segunda-feira, 7 de maio de 2012

Inimigo Silencioso (final)





O inimigo silencioso corre o mundo em forma de ideais em favor das máquinas milionárias que arrecadam e deseducam milhões. Os pontos chaves são os jovens, como fora dito. Cheios de energia e vontade, ficam acesos diante dos computadores, que trazem de tudo, desde a esperança de um bom emprego, até a mais pútrida praga dos desejos mais íntimos do ser humano.

E apostando nessa energia, empresas encabeçadas por gênios da informática – ou não – trabalham dia e noite para o avanço dessa tecnologia até mesmo para território indígenas, com a finalidade de deixar-lhes “educados”  com relação ao mundo.

E, hoje, quando se abre um computador, seja ele em casa ou não, com finalidades profissionais ou não, cai-se sempre no devaneio da inutilidade fácil, da cultura inútil, da crítica sem pudor, da pornografia.

Por isso, teme-se quando crianças cujas mentalidades ainda estão se formando, à beira de um computador, navegando, ainda que seja por brincadeira, em emails, jogos simples, faces... Mas que, mais tarde, descobre descaminhos pelos quais sua personalidade nunca passou, e que não será mais a mesma. Essa é a formação a que tanto se obedece nos dias de hoje.

Há exemplos a se seguir, no entanto. Li em uma revista uma reportagem interessante, a qual dizia que uma menina de dezessete anos tinha feito um Blog (programa onde se faz textos diários ou semanais, com objetivos de informar, ou dissertar acerca de assuntos pessoais, jornalísticos, culturais), idealizando interpretar livros clássicos de autores brasileiros, dentro do qual poder-se-ía comentar, como quisesse, acerca até mesmo dos próprios comentários. Era um trabalho metalinguístico, parece...

Na realidade, sua ideia era fazer com que todos aqueles que entrassem em seu blog se reunissem, após comentários, em uma biblioteca, pois sabiam (ou sabia a autora) que o computador tinha o poder de interagir, mas era pouco para se reunir – o que era o mais importante.

A reunião, segundo a incrível menina, trazia mais lenha às discussões (no bom sentido é claro), além de conhecer mais amigos, além de vê-los comentando com todo ardor de alguém que amava a leitura, a cultura, os bons autores brasileiros... Era um sonho para ela.

É de salientar que chega a ser atípico advindo de uma jovem, mas não se pode generalizar, como eu disse, mas que somos obrigados a dizer que o que mais nos impressiona é a falta de senso entre os aqueles que se prostram, se revelam, e chegam até criar raízes na cadeira, a espera de água para crescer.

Identidade

E quando entram em programas virtuais, perdem a identidade, perdem amizades, criando outras de plástico. As verdadeiras amizades, graças à falta de prática, ficam presas a sensações internas, ou seja, sempre na vontade de fazê-las, mas o medo de ser criticado, ou mesmo deletado, vem à tona, e assim, tchau... Fica mais fácil as amizades dos chats, dos orkuts, dos faces, do que das escolas, da rua perto de casa, dos vizinhos, restringindo a cada minuto o meio no qual poderia viver em harmonia com amigos.

Liberdade

Nesses programas, não há leis. Raríssimos são os sites que intervêm no pensamento dos jovens que amadurecem em meio a essa fria realidade. Para eles, é como um paraíso, dentro do qual fotos pornôs, assuntos sem pudor, escritas sem gramática, loucuras, são ferramentas para estruturação de um caminho sem fim. Aqui, o desapego ao mundo das leis – esse real em que vivemos – é vital, pois é como se dissessem “aqui eu sou o dono!”, e realmente o são, pois revelam detalhes tristes de suas personalidades revoltados com os pais, com o país, com a política, com a religião, com a falta de programas... Enfim, com tudo aquilo com o qual vivemos, mas assumimos e enfrentamos diariamente com nossas reais armas: livros, cultura, educação, ideais, filosofia, etc.

Isso, todavia, graças a uma elite desnorteadora, fica mais distante a cada momento, pois, se o computador, essa grande ferramenta que poderia ser a ponte para a consecução dos maiores fins da juventude, não ajuda a facilitar – a maioria quem o diz – a vida dos cidadãos, o que pode facilitar então?!

Um dia um filósofo me disse “Um assaltante com uma faca pode matar, mas uma dona de casa, com a mesma faca, pode cortar a carne, a cenoura...”. Isso em miúdos quer dizer que, se usarmos todas as nossas ferramentas de maneira correta, teremos não somente um computador que seja uma ponte para ótimos fins, mas a tudo que nos apegamos e usamos para seus fins corretos.

O que nos faz falta é um filósofo direcionar os jovens desde a infância para fazê-los entender que tudo que se usa, até mesmo uma arma, tem seu fim correto. E o computador tem assassinado gerações.




Aos Meus Sobrinhos.

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