Degraus que nos seguem. |
"Se pretendemos encontrar a Deus, já o temos em nossas possibilidades"
L.C.
Homens não nascem sábios, não
aparecem do nada e começam a fazer discípulos antes de seu nascimento. Há séculos,
antes do aparecimento de Cristo, quando profetizavam a tua chegada, reis
acreditavam que assassinar crianças poderia frear a vinda daquele ser tão
especial. No entanto, quando veio ao mundo, depois de ter passado pelas intempéries de seu surgimento, o iniciador do Cristianismo teve
que passar, logo mais, por diversas fases naturais, tal qual um ser humano normal. Estudou,
educou-se, trabalhou, e quando chegou aos doze anos... Pum! Ninguém sabe o que
houve. A Bíblia não diz. Nesse ponto não houve normalidade...
É possível que tenha ido para uma
escola especial. Muitas obras acerca de Cristo dizem que ele viveu entre
essênios, uma comunidade pacífica na qual se ensinava leis tradicionais acerca
do universo, do comportamento humano, e do espirito. Algumas outras dizem que,
nesse época, assim como os filósofos Pitágoras, Platão, Anaxágoras, Anaxímenes,
entre outros, Cristo fora para o Egito –
mas aí, teria que ter sido com uma idade mais avançada – enfim, iniciou-se por
lá.
O que quero dizer é que, se temos
propósitos, nos aferremos a ele. Se possuímos uma estrela que brilha
intensamente desde a tenra idade, por que deixá-la se apagar com opiniões,
reverberações simples, de pessoas que preferem seguir outros caminhos? A verdade
é que, hoje, o mundo, ao contrário do mundo passado, tornou-se uma coletividade
de opiniões baseadas em preceitos modernos, retos, estanques, sem qualquer
ligação com o passado.
É claro que temos que nos
perguntar qual é o nosso propósito. Ser materialista, seguindo pessoas com
frialdades internas, ou termos uma base, seguindo uma harmonia que a tanto o
homem no passado seguia, e graças a ele ainda temos algo a buscar...
Um dia alguém me disse... “Se
você quer economizar e comprar um carro, seja qual for, você pode, você o tem”.
E, “Se você procura o sol, de alguma maneira, você já se sente iluminado...,
então, quando buscamos a Deus, já o temos, aqui dentro, em nossos pensamentos,
corpo, e por que não dizer em algumas de nossas práticas?”...
A escolha é nossa. Os degraus
estão em nossa frente, a escadaria é grande, talvez até maior que as outras que
vimos em nossas vidas, porém se nossos passos nos levam para cima, sentimos em
nossos corações se estamos no caminho correto, não importa a velocidade. Aqui,
talvez, cabe a história da lebre e a tartaruga, em que a lebre, em uma corrida,
por ser a mais rápida, acredita piamente que chegará antes do pequeno, lento,
porém correto e sábio amigo. No fim, todos já sabem: a tartaruga vence.
Na maioria das vezes, queremos
ser espirituais da maneira mais fácil, isto é, já estando no topo da escadaria –
aqui cabe a história dos pequenos pastores cristãos que não têm nada a
oferecer, e mesmo que não tenham uma experiência mínima, querem ditar as leis
do livro sagrado às pessoas mais simples, porém mais sábias que ele... – e nada
mais. A lebre venceu e nada sabe sobre as regras da corrida.
A regra nos diz que há leis a
serem obedecidas. Desde o mais infinito até o mais material do ser, há leis.
Passamos por elas, realizamos nossos desejos, nos inclinamos a outras, mas
nunca deixamos de viver um pouco do que os deuses deixaram desde a primeira
manifestação. Desde o ser mais materialista ao mais espiritual, não há como
deixar de perceber que somos e estamos envolvidos em algo que nos diz que, se
agirmos, teremos uma reação de igual poder a nosso favor ou contra; não há como
negar que há uma lei imaginária que se estende em todos os sentidos – tanto horizontal
quanto vertical – e que violá-la consiste em duvidar dela, e ao mesmo tempo personaliza-la,
como o fizeram até hoje, a criar deuses pessoais – ou um deus pessoal.
Não somos donos da verdade, pelo
contrário. Até o mais sábio dos homens disse que nada sabia! Somos inclinados
ao Bem, à Verdade, à Beleza. Somos humanos que tentam harmonizar-se com o
simples, e nele encontrar os elementos que nos fazem felizes. Somos feios,
errados, até meio radicais, mas nossa intenção é entender a beleza da vida,
encontrar os caminhos certeiros e sagrados que nos elevem internamente, e mais,
temos, por natureza, que sermos fortes, pois pessoas há no mundo que escolhem o
desprezo, a dor, a animalidade, a loucura, o fanatismo religioso sem
questionamentos; há pessoas que não amam, ou distorcem o amor, e viver na
inércia de um mundo que roda em nome da grande lei.
Termino com uma máxima de um
homem que batalhou a vida toda debaixo de flechas, e dentro dessas grandes
batalhas, aliou o seu amor ao próximo, por meio de uma filosofia tão maior que
a própria ignorância dos homens de hoje, tanto que sua obra, escrita sob os
ataques inimigos, sobrevive depois muito tempo...
“Se a vida lhe oferecer algo
melhor que a justiça, verdade, sabedoria e coragem – em outras palavras, melhor
que a paz que vem do agir conforme a razão ou em acordo com o destino quando os
eventos estão fora de seu controle – se, como eu dizia, a vida lhe oferecer
qualquer coisa melhor que isso, acolha-a com todo o seu coração e goze-a plenamente”..
Marco Aurélio.
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