O que vem a ser o sol nascendo todos os dias, no mesmo lado do mundo, e se desfazendo naquele horizonte, perfeito, intocável?... O que vem a ser a chuva, misturada ao sol da tarde, em ventos leves, caprichando no céu dois arcos de arco-iris?...O que vem a ser uma grande lua no alto do escuridão, impressionando até o mais distraído dos homens?...Que lua é essa, que nos faz meio risonho, às vezes delirantes, amantes, cheios de canções e poemas em nossas almas?... O que vem a ser o cheiro da terra após a chuva forte, a retirar nossos pensamentos de ódio pelas águas que nos adentraram sem permissão?...
Poderia continuar sem respostas, mas as respondo... É a eternidade. Sentimos o cheiro dela nas vias mais estreitas, nas canções mais belas, que atingem o cimo de nossas almas. Mais que isso, sentimos no trabalho quando feito com amor, porque dura como a própria natureza, eterna por excelência; em nossa sociedade quando a real Justiça se plasma das ideias dos governantes; na Verdade, quando dita sem dor, de maneira simples, sem interesse, apenas com o ar de um lírio que se estende do campo à montanha.
A eternidade é o agora e o depois; quando nos debruçamos ante a algo maior que nós, na tentativa de sacralizar o mundo em que vivemos, por meio do respeito ao mítico, ao histórico e à cultura dos povos. Ao depois, quando, ao fechar os olhos para sempre, sentimos o dever cumprido, sem nos preocupar com castigos pós-mortem, com Deus ou deuses que nos perseguiram em pecados e perdões à vida inteira.
Não que nos devemos nos desligar deles, mas ao mesmo tempo deles fazer parte, como uma grama em meio ao gramado, como uma rosa bela em meio a outras mais belas ainda, por fim, como um ser humano em meio a outros. E isso não é um passeio, e sim uma jornada no deserto, uma incrível jornada ao longo das ilusões, seja em forma de projetos e ideais, seja voluntária ou involuntariamente, mesmo porque somos grãos com tendências a percorrer o mar, na tentativa de saber de onde ele veio, porque e para onde vai... Na realidade, queremos saber o que somos, para onde iremos e porquê...
Se a resposta ainda é eternidade, não tenhamos medo.
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