quarta-feira, 7 de março de 2012

Mulheres de Atenas

Atenas: deusa da Guerra




Mulher...

Ainda que se encontrem em vielas, nas esquinas frias, à noite, como crianças abandonadas ao vício, à prostituição... Ainda que a vida as agrida, em forma de machismos, comunismos, em forma de sistemas que as oprime, sem dar-lhes direitos acima das obrigações... Ainda que o medo de sair de suas casas, ou mesmo pôr suas singelas cabeças na simples janela gradeada... Ainda que homens revestidos de bem, mas que se desmancham em violência em seus rostos e corpos, na madrugada, segredando-lhe o terror em forma humana...

Ainda que o mundo te deixe em desconforto nas horas em que mais precise, ainda que seu âmago peça para morrer na falta de alguém a te proteger... Ainda que sejas comparada à parte mais frágil do mundo... Ainda que haja uma idade média em valores -- em comportamentos, em amor..., Em justiça...

Ainda que bombas explodam em seu lar, deixando-a solitária com seu filho no colo, ainda que o mundo doente explore sua cor, sua raça, sua dedicação, sua crença... Ainda que nasça em tribos, em família miseráveis, em favelas, em nada... Ainda que suporte a dor do homem que nasce e que morre em seus braços... Ainda que este mesmo homem, um dia, te dê adeus, e que esse mesmo filho, um dia, tenha que singrar os mares da vida sem você por perto... Ainda...

Ainda és a lua que recebe o dom de nos trazer a calma, ainda és o rio que corre oculto em nossos sonhos, ainda és o Logus divino que completa, que edifica e transforma a natureza com sua presença... Ainda és a flor que nasce num deserto de homens frios, a flor que amanhece ao pé da janela aberta ao teu sorriso.

Ainda és é sempre será a parte que amamenta, não apenas seu filho, mas também o mundo onde dorme e acorda o homem que vence, o homem que ama, pois, por trás de cada um de nós, e dentro de nós, sobrevive um ser que nos beatifica com seu ser doce e  largo, seja em forma de criança, seja em forma de uma idosa a qual sintetiza a experiência montanha, e ao mesmo tempo jovem...

Ainda és a fortaleza que assombra os lobos da selva, és o segredo do oceano, és a chuva na terra seca... Ainda és a sombra da familia, ainda que de longe permaneça, ainda que do Céu nos observe. Ainda és o fruto doce de nossas lembranças, de nosso viver, és o lenço de nossas batalhas... E como diria o  mais sábio "és a ponte entre o Amor e Deus"...

Ainda que eu escreva pelo resto de meus dias, e o farei, não direi a verdade completa, pois ela adormece nos tempos que passam, porém acorda em nome da paz, da guerra, da vida, na qual tanto nos ensina todos os dias.




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Á minha doce e querida mãe, que se foi. Graças a ela, chegamos à metade de nossas jornadas, e realizamos a maioria de nossos sonhos, nos quais ela própria era um deles.

Um comentário:

  1. RegisBama,

    quando a gente escreve com alma aberta para a sensibilidade, o que brota é ouro! Parabéns pelo texto! O melhor que eu já li em homenagem às mulheres desde que a data começou a ser celebrada interneticamente.

    É uma honra tê-lo como colega de trabalho e amigo.

    Abraço fraterno,

    Lulupisces

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A Parte que nos Falta

"É ótimo ter dúvidas, mas é muito melhor respondê-las"  A sensação é de que todos te deixaram. Não há mais ninguém ao seu lado....