sexta-feira, 4 de maio de 2012

"Eu fico com a pureza da resposta das crianças"





Temos que educar nossas crianças para não castigar os adultos”.

Em meio a conflitos, a dores construídas por palavras, a elucubrações estratosféricas ditas  apenas para confundir ou maltratar o companheiro ou a companheira, esquecemo-nos de que, quando há, uma criança pode estar por perto. E ela, com suas poucas nuances psicológicas para lidar com esse mal, assemelha-se a uma pequena torre com toda sorte de raios em sua mente se formando a respeito de um mundo, de uma sociedade, dos pais...

E ficamos envergonhados, pois sabemos que ali, em nossa frente, está-se construindo um mundo novo, um ser humano ainda vazio de perspectivas, sem o mínimo de desejo de construir voluntariamente algo, apenas plasmando ideias, palavras, carinhos, e tudo que se refere à vida.

E percebemos isso muito depois. As piores expectativas nos passam pela mente, do tipo, “ele vai me responder quando estiver maior”, “Ele não gostará de mim”. “Na primeira oportunidade, ele vai me deixar”, “Ele não terá boas lembranças de mim...”, etc, etc.. O que nos faz mais tristes, mais voltados ao nosso âmago sem luz, apenas um foco de sabedoria querendo subir à tona e dizer “Não entregue os pontos”.

E não devemos nos entregar. Temos que nos redimir antes aos erros, mas esse – o de brigar, gritar, discutir ante os filhos – deve ser sanado o mais breve possível, pois não está em jogo apenas a união da família, mas a honra, a dignidade e todos os projetos que, um dia, pensamos em realizar...

A Honra em forma de palavras, pois abraçamos a causa ao nos comprometer em formar uma família; a dignidade, quando nossos atos são incoerentes em relação àquela pequena lei que nos burla desde que nos tornamos adultos; os projeto, enfim, se vão... Ou seja, uma casa, um carro, ou até mesmo uma máquina de costurar... tornam-se objetivos que complementam vidas de casais que economizaram juntos, trabalharam juntos, e sorriram juntos... E agora, se foi.

A criança, o maior de todos os projetos, também se vai. Ela perde o senso infantil se transformando em um miniadulto, respondendo os pais, não brincando com aquilo que é inerente à idade, zanga-se por tudo, grita, pede, implora... E do seu jeito, quase adulto, quase criança, cresce perturbada, levando a todos a se perguntar mais tarde “O que acontecer com esse menino?”.

Ninguém nunca se pergunta “será que sou eu?” / “será que somos nós”/ “onde eu falhei?”...

Pitágoras, filósofo de Samos, disse um dia “Temos que educar nossas crianças para não castigar os adultos”. Essa é a realidade. Assim como é real cuidar de uma árvore para que ela seja forte, para que dê frutos macios, belos, bons. É necessário até cuidar de animais, dos quais tiramos tantas histórias interessantes de vida, mas nunca levamos para o nosso cotidiano, pois somos frios o bastante para entender a natureza a nossa volta. Cuidar desde pequeno de um cão, até mesmo de um leão, torná-lo-á um animal dentro de sua natureza, e ao mesmo tempo respeitador de seu dono.

E quando nos referimos a crianças, todos os exemplos são poucos, pois são humanos. Possuem inteligência, coração, alma, espírito – portanto, pensam, agem, estudam, meticulam, sugestionam; são alegres, tristes, brincam conosco, tentam falar com gestos, com gritos, com choros, e nos dão todos os retornos possíveis e impossíveis – estes últimos, quando há descobertas em seu mundo e nos fazem grandes sem sermos.

Temos que ter coragem. Coragem em construir um amor sem brigas, e não conflitos fortes dos quais não se tiram nada, a não ser a violência; coragem em assumir nossos erros, e nos redimir, dizendo a nós mesmos "ele é meu filho e eu quero o melhor para ele, de verdade"; e ter a coragem de mudar, ser melhor, não apenas com ele -- sua continuação -- mas com a própria companheira e ela com o companheiro.

Quando brigamos, atingimos a alma do pequeno ser que um dia nasceu apenas com um objetivo: nos fazer felizes.



Ao meu querido Filho, Pedro Achilles.

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