sacerdotes em geral, que ainda vivem a ensinar a palavra de Deus, que são estanques naquilo que ensinam, nunca souberam lidar com o lado externo da caverna. E o motivo é sua falta de respeito ao que a tradição vô-lo ensinou: que muitos do passado viram a Justiça, o Belo, a Verdade de perto -- valores pós-caverna -- tentaram por meio de palavras e exemplos dizer que nossas ferramentas estavam sendo mal usadas, mais do que isso, estávamos usando pedras e não martelos, nossas cabeças, em vez de serras, enfim, mostraram que o que estava lá fora nada mais era o que buscávamos lá dentro da caverna, só que voltados para nossos corpos, emoções, interesses, paixões, os quais se tornaram nossos mestres com o tempo.

A experiência por que passamos em torno das sombras, feita pela grande fogueira política atual, nos torna mais fixos ao lado inverso da Verdade, e a prova disso está nos murais do mundo que nos desvirtua dela, nos tirando até mesmo o básico da vida, e se nos tiram o básico, como iremos nos voltar para trás, saber que exitem forças maiores, elementos mais profundos nos quais devemos mergulhar e não pequenas coisas que nos dão como se fôssemos crianças grandes, em meio a carrinhos de lego eternos, os quais jamais deixamos de montar porque sempre o desmontam friamente, dizendo... "montem de novo"! -- como senhores feudais que querem nossa aniquilação interna, como pais e mães que não nos querem do lado de fora com medo que tenhamos outros pensamentos além daqueles que nos ensinam.

O que nos mata (pelo menos aos que buscam saídas estratégicas da grande caverna, porém mais amarrados do que outros) é a falta de simplicidade, baseada em princípios mais simples ainda, o de dizer que não se sabe, de dizer que somos humanos e que o único medo é o de não reconhecer que possuímos formas latentes de potencialidades e que delas não podemos usufruir para sair de nossa ignorância, a pior das cavernas.





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