Platão, apontando para cima; Aristóteles, para baixo: equilíbrio entre o céu e a terra.. |
Muitos ainda se questionam ainda
o porquê de a Justiça, seja ela de tribunais, de mitos, de contos, ser
representada pela balança. O que nos vem à cabeça de pronto, é claro, é o equilíbrio
relativo a algo baseado em premissas humanas. Não, não é. É vero que não
estamos errados em nossos pensamentos, mas, com certeza, estamos um tanto
quanto longe de entendermos o que é que deve ser explanado a respeito do
Equilíbrio que a balança simbolicamente representa.
Ainda ontem, quando fui a um
templo religioso, juntamente com minha esposa e filho, e ao contrário dos
presentes, fui refletir acerca do ano que se passou. Muitas coisas se passaram
em minha mente, mas uma ficou: o equilibro do universo. Acho que entrei em uma
atmosfera aristocrática com platônica, terminei com máximas budistas em minha
cabeça...
Mas por que fui a um templo
refletir sobre o equilíbrio do universo?? – sei lá! Sei apenas que me ocorreu
de pensar em sorvetes quando caem, de águas que caem de copos, de gritos
humanos quando estão fartos de injustiça, de dores que não cabem mais no âmago
do ser humano... Tudo transborda. E ali, ao vir semelhantes a pedir e clamar a
Deus mais paz, senti que, dentro de cada pessoa, há um equilíbrio a ser
sanado..
Meu coração nessa hora ficou estático...
Se eu estava ali, unido aos homens de bem, a pedir mais paz à minha família, de
alguma forma, eu tinha que equilibrar o que em mim pedia para tanto... E assim,
descobri o porquê do inicio de meus pensamentos em relação ao Equilíbrio
universal.
Aristóteles e Platão
Discípulo de Platão por vinte
anos, Aristóteles no legou mais pensamentos científicos do que filosóficos (no
sentido platônico), porque, não sei vocês, mas, todas as vezes que nele penso, viso
a uma na estrutura universal organizada, como um todo, de modo que, quando
percebemos as estrelas, sempre vamos vê-las como um grupo organizado, viciado,
preso a uma lei maior da qual, sol, cometas, planetas estão intrinsecamente embutidos.
Isso materialmente. Mas Platão,
mestre iniciado, ao contrário de seu maior discípulo, ultrapassa a razão
material e encontra u´a outra estrutura, a do Mundo das Ideias, do qual a
primeira estrutura, nada mais é que a sombra da primeira, ou seja, o invisível seria
tão concreto quanto o segundo, mesmo porque o que vimos, ainda que seja em grande escala, ou que leve séculos para perceber,
tem seus dias contados.
O invisível, que dá a forma a
tudo, a árvore primordial, nascida de cabeça para baixo, como diriam os hindus,
além das águas Primordiais, das quais nascem as vidas em forma de almas, e
delas as primeiras moléculas e que por sua vez se reestruturam por meio de
átomos... viria a ser o responsável pelo equilíbrio.
Enfim, o pensamento foi longe.
Mas percebi que todo ele – o grande
universo, o cosmo, a Lei, o Brahma, em sua totalidade, nos refletem o
Equilíbrio não perceptivo, o Equilíbrio não pessoal, a reta ação, o Darma. E
ainda que exista o Karma, leis de ação e reação, universal, é preciso entender
que o “lixo cósmico” é feito por escolhas naturais, sem que saibamos o porquê.
Em nosso meio humano, no entanto,
na busca intrínseca por tentar entender o porquê de nossos problemas, não
percebemos que a realidade acima de nossas cabeças nos revela a maior de todas
as realidades, a que há dentro de nós... É por isso que Sócrates diria, “Conheça
a Ti Mesmo e conhecerás a Deus e o Universo”... E ao vir o grande Protágoras
dizer, “O homem é a medida de todas as coisas”, ele refuta, dizendo, “Deus é a
medida de todas as coisas (não o homem)!”.
Por isso, Sidarta, antes de ser
Buda, se iniciou quando ouviu o violeiro dizer ao filho, “se as cordas estiverem
frouxas, não vão tocar; se estiverem esticadas demais, vão se arrebentar”. E,
dentro desse episódio, toda a filosofia budista foi criada.
O sorvete
E quando damos passos além de
nossas pernas; quando elevamos vozes além do possível; quando vociferamos com
alguém; quando nos sentamos de qualquer maneira e começamos a nos sentir mal;
quando a própria luz em demasia nos cega; quando o escuro nos dá medo; quando “voamos
em direção ao sol”, ou “quando miramos demais a terra” – assim como Ícaro. Quando
nos sentimos deuses ou quando nos sentimos o pior dos seres... Quando encontramos
a paz facilmente, ou mesmo quando guerreamos por nada... E quando o sorvete
cai...
Não se vê árvore alguma dando
frutos em demasia; não se vê o sol nascendo ou se pondo em lugares
alternativos; não se vê a criança hipócrita, sorrindo ou chorando por má fé.
Não se vê a andorinha pescando, como homens, a espera do peixe certo; não se vê
o cavalo reivindicando soldo, e sim o homem. Como diz a bíblia Cristã, o pássaro,
ainda tão menos importante que o homem, não precisa cozinhar, fritar ou plantar
sua comida... O equilíbrio do homem seria o trabalho?
O equilíbrio humano existe e é
real. E sentimos isso na morte, na doença, nos males que nos afligem a alma; na
necessidade de buscar respostas internas, externas, na compreensão do Amor
maior, da compaixão humana, no perdão sem sentido, na energia que traspassamos
sem saber; nos abraços eloquentes, nos excessos da personalidade, na frialdade
dos maus, na elevação do homem bom... Na existência do Mestre.
Em tudo.
Nenhum comentário:
Postar um comentário