Viver, uma arte.
Anjo Caído. Em todas as culturas. |
A natureza humana é bela por excelência.
É divina. Todas as vezes que penso na vida como um todo, fico orgulhoso em
participar desse manancial chamado Deus. Penso no universo, em seus ciclos
evolutivos, nos movimentos de Manvanthara
e de Pralaya, os quais na antiga
Índia significavam ação e retração.
Por sermos humanos, no entanto,
na maioria das vezes – ou como poderia dizer, sempre que possível acreditamos
ser donos do mundo, do universo, e por isso, nos nomeamos deuses. Mas, mesmo os
deuses, pelo menos aqueles que são citados por Platão, são elementos invisíveis
que compõem a grande natureza, ou como diriam os estoicos, o Grande Espírito.
Sem eles, não há Deus.
Alguns, por assim dizer, baseados
em premissas divinas, tentam se conectar com o Todo, por meio de uma
busca humana, quase divina. Tentam elevar-se, tornarem-se melhor, mas isso
involuntariamente, de modo que olham para si mesmos e não se reconhecem como
sábios – estes o são.
Por outro lado, após séculos no
espelho racional da nossa história, voltado para baixo, o homem se torna parte de um jogo
infindável da matéria, observando apenas o que está em sua volta, e tudo que
simbolicamente é horizontal, ao ver da natureza. Não consegue olhar para cima,
reconhecer quem ele mesmo é, pois não tem instrumentalidade para isso. E vem o
mal.
O Mal, cuja característica é
separar o homem de seus ideais, se torna evidências irreais, nas quais o homem
acredita tal qual fosse parte dele mesmo. Nessa ilusão fria, surgem mitos, como
o da Caverna; do Voo de Ícaro; do Espelho de Narciso, que o reflete nas águas,
e quando se depara com ele mesmo... Morre.
O mito maior, no entanto, que
predomina nas culturas, como todos sabem é do Anjo Caído. Segundo a própria
bíblia cristã, Deus teria expulso um dos seus anjos do céu, e a partir daí, por
vingança, este último faria mal aos homens. Enfim, nas culturas Maia, Hindu,
Persa, Grega este mito se revela com esse teor, com essa particularidade de
modificar a vida humana, por meio de suas ferramentas...
Explico. O próprio mal é uma
necessidade, mas ao mesmo tempo induz o homem a caminhos tortuosos dos quais
ele jamais pode voltar, na maioria das vezes. O mal, em si, não é um elemento
natural do mundo, nos acontecimentos ou nas pessoas. O mal só é necessário
quando possui características didáticas, ou seja, quando se pode tirar algo
dele...
Ao me referir às guerras, às
negligências, à preguiça, à distração, entre outros males fabricados, estou
aludindo acerca de forças que nos retiram da retidão, de nossos caminhos. E o
filósofo, em meio a uma sociedade de pedra, que não acredita em labirintos, em
saídas por meio de mitos, de grandes homens que foram modelo de virtuosidade, e
que conseguiram, apesar do pouco que tinham, realizar façanhas espirituais,
desenha sua natureza, tentando com a maior delas se harmonizar, sendo humilde,
honesto, disciplinado, virtuoso, e ao mesmo tempo, pai, filho e homem.
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