segunda-feira, 23 de abril de 2012

No Útero do Universo

Universo Feminino: mistérios tão grandes quanto o próprio universo.


Um grande rei um dia perguntou a Sólon, filósofo, o que era felicidade: e ele respondeu, “não sei dizer agora, meu rei, o que significa, mas posso dar-lhe um exemplo simples que pode, no entanto, chegar a esse conceito. Um dia no aniversário da grande deusa (Atenas), dois rapazes levaram sua mãe em uma viga para vê-la. Depois de horas, cansados, chegando à terra da divindade, sua mãe, antes de tocar a imagem, estampava a mais bela face que poderia ver num ser humano – depois disso, faleceu. Os dois rapazes voltaram para casa, e voltaram felizes, pois realizaram o sonho de sua mãe.
                                                                                                                                   (História, Heródoto)


Na grande Atenas, quando em teu seio residia a essência da grande deusa, todos faziam oferendas a ela como uma grande mãe. E era. Todos os soldados, em direção às batalhas, clamavam muito mais o teu nome ao invés do deus Marte, o deus da Guerra. Era o momento das grandes deusas naquela época.

No Egito, a deusa Isis, tão adorada pelos faraós, tinha seus monumentos ressaltados após décadas de estruturas que se levantavam em seu nome. Ao lado do faraó, sua esposa, a Rainha, quase uma deusa na visão do povo daquela civilização, tinha o papel de trazer à matéria o espírito das divindades, fossem elas Hator, Nut, Maät, entre outras com a finalidade de harmonizar o Céu e a Terra. E o faziam de forma magnífica.

Não era gratuito, no entanto, ter um trabalho no qual as bases nas quais vivemos fossem terreno fértil para o “pouso” dos deuses. Assim o faziam as civilizações nas quais o Logus masculino e feminino eram pontos centrais e evolutivos de uma raça. Em Roma, Grécia e Egito – onde era maior a incidência de eficácia e respeitos às potencialidades – a inclinação dessas culturas à reverência às divindades era tão forte ao ponto de servir de elo entre nós e o sagrado. E quando nos referimos ao sagrado, falamos de tudo aquilo que une, que harmoniza os seres, em todo o universo – seja ele propício ao bem ou ao mal – pois acreditavam que as forças duais da Natureza eram essenciais para manter o universo em equilíbrio. E é.

E o Amor, como diria Platão, o deus mais antigo dos deuses, era uma dessas forças que nos dirigiam os olhares ao Céu, às deusas, pois sabiam os grandes homens e mulheres das grandes civilizações que tínhamos, em nossa personalidade, algo que nos poderia religar com esse aspecto do Logus (o Amor). Por isso, como diria Carl G. Jung mais tarde, nas linhas de Robert A Johnson, também psicólogo, que o homem tem um pouco de intuição – características não apenas na mulher, a qual sintetiza formas mais desejáveis ao passo mais profundamente misteriosas. O homem intuitivo se revela mais reflexivo e mais prático, algo muito mais inerente à natureza das mulheres...

O Amor, assim como um deus, colocando em termos coloquiais, tem o seu papel: o de unir. O intuitivo, aquilo que mais traz essa esfera ao ser humano, se compõe no Logus feminino, por isso, as deusas seriam essa potencialidade adorada que purificava o coração dos heróis, os quais, em sua medida, repeitavam e amavam suas donzelas com toda cortesia que mereciam. Mais que isso: o herói, ao ir a batalha, sabia que, além do deus Marte, as deusas estavam presentes em seu coração, por consequência, havia de respeitar as regras morais da guerra em forma de prudência, ética e moral ao inimigo. Não havia crimes de guerra.

Esparta

Os povos dessas civilizações, a exemplo da grande Esparta, tinham suas mulheres como deusas, ou tratamento semelhante, mesmo porque havia uma cultura, uma educação, religiosa no sentido de respeitar o âmago universal, no tocante à Justiça que cada ser humano possuía em relação ao seu Logus. E a mulher, que tinha essa natureza implícita em sua alma, revelava-se mais que ser um ser biológico advindo do útero de outra...

Revelava-se, com seus atos de coragem e amor, uma portadora das divindades os quais eram implícitos em sua alma, voltados a uma época tão bela e ao mesmo tempo tão cruel que torna a mulher de hoje uma discípula natural daquelas. 

Steven Pressfield, autor de Portões de Fogo, nos mostra, em sua obra épica, que há mulheres tão fortes em caráter quanto os homens de ideais que sumiam em campos de batalha. Havia o lado forte da espartana – o qual se revela em todas as mulheres em tempos difíceis – como base para o grande homem, ou mesmo para uma Esparta disciplinada e assídua na prática dos valores ali implantados.

Uma vez, quando vinham guerreiros espartanos de uma batalha, uma mãe esperava um guerreiro se aproximar para perguntar pelo filho. O guerreiro, conhecido da mãe, passou perto dela, e disse, “Seu filho faleceu, minha senhora... Eu lamento a perda”. A mãe, pondo a mão no ombro do guerreiro, revidou, “Ele morreu lutando?”. “Sim, minha senhora, até o fim”. E a mãe, soltando do ombro, virou-se e disse "Era só isso que eu queria saber", e foi embora sorrindo.



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