terça-feira, 3 de dezembro de 2013

A Brisa dos Homens de Bem




Romanos. Frutos de outras civilizações.





Sei que vocês irão concordar com isso, e é por isso que posso dizer que conheço inúmeras pessoas com cargos elevados e de péssimo caráter. Trabalho com vários, mas há um em especial que faz questão de levantar o braço (quase que literalmente) e dizer “sou mau caráter sim, e daí? Mas o mais importante eu tenho...’poder’!” – faltando apenas aquele riso estrondoso no final da frase, tal quais os vilões de Walt Disney.

Ele é apenas um produto do seu meio, e nada fez para mudar. Conseguiu nas entrelinhas da vida o que e para o que fora educado: cargos, honrarias, elevação social, dinheiro... E hoje prevalece a dúvida sobre o porquê de sua estada na terra... Pois nada de bom ele nos traz, assim como milhões que são ensinados e levados a crer que somos apenas corpo e mente, presos a valores referenciados em uma pirâmide de cabeça para baixo.

Eu, em nome de minha mera e falha, porém simples e respeitosa educação, a qual veio de gerações que um dia subiram em pau de arara e caíram em terras férteis de imaginação, hoje, respeito e sempre irei respeitar o próximo, e por isso, talvez, não caiba no poder tamanha “discrepância” a um modelo que reserva apenas aos filhos do mau o sucesso...

Sucesso?...

Sem reputação, sem exemplos a dar, sem pequenas virtudes, ou qualquer seguimento ético a passar para futuros homens que buscam o espiritual, fica difícil conceituar o que isso significa: sucesso. Nos dias de hoje, a busca pelo poder, reputação, o cimo de uma sociedade elegante, na qual figuram pessoas que se subjugam de bem, com risinhos brilhantes, harmonizando com seus ternos (ou brincos, se mulher), incutindo o que há muito os romanos temiam... A união do poder ao que ele não representa.

Muitos se questionam a respeito da sociedade romana, a qual sempre deixou claro que sabia lidar com esses valores – ético, morais, cívicos, divinos – e que, um dia decaiu em razão de supervalorizar o que estava transparecendo e não a ideia que fez de Roma um dos berços mais dignos da civilização humana.

Os romanos, antes da derrocada, tinham seus generais, seus heróis, seus deuses, suas leis, que até hoje batem como brisa em nossos rostos, tinham seus ideais, e um deles era a própria Roma, isto é, torna-la a melhor de todas as cidades do mundo, em reino, em comportamento, em tudo – e conseguiram por um bom tempo.

Até hoje, seus aquedutos são usados pelas vias italianas como meio de transpassar a água da chuva, além de suas estradas, que um dia arquitetadas, foram feitas ao longo das batalhas, por soldados que, além de serem os melhores do mundo, construíam pontes, estradas, etc – e isso é real. Sem falar na medicina, na crença aos deuses, enfim, pontos que os fizeram invejáveis, admiráveis.

Contudo, uma coisa nunca compreendemos, nós homens de hoje, que a civilização romana foi enraizada por outras várias civilizações, que, um dia, trouxe à própria Roma elementos fortes que deram frutos com o passar do tempo, ou seja, não foi de um dia para outro que romanos se sentiam elevados, reis, divindades. Eles tiveram berço. Tiveram caráter anteriormente.

E nós, já que não somos romanos, e não pretendemos sê-los, ainda que os admiramos, e muito, temos que prosseguir com a busca em saber lidar com nossa personalidade quando nos deparamos com situações externas. E baseando-nos na tradição – talvez em Marcus Aurélio, o general-filósofo – a qual nos diz que não precisamos de honrarias para sermos de bem.

Não precisamos sobreviver em nome de algo que se vai com o vento, se podemos nos prender a algo mais forte e belo, como a nossa própria filosofia. Se somos, no entanto, personagens com cargos elevados, nos situemos, e saibamos lidar com ele, assim como aquele general cheio de glórias,  que sabia que tudo era passageiro. Nosso caráter não.

Contudo, um mal maior nos vem de pronto. A inveja nossa de cada dia, a depressão, a falta de algo externo, como a opinião do amigo, do irmão, a qual nos conforta nas horas da dor... Não podemos deixar nos levar por isso, pois nos gera, mais tarde, medo e perda de tempo, e não gera conhecimento, e sim mais medo e mais dor.

O caráter independe de profissões, de satisfações externas. Não importam as festas, o convite, as celebridades, um amigo que ficou famoso, não precisamos disso. E a falsa ideia de que realmente necessitamos de dinheiro, de reputação, de cargos para ajudar os outros, é outro meio hipócrita em tentar nos esguiar de nossos ideais. Dentro desses, sabemos, há formas mais justas e naturais em fazê-lo, mas se temos o bastante para auxiliar o próximo, por que não fazê-lo?

Cristo, Sócrates, Plotino, Zenão, Epíteto, Pitágoras foram homens que tiveram em suas vidas apenas um ideal, e dentro dele foi criado o caráter de elevação espiritual ao homem, à humanidade. Sigamos seus conselhos, tenham-nos como referenciais quando nos questionarmos a respeito de caráter, de objetivo e profissões, de pensamentos para com seu próprio país. Qualquer que seja a nossa prática diária neles referenciada, pode ter certeza, estamos perto das divindades.




Voltamos com mais brisas.


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